O número de turistas estrangeiros, crescendo a cada ano, o que é bom para a
economia, mas a proliferação do turismo sexual e a exclusão social crescendo
juntas com a violência, fazendo parte das manchetes do mundo inteiro,
comprometendo assim o resultado dos esforços do governo em promover o
crescimento econômico e o desenvolvimento do turismo no Brasil.
A imagem do Brasil, no exterior, está estereotipada, embora medidas quanto à
propaganda e publicidade, bem como a prostituição infanto-juvenil nos principais
pólos receptivos, estejam sendo tomadas pela Embratur e o Ministério do Turismo,
através de campanhas de conscientização.
O desafio de construir uma marca que seja assumida por todo o país, para superar
o equívoco que nos últimos vinte anos tem sido a imagem do Brasil, ganha vida
com a criação da Marca Brasil que passa a representar além da imagem do turismo,
a de seus principais atributos de exportação. Resultado do Plano Aquarela, o
primeiro na história do país, a nova marca será aplicada em todo o programa de
promoção, divulgação e apoio à comercialização dos produtos, serviços e destinos
turísticos brasileiros, no exterior, (todo o processo de elaboração e escolha da
marca está no site da EMBRATUR).
A proposta da Marca Brasil é intensificar o marketing turístico do Brasil no
exterior e nada representa melhor o país que a curva, a sinuosidade e as cores:
verde (florestas), amarelo (calor, luz, clima), azul (céu e águas), branco
(religião), vermelho e laranja (festas populares), conforme EMBRATUR.
A alegria é o principal valor do brasileiro e este, o maior patrimônio do Brasil
e isto salta aos olhos do turista que motivado a vir pela natureza, vai
encantado pela hospitalidade e depois volta para conhecer outros lugares.
A Embratur pretende fazer do Brasil um destino de turismo ecológico, ressaltando
o valor do seu patrimônio natural composto de praias, parques, florestas, porém
não pode pensar nisso apenas como uma indústria geradora de dólares, e sim, um
fenômeno social que atinge a camada mais pobre da sociedade, pois estes serão os
primeiros a abandonar suas casas, por um preço irrisório para dar lugar aos
hotéis ou resorts que ali serão construídos; estes serão os primeiros a ficarem
desempregados, se não estiverem preparados para as mudanças, ou não forem
conscientizados dela, o que fatalmente fará surgir mais violência, mais
prostituição, até mesmo de crianças, e então voltaremos ao início e nos
perguntaremos porque estrangeiros vêm ao Brasil para a prática do turismo
sexual; ou porquê a violência cresce a cada dia no nosso país, e o alto índice
de desemprego, qual a causa dele?
Quanto ao turismo sexual, alguns periódicos já anunciaram que existe a demanda
porque a oferta é grande, outros, inclusive, mostram anúncios de agentes de
viagens, nacionais e internacionais, oferecendo, inclusas no pacote de viagens,
companhias femininas ou masculinas, cada vez mais jovens.
A mídia valoriza a violência e tudo que acontece de negativo, bem sabemos que o
país não é apenas isto, mas como em todo o mundo, os fatos acontecem e somente
os piores serão lembrados e noticiados.
O turismo vive do imaginário; vende imagens, por esse motivo é tão importante
ter, manter e transmitir uma boa imagem, sobretudo aos desconhecidos. Qual a
imagem do Brasil no exterior?
IMAGEM DO BRASIL NO EXTERIOR
Desde a sua descoberta até o século XIX, predominou uma imagem associada à
grandeza de território, abundância de vida selvagem e sensualidade como dotes
naturais, graças aos relatos que começaram pela carta de Pero Vaz de Caminha e
outros tantos viajantes e colonizadores que por aqui passaram. Já como dotes
adquiridos destaca-se o desenvolvimento da vida urbana, patifaria, malandragem,
jeito brasileiro, indolência, musicalidade e cordialidade, e isto não é apenas
pensamento do estrangeiro, mas uma visão projetada pelos brasileiros.
