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01 maio, 2011

Brasil, terra do sexo fácil e barato. Até quando?




Na periferia
A casa de Regiane e Sandra, as garotas que dias atrás esperavam holandeses no aeroporto, fica em Pajuçara, um município miserável a 40 quilômetros de Fortaleza. Elas dividem, além das calçadas, a moradia de apenas três cômodos, que ainda abriga os filhos de Regiane, de 5 e 3 anos -eles ficam sob os cuidados uma senhora, que recebe R$ 200 mensais. Bichos de pelúcia e bonecas estão cuidadosamente ar-rumados no móvel da TV.


Sandra chegou com a luz do dia, dormiu algumas horas na cama de casal, que também divide com Regiane. Acordou há pouco e está irritada com o cabelo, todo rebelde. Como não tem tempo de fazer uma escova, tenta domar os fios com muito creme.


Disputando espaço no único espelho da casa, Regiane faz um caprichado rabo-de-cavalo. Depois, borrifa um perfume, de fragrância enjoativa, pelo corpo. 'Veio de Amsterdã.' Regiane conheceu Peter, o holandês, na orla da cidade, no ano passado. O combinado entre eles era um programa de uma noite, mas se estendeu durante a temporada dele. Esse tipo de arranjo é comum entre turistas e garotas. Um homem só, algum dinheiro e muitos presentes. No caso de Regiane, incluiu também uma viagem para Amsterdã.


Na mala que levou quase vazia, ela trouxe um casaco de neve, hoje encostado no fundo do armário, um aparelho de MP3, que é a alegria da casa, e meia dúzia de calças jeans bem justas que, mal aterrissaram, foram reformadas para marcar suas formas generosas. 'Ganhei de presente dele.'
Sandra está pronta, cabelo domado, rosto maquiado, blusinha e salto al-to 'sempre'. Regiane usa jeans e uma camiseta bem decotada e curta. As duas colocam nos bolsos a carteira de identidade, o batom e só. Vão à luta sem dinheiro nenhum, com a esperança de pendurar a corrida com um taxista conhecido -um elo forte nessa corrente difícil de romper do turismo sexual.

A menina só vende balas, mas aceita se sentar à mesa com um grupo de homens, já se familiarizando com esse contato que não tem nada de inocente
A mão na perna da garota é um dos sinais do acerto do programa
Na praia
Vendedores e tatuadores de henna ajudam a incrementar o turismo sexual. Na praia do Futuro, um tatuador também é facilitador de encontros. Ele cobra R$ 10 por um desenho de henna. Mas, pelo dobro do valor, apresenta à repórter e ao fotógrafo de Marie Claire, que se fazem passar por um casal em busca de um ménage-à-trois, três meninas menores de idade. Por motivos óbvios, a negociação foi interrompida antes de acertarmos o preço do programa com as meninas.

Na beira da praia, turistas se excitam com as meninas, que, sem qualquer inibição, buscam clientes
Perto dali, outras meninas novinhas, algumas com menos de 10 anos, oferecem doces e aceitam pequenos carinhos em troca de uma venda. Desde cedo, se familiarizam com o estrangeiro e com a permissividade que esse tipo de turismo traz.


Por volta das 16h, o movimento na praia do Futuro termina. Quem não se arranjou vai fazer uma segunda rodada na Beira-Mar. Às 19h30, Regiane e Sandra estão lá, acompanhadas de dois noruegueses, primeira vez no Brasil.


A conversa deles, mais gestual do que verbal, só é interrompida com a chegada de dois policiais militares. Em uma operação de rotina, querem ver os passaportes e as identidades. Sem documentos, os homens levam uma advertência, mas são liberados. Regiane sai de mãos dadas com um deles. O outro norueguês, irritado com a ação da polícia, vai embora. Sandra continua na área. Espera mais de hora até se ajeitar com um homem claro, jovem, uns 30 anos, vestindo uma camiseta do Brasil com o número 10.