Apesar dos primeiros documentos terem sido escritos por europeus, a literatura,
arte, cultura e música são passados aos outros países por brasileiros assim como
os grandes problemas sociais: violência, miséria e desigualdade social.
1. Cultura – Literatura e Cinema Brasileiro
Desde o século XIX, a literatura brasileira é marcada pela denúncia à hipocrisia
e desigualdade social, retratando a alta sociedade carioca com todas as suas
belas fantasias de amor. José de Alencar passa da exaltação ao índio, seus
costumes e crenças opostos à imagem do homem branco corrompido pela civilização
nas obras: O Guarani e Iracema, às mulheres, ora, belas e sensuais em Lucíola e
Senhora, ora, submissas e sem valor em O Gaúcho.
Machado de Assis aborda o adultério, na obra Dom Casmurro, e em Quincas Borba, o
casamento visto como forma de favores, as mulheres são sedutoras, fatais e
dominadoras, elas estão presentes em cerca de duzentos contos machadianos,
enquanto Bernardo Guimarães relata as agruras da escravidão em Escrava Isaura,
romance que ficou mundialmente conhecido em forma de novela, embora idealizada
de forma distorcida, já que a escrava heroína é branca e descrita com traços
europeus.
Álvares de Azevedo se expressa através de amores e fortes lampejos de
sensualidade representada pela mulher ideal e distante.
Gonçalves Dias, no entanto, deu um toque brasileiro à poesia romântica, suas
musas parecem se fundir às belas imagens e fragrâncias da natureza. Escreveu a
Canção do Exílio, obra-prima de nossa literatura.
Pode-se afirmar que uma parte importante do romance da década de 30
centralizou-se em torno do universo rural em declínio ou já desaparecido. A
tradução deste processo social deu-se em diversos núcleos temáticos.
A ascensão e queda dos "coronéis": “Bangüê” e “Fogo Morto", de José Lins do
Rego; e “O tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, por exemplo. Os dramas dos
trabalhadores rurais em “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Ambos correspondem a
uma impugnação da realidade fundiária nordestina, opressiva e excludente .
E assim tantos outros que escreveram, sofrimento de ex-escravos ou seus
descendentes, do Nordeste e seu povo.
Jorge Amado, conhecido internacionalmente, relata a opressão do negro, do pobre
e do trabalhador nas zonas cacaueiras e urbanas e a ganância dos coronéis da
Bahia; são obras de forte apelo social: Suor, Capitães de Areia e o País do
Carnaval. Pertencem ao “Ciclo do Cacau”: Terras do Sem Fim e São Jorge dos
Ilhéus. A última fase de sua literatura compõe-se de: Depoimentos Líricos e
Crônicas de Costumes e os temas giram em torno de “rixas e amores” e a
sexualidade da mulher brasileira. Mesmo tendo Ilhéus e problemas políticos como
fundo, “Gabriela, Cravo e Canela” retrata um tema mais “pitoresco e apimentado”.
Ainda, várias obras suas transformaram-se em novela ou filme como “Tieta do
Agreste” e “Dona Flor e seus Dois Maridos”.
Ainda, nos anos 30 Gilberto Freyre, escreve Casa-Grande & Senzala:
O ambiente em que começou a vida brasileira foi de grande intoxicação sexual. O
europeu saltava em terra escorregando em índia nua. Os próprios padres da
Companhia precisavam descer com cuidado, se não atolavam o pé em carne”. Trecho
de Casa-Grande & Senzala.
Sua obra polêmica relata, claramente como eram tratados os escravos, sobretudo,
as mulheres que tinham que se prestar a todo tipo de serviço.
Na literatura brasileira contemporânea vamos encontrar a partir da década de 50,
escritores como João Cabral de Melo Neto com a obra Morte e Vida Severina;
mostra a miséria do nordestino; Ferreira Gullar, João Guimarães Rosa, Clarice
Lispector, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, e o principal assunto abordado
é a tristeza e a solidão de quem deixa a terra natal, para viver nas grandes
cidades, sobretudo os que fogem da seca do Nordeste. Também a vida da classe
média urbana é retratada nas crônicas de Luiz Fernando Veríssimo. Revelando as
contradições amorosas, sexuais, espirituais que se prestam à tragédia humana.
Nelson Rodrigues escreve obras polêmicas, que fazem sucesso também no teatro
como: Vestido de Noiva e Toda Nudez será Castigada
Em 1996, Darcy Ribeiro, escreve em O Povo Brasileiro:
"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios
supliciados. Como descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos
sempre marcados pelo exercício da brutalidade sobre aqueles homens, mulheres e
crianças. Esta é a mais terrível de nossas heranças. Mas nossa crescente
indignação contra esta herança maldita nos dará forças para, amanhã, conter os
possessos e criar aqui, neste país, uma sociedade solidária".
Muitas obras literárias transformaram-se em filme ou telenovela, fazendo com que
estas ficassem conhecidas, não só no Brasil, mas, no mundo, assim como seus
respectivos escritores.
O cinema brasileiro passa por fases diversas desde o início do século, incluindo
documentários e melodramas como “A Cabana do Pai Tomás” e “A Moreninha” e
produções regionais com personagens que lembram jangadeiros, cowboys, coronéis e
cangaceiros, no entanto, nada com qualidade suficiente para concorrer com as
produções estrangeiras.
Durante a Segunda Guerra Mundial, quando Franklin Roosevelt era presidente dos
Estados Unidos entraram em cena alguns personagens que contribuiriam para a
política da boa vizinhança: os brasileiros tinham que ser convencidos de que o
jeito americano de viver era o ideal da democracia e os americanos deveriam crer
que os brasileiros eram inofensivos amantes de samba e das mulatas.
Carmen Miranda foi um ícone do período.
A artista saltou do teatro para o cinema, estreando com “Down Argentine Way”, em
português “A Serenata Tropical”, um fracasso em Buenos Aires. Os estereótipos
mostrados nos filmes produzidos pelo cinema comercial americano, mostravam os
preconceitos em relação à América Latina. Confundir tango com rumba era
deselegante e ao mesmo tempo misturar o decantado clima europeu de Buenos Aires
com noches calientes de Havana ou do Rio de Janeiro era desconsideração até
mesmo com a geografia.
No Brasil, Carmen Miranda era tida como “americanizada”, o povo queria vê-la
representando outros personagens, sem tantos balangandãs e o imenso turbante. A
revista O Cruzeiro publica uma dura crítica sobre a performance de Carmen
Miranda em seu segundo filme, rejeitar “a pequena notável” como era chamada era
uma forma de rejeitar também a imagem do Brasil que “dava certo lá fora”.
Outro ícone da cultura brasileira, responsável pela imagem do Brasil, lá fora é
Zé Carioca, uma criação da empresa de entretenimento Walt Disney, que mostra o
carioca como malandro, que com pouco trabalho, muita música e dança, faz
trapaças e leva vantagens sobre as pessoas. Nas histórias do personagem, ele
prefere passar horas elaborando algum plano ou se dar bem e passar a perna nos
outros sem nenhum esforço. Divulga uma imagem simplista de que todo carioca é
malandro e não gosta de trabalhar.
O personagem brasileiro é um papagaio verde, falastrão, simpático e malandro,
vestido com fraque, guarda-chuva e chapéu de palha inspirado num tipo popular do
Rio de Janeiro na década de 40 – “o Dr. Jacarandá”. A música “Aquarela do
Brasil” se consagra nesta época.
Nos anos 60, “O Pagador de Promessas”, é a primeira indicação ao Oscar como
filme estrangeiro, e ganha a Palma de Ouro de Cannes, mostra, no entanto, um
retrato do Brasil de pobreza e ignorância de seu povo.
Na década de 80, o cinema acumula alguns prêmios em festivais, porém, de 1976 a
1987, a maior bilheteria é a de “Os Trapalhões”. Uma fase difícil que se inicia
com a extinção da Embrafilme, empresa criada pelo governo em 1969 para financiar
o cinema nacional, só melhora em 1995, quando o Brasil faz co-produções com
Portugal e Estados Unidos e o governo cria uma lei de incentivo cultural. Surgem
“Carlota Joaquina” “Central do Brasil” e “Cidade de Deus”, filmes que retratam a
pobreza do nordeste e a violência nas favelas cariocas.