Na praia do Futuro, os programas começam cedo, a partir das 11h.
Menina dança em um bar da
praia de Iracema
Na barraca
A cena é comum nas barracas Satehut e Barra Sol Copacabana, na Beira-Mar: homens tomam cerveja e beliscam petiscos, enquanto se excitam com o vai-e-vem das meninas que, sem qualquer inibição, buscam trabalho. Elas literalmente 'colam' nos homens, fazem gracinhas, pegam na mão. Se não se fazem entender pelos gestos, arriscam: 'Fuck you, fuck you, baby!'.

Sabrina, 18 anos declarados, está na função. Vai atrás de um homem, uns 50 anos, segura o cara pelo braço e, provocando, dá um selinho safado em Leila, sua amiga. Ele entra na história e, sem o menor constrangimento, abaixa o tomara-que-caia de Sabrina e belisca o bico de seus seios. Sem receber um centavo pela brincadeira do italiano, ela diz: 'Já estou acostumada'. Depois sai abraçada a Leila para continuar a 'coleta' -caça aos gringos.

Regiane (foto à esq.o, de azul) divide a casa com Sandra e seus filhos. Depois de rever as fotos de Amsterdã, Regiane arruma a cozinha, e Sandra toma banho. Uma amiga testemunha a produção das meninas.

Garota de programa 'esquenta' o cliente em um bar da praia de Iracema, onde
o agito se concentra
depois das 23h
Na boate
Rafaela mostra ao leão-de-chácara sua carteira de identidade: 18 anos. Seu acesso é liberado de graça -jovens bonitas como ela ajudam a atrair clientela. A casa fica na estreita rua dos Tremembés, na praia de Iracema, onde a noite começa depois das 23h, quando o movimento na Beira-Mar acaba. Na pista de dança apertada, Rafaela se movimenta de maneira sensual. Quando finalmente pára e pede algo no balcão mal-acabado, qualquer um percebe que ela é apenas uma menina. Como tal, demonstra ingenuidade, quando diz à reportagem: 'Uso identidade de uma amiga, engano todo mundo'. De verdade, ela tem 15 anos.

Como só dois policiais fazem a ronda nessa área, é comum ver meninas bem jovens se insinuando para os mais variados tipos de homens. Sem restrições, elas desfilam eroticamente nas calçadas. Muitas, como Rafaela, portam documentos falsos ou emprestados e se beneficiam da conivência de quem deveria barrar sua entrada nas casas noturnas.

Na noite, Sandra demora a encontrar cliente, mas insiste e consegue
se ajeitar com um homem
Nos hotéis
Na tentativa de coibir esse tipo de turismo, alguns hotéis têm dificultado a entrada de acompanhantes eventuais. No Maredomus, um três estrelas da praia de Iracema, e no Luzeiros, o da Beira-Mar, turistas podem ter companhia, desde que paguem ta-xas que variam entre R$ 100 e R$ 200 e sejam discretos -as moças só podem entrar a partir da meia-noite e sair, no máximo, às 5h. Tecnicamente, menores não entram sem comprovar o grau de parentesco que têm com o adulto.
Elas usam gestos para se comunicar com os 'gringos'. Se não funciona, arriscam um 'Fuck you, baby!'
Mas essas medidas parecem não ser obstáculo para os estrangeiros, que também movimentam o mercado imobiliário de Fortaleza, fazendo negócios na cidade. Para driblar a ínfima vigilância dos hotéis, acabam entrando nos flats, onde as portarias costumam ter con-trole ainda mais frouxo. Dos 248 apartamentos do Portal de Iracema, cerca de 70% são ocupados por estran-geiros. Mesma situação acon-tece no Atlântico Residence Service. Dos 95 apartamen-tos, pelo menos 20 foram com-prados por estrangeiros.

No táxi
Zé faz ponto em frente ao hotel Luzeiros, um quatro estrelas da Beira-Mar. Ele demora a abrir o jogo, mas, aos poucos, entrega: 'Sou independente, não ganho dinheiro das meninas. Só que tenho amigas. Às vezes, o gringo pede companhia e falo delas'. No esquema 'uma mão lava a outra', Zé se vale da indicação de suas amigas quando um gringo quer fazer passeios maiores por Fortaleza. 'O turista vem usufruir de coisas boas, e mulher é uma delas. Ele gera emprego, faz a sua parte