.
Como se vê, nestes exemplos, uma imagem é formada, envolvendo a assimilação de
informações verdadeiras ou não, sobretudo por quem não conhece o país.
No entanto, uma produção americana, em 1999 demonstra claramente esta imagem,
com título original “Woman on Top” e em português “Sabor da Paixão”,
classificado como comédia romântica, este filme conta a história de Isabella
(Penélope Cruz) e Toninho (Murilo Benício), um casal apaixonado, dono de um
restaurante na Bahia.
Ela é quem possui os dotes culinários, porém, ele, como bom galanteador que é,
colhe os méritos. Quando descobre a traição do marido, Isabella, muda-se para
São Francisco e decide dar um novo rumo à sua carreira. A cumplicidade entre
alimentos e sentimentos é visível, pois, Isabella, apresenta um programa de
culinária na televisão americana, com um toque de ingênua sensualidade e não
ensina apenas as receitas típicas brasileiras, mas a essência de cada
ingrediente com todo sentimento que dele transpira.
Entre os estereótipos reforçados pelo cinema existe aquele que o Brasil é um
“local de fuga”. Foge-se para o Rio de Janeiro, capital que tem a imagem de
abrigo da contravenção internacional, que é a representação urbana do Brasil
com: a mulata, o sambista, a mãe de santo e o malandro, permeados de problemas
sociais como drogas, prostituição, violência, a polícia e delinqüência infantil,
.
A cidade do Rio de Janeiro, além disto, foi cenário de grande parte das obras
citadas, assim como a região Nordeste e o estado da Bahia e é também cenário do
maior espetáculo do Brasil, tido como o maior atrativo para muitos estrangeiros:
“O Carnaval”.
2. Carnaval, futebol e samba
“O Carnaval: quatro dias loucos, os quais deveriam ser evitados pelo turista.
Durante esses quatro dias não existe mais nada no Rio de Janeiro. Os hotéis
mesmo que tenham sido reservados com antecedência de um ano, não se preocupam em
afirmar, com desprezo que não possuem mais o lugar reservado. As tarifas não
valem mais. A coreografia é perfeita. Porém, é muito cansativo e são muitos os
riscos. É como ir para a guerra. Acontece de tudo, cada ano tem centena de
mortos, milhares de casos de violência, furtos, facadas, intoxicações derivantes
do álcool. Os hospitais lotam, a polícia quase sempre presente, desaparece”
O carnaval também é associado à liberação sexual, nestes dias se esquece todos
os demais problemas existentes no país, são quatro dias de total loucura, para o
estrangeiro: 96 horas de total frenesi.
A cobertura dada pela imprensa falada e escrita a este evento revelam um Brasil
exótico e erótico, já que se preocupa em mostrar a sensualidade e a luxúria para
obter maior audiência, assim como fazem jornais e revistas com fotos e
reportagens à respeito do Carnaval. Assim a sensualidade, a música, a dança e os
mais íntimos desejos se realizam durante o carnaval e no Brasil, sobretudo na
cidade do Rio de Janeiro, maior cartão postal do país, a imagem de um paraíso
onde tudo é permitido é a que se sobressai.
Mas, a despeito disto, o Carnaval é uma festa onde pode se aprender muito, para
muitos participantes das escolas de samba é uma indústria onde se trabalha o ano
todo para em fevereiro ver sua escola desfilar e mostrar o trabalho de milhares
de brasileiros, verdadeiros artistas na confecção de fantasias e carros
alegóricos, sem citar o samba-enredo e todas as alas ou grupos que compõem a
apresentação. É um verdadeiro espetáculo de cores e brilho passando pela avenida
chamada de “Sambódromo”.
No Rio de Janeiro acontece na Avenida Marquês de Sapucaí e em São Paulo, na
Avenida Olavo Fontoura, no Anhembi. Em outras cidades menores, existe o carnaval
de rua, em todo o Brasil. Na Bahia, na cidade de Salvador, em Recife e Olinda,
no Pernambuco existem os trios elétricos, que são caminhões adaptados com som
que desfilam pela avenida, levando o povo que nestes dias são chamados de
foliões.
Outro espetáculo, mostrado por todas as escolas de samba, no Rio de Janeiro e em
São Paulo é a tradicional Ala das Baianas e o carro principal da escola que traz
seu nome, o Abre-Alas, entre outros grupos, são expressão da alma brasileira,
mostrando criatividade, inventividade e trabalho coletivo, para a realização
desta festa tão grande que é o Carnaval.
Quanto ao futebol, ainda é o melhor do mundo, segundo alguns comentaristas
esportivos nacionais ou estrangeiros, porém, tem sido uma fonte de
enriquecimento injusta, já que supervaloriza o atleta, pagando um preço muito
alto por seu passe, sobretudo quando este vai jogar no exterior, o que sugere
uma inversão de valores, pois muito deles não tem formação escolar para
expressar-se numa entrevista, por exemplo. Além disso, existem inúmeros
campeonatos durante o ano, o que tem permitido a corrupção e certos
constrangimentos também neste setor, e com certeza, fatos como estes ficam
conhecidos, internacionalmente. Apesar de termos “Pelé”, o maior jogador de
todos os tempos, a situação do futebol no Brasil, atualmente, não permite que o
país mereça ser chamado de Terra do Futebol.
“O futebol no Brasil não é um esporte. É o jogo da bola, da malícia e do drible.
É o jogo que reflete a própria nacionalidade de uma terra dominada pela paixão
da bola. No espaço do jogo, o futebol brasileiro é capaz de esquecer o próprio
objetivo do gol, convicto de que a virtude sem alegria é uma contradição.
Ganhemos a copa ou não, somos os campeões da paixão despertada pela bola!”.
(trecho extraído do livro “O Brasil, o País do Futebol”de Betty Milan.)
Carnaval e o futebol são motivos de alegria, torcer pela escola de samba
favorita ou pelo time preferido são rotinas na vida de um povo que convive com
violência, pobreza, desigualdade social e corrupção, temas tratados nas
reportagens de turismo em todo o mundo e também no Brasil.
3. Outros Estereótipos, Desigualdade Social, Violência
e Corrupção
John Swarbrooke observa que nos guias de turismo encontram-se informações a
respeito da violência no Brasil e que isso acaba gerando uma imagem negativa do
país O Rio, de Janeiro, hoje é uma cidade violenta, os guias alertam para que os
turistas evitem a cidade e para o fato de que o país não preserva seu
patrimônio.
Em reportagens a respeito do Carnaval, jornalistas incluem uma espécie de guia
para o turista que queira enfrentar os quatro dias de folia, dando conselhos a
serem seguidos; explica o que é o sambódromo; melhores dias e horários para ver
os desfiles; preços; aconselha que o turista saia às noites, sem documentos,
jóias ou valores.
Em um outro exemplo de dicas para o turista que viaja para a Amazônia, é
proposto um guia com informações, do qual faz parte um pequeno dicionário onde
explicam o que é rede de dormir, pororoca, caboclos, garimpo, borracha e oferece
conselhos como: não confiar demais nos serviços turísticos da região; levar
consigo uma rede de dormir e uma tela para mosquitos; levar soro antiofídico,
calçar sapatos de cano alto e impermeáveis; vacinar-se contra malária e febre
amarela, entre outros.
O brasileiro é visto como espertalhão e o comércio é uma organização que visa
capturar o turista a qualquer custo, todos estes discursos são pertinentes à
realidade brasileira embora inibam o número de turistas. Reportagens na
televisão mostram turistas sendo roubados e espancados ou ainda sendo enganados
na hora de comprar uma simples cerveja ou um souvenir.
Poucas são as cidades conhecidas no exterior, entre elas: São Paulo, grande
metrópole, Rio de Janeiro, sensual e maravilhosa, a Praia de Copacabana é o
lugar onde se joga o melhor futebol do mundo, porém onde se encontram inúmeras
favelas e um grau de violência elevada, a Bahia, mística e religiosa,
especialmente Salvador, conhecida pelos orixás, deuses da água e do fogo e a
Amazônia com seus mitos, grandiosidade e descrições bizarras como:
“...árvores que caminham, plantas e animais monstruosos e sobrenaturais....
Pássaros que podem levar à loucura, vampiros que adormentam suas vítimas com o
bater das asas.....Olhos vivos plantados na terra úmida geram plantas como o
guaraná. Virgens soterradas, das tribos indígenas, concebem sem parir...”
O Brasil é por assim dizer uma terra de contrastes, como declara o jornalista à
revista italiana Tutto Turismo no seguinte trecho:
“Terra de contrastes, maravilhosa e desesperada, destruidora, passional. É
preciso viver e entender o Brasil antes, para depois amá-lo. Nele se encontra de
tudo e o contrário de tudo. É selvagem como sua floresta amazônica e fascinante
como suas mulatas, tremendamente pobre, embora imensamente rico, pagão nos ritos
do candomblé, embora rigorosamente religioso. É o país das duas almas, de dois
mundos que quase se tocam, mas que se encontram somente uma vez, quando começa o
carnaval. E então é felicidade”.
Mas são apenas quatro dias de felicidade, e o restante do ano? Desigualdade e
exclusão social, provenientes da falta de oportunidades, empregos, uma boa
educação gratuita e maior preocupação dos governantes com investimentos no que
diz respeito ao social e aos menos favorecidos, mais trabalho, menos corrupção,
em todos os setores é necessário para que o povo brasileiro também trabalhe em
prol da melhoria do país e conseqüentemente de sua imagem.
“O Brasil não é um país pobre, mas tem um número excessivo de pobres. É que
apesar do seu alto grau de desenvolvimento, que o coloca entre as onze maiores
economias do mundo, e a renda per capita de sua população, superior a de 75% da
humanidade, 53 milhões de brasileiros vivem na pobreza. Pior: desse enorme
contingente, 22 milhões encontram-se em condição de miséria”.
O fato é que essa desigualdade social gera, além de violência, outros problemas
sociais: prostituição infanto-juvenil e turismo sexual, considerados crimes.
Pesquisas realizadas no Nordeste mostram que a cada ano que passa, aumenta a
prática de menores, que em 1994 era de 41% de garotas menores de 18 anos, em
2003, 49% começam antes de completarem 15 anos.
Os professores de Turismo Bayard Boiteaux e Maurício Werner da UniverCidade como
apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro e da RioTur coordenaram uma pesquisa sobre
o Impacto do Turismo Sexual na cidade e obtiveram os seguintes números: Foram
entrevistados 140 turistas estrangeiros que buscavam a prática na orla marítima
e 20 garotos de programa, além de 20 garotas de programa.
Dos 140 turistas, 85% são do sexo masculino e 15% do sexo feminino; 40% tinham
entre 40 e 50 anos e 60%, apenas o ensino médio. Os turistas eram alemães,
suíços, portugueses e italianos em sua maioria, 70% deles viajavam por conta
própria e 50% hospedaram-se em hotéis. Apenas 30% confirmaram a prática do
turismo sexual.
Os garotos que se prostituem são em sua maioria da cidade do Rio de Janeiro,
entre 23 e 29 anos, trabalham por conta e têm um ganho médio de R$ 60,00 a R$
80,00 por programa, enquanto as garotas, em sua maioria têm de 18 a 22 anos, são
do interior do Rio de Janeiro, 80% trabalham por conta de agências e recebem em
média R$ 50,00 a R$ 80,00 por programa.
Sem dúvida uma situação constrangedora para um país como o Brasil com tanta
riqueza natural e cultural para ser explorada.
O fato é que atualmente o país está literalmente atolado em denúncias de
corrupção; representantes do povo, que sequer deveriam ter seus nomes sob
suspeitas, estão sendo investigados, tendo suas vidas expostas em escândalos nas
revistas, periódicos nacionais e por certo, internacionais.
Em entrevista à Revista Veja, Peter Eigen, advogado alemão que preside a
principal organização não governamental de combate à corrupção do mundo,
responde, quando questionado sobre a máfia que fraudava jogos de futebol:
“Os brasileiros estão habituados com o melhor futebol do mundo. Ele é razão de
orgulho nacional. É perfeitamente natural querer preservá-lo. Em contrapartida,
a expectativa a respeito da conduta dos políticos é muito baixa e não haveria
nada a preservar. Seria prudente, não se iludir, porém. Cada político corrupto
significa um gol contra. Se os políticos brasileiros contribuírem para resolver
a atual crise de corrupção de forma digna, vão inscrever seus nomes na história.
Os efeitos disso serão muito mais benéficos que a conquista de uma Copa do
Mundo”.
A imagem do Brasil se resume a estereótipos criados em função da falta de uma
política estratégica para o turismo e problemas sociais que existem.
As mudanças, devem partir da nação, não devem ser representadas por algumas
campanhas publicitárias, filmes, anúncios em revistas e shows de samba no
exterior. A solução é uma política de valorização da cultura, minimização dos
problemas sociais e a criação de uma infra-estrutura capilar para receber o
turista .
Torna-se evidente que devemos melhorar a imagem do país, esta é uma obrigação de
todos brasileiros, pois o Brasil não é formado apenas por seus governantes.
Muitas vezes repetimos que o Brasil não é só Carnaval, mas o que tem sido feito
para provar isso?
A escritora Lya Luft, em seu artigo “Ponto de Vista”, sob o título Índios em
Paris, escreve :
“No exterior, sempre a velha surpresa: como se sabe pouco sobre nós. Como nos
exportamos mal... De nós sabem e querem o chamado exótico. Um livro de uma
brasileira, que não fale de Carnaval, favela, floresta e bichos, parece um corpo
estranho. ‘Escritora brasileira?’, disseram-me certa vez. ‘Mas no Brasil existem
editoras?’.... Em Paris, num belo palácio, há uma exposição sobre índios e
alguns foram levados para lá; os europeus se deliciam com o estranho, o
aventuresco, o que pensam ser ‘o brasileiro’. Nossa literatura urbana quase não
se contempla, nossa realidade industrial, cultural, universitária, sociológica,
aparentemente pouco interessa,. Devemos nos envergonhar disso. Culpa nossa que
exportamos demais caipirinha, mulatas, favela e futebol; tudo ótimo, desde que
isso não seja tudo”.
A Embratur tem trabalhado pela melhoria da imagem do país no exterior, a criação
da marca Brasil entre outras decisões são motivos de alegria para o turismo
brasileiro, explorar o patrimônio natural com sustentabilidade, o rico folclore
e o patrimônio cultural são ações de grande importância para atrair mais
turistas ao Brasil.
CONCLUSÃO
“Devemos manter nossa casa arrumada, não somente nossa moradia, mas, também
nosso bairro, nossa cidade, nosso estado e nosso país... Temos visitantes ávidos
por nos conhecer, conhecer nossa cultura, pessoas, cores e belezas: os turistas,
que vão aqui deixar um pouco de conhecimento e bastante dinheiro, fazendo nossa
economia crescer, gerare empregos e desenvolver o país como um todo”.
Isto é o pouco que cada um de nós podemos fazer para melhorar a imagem do nosso
país, há muito que fazer; investir na educação, não apenas ensinando um novo
idioma, mas, noções de cidadania, civismo e apreço ao meio ambiente e desde já
salientar o valor do turismo, do bom atendimento e o valor de ser um bom
profissional, porque o Brasil está carente disto.
Em pesquisa realizada no Aeroporto Internacional de São Paulo – Guarulhos,
durante o mês de Outubro de 2005, mais de 50% (cinqüenta por cento) dos turistas
entrevistados acham deficiente a Sinalização Turística, seguida de 33% (trinta e
três por cento) do item Segurança Pública.
Quando divulgamos um atrativo turístico, é necessário que o ambiente no qual
este se encontra esteja preparado em relação aos serviços de apoio. É preciso,
que haja uma boa infra-estrutura turística; este item foi elogiado por apenas 4%
(quatro por cento) dos turistas estrangeiros entrevistados.
Pudemos concluir, com este trabalho, que apesar do Brasil ser tão rico, o
próprio brasileiro não tem acesso ou conhecimento dessa riqueza e diversidade,
por falta de interesses, oportunidades ou até mesmo condições financeiras; já
que acabar com a desigualdade social, a corrupção e a violência, é motivo citado
por muitos brasileiros, quando questionados a respeito do que deve ser feito
para melhorar o país e sua imagem.
O produto Brasil é mal explorado, carente de estruturas e características que o
tornem competitivo no mercado turístico, mas também, possui uma civilização e
uma história, ainda que não se compare à França ou Espanha. Limitar a promoção
turística a somente um ou dois aspectos de nossa realidade cultural significa
limitar segmentos de mercado que poderiam atrair outros aspectos da oferta
turística nacional.
Não há razão para não se promover no país também o folclore, as festas típicas,
as danças populares, artesanato típico, etc...
A Embratur tem trabalhado nesse sentido nos últimos anos, porém uma política de
melhoria da qualidade de vida da população, diminuição da violência, valorização
do patrimônio histórico cultural além de ações de marketing público se fazem
necessário para que um dia a imagem do Brasil mude para melhor.
Referências Bibliográficas
BARBOSA,Ycarim Melgaço. O Despertar do Turismo. São Paulo: Aleph, 2001.
BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: Senac, 2002..
BIGNAMI, Rosana. A imagem do Brasil no Turismo: Construção, Desafios e Vantagem
Competitiva. São Paulo: Aleph, 2002.
DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo.São
Paulo: Futura, 1998.
KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do Turismo: Para uma nova compreensão do lazer e
das viagen. São Paulo: Aleph, 2001.
SWARBROOKE, John. Turismo Sustentável. São Paulo: Aleph, 2000.
O escritor e jornalista brasileiro Marcelo Tsitsa nasceu em 1979, na cidade do Rio de Janeiro. Antes de dedicar-se inteiramente à literatura, trabalhou como diretor de teatro, compositor jornalista. agora como terapeuta sensual se dedica a orienta seus leitores viver mais feliz. Aqui voce encontrará as mais recentes pesquisas detalhadas e pergunta e respostas sobre relacionamentos casais sua entimidades tudo sobre amor duvidas sexo saude manter amor e vida saudadevel todos quias para orientar.
Tradutor
05 novembro, 2011
O que acontece com o corpo na hora do sexo
O sexo faz um rebuliço com a imensa cadeia de processos físicos e
químicos do nosso organismo. Depois da excitação, há um aumento da
liberação de hormônios sexuais (estrógeno, na mulher, e testosterona, no
homem) e de adrenalina, que preparam o indivíduo para o ato sexual.
O efeito dessa elevação química é imediato: a circulação sangüínea
aumenta, o coração dispara, os pêlos eriçam, a pele enrubesce e a região
genital, com uma grande concentração de sangue, se dilata.
Na mulher ocorre o inchaço vaginal e, no homem, a ereção. A respiração
fica ofegante. Ao mesmo tempo em que a excitação cresce, outra
substância entra em ação. É a endorfina, responsável pela sensação de
prazer e satisfação. Nesse momento, a adrenalina está mais baixa e o
organismo fica completamente inebriado pela endorfina.
O nível máximo de liberação dessa última substância corresponde ao
orgasmo. É o momento no qual todas as células nervosas do cérebro
descarregam seu conteúdo elétrico, promovendo o relaxamento físico
total. Na mulher, durante esse clímax também é liberado outro hormônio,
chamado ocitocina, responsável pela contração do útero.
Assinar:
Postagens (Atom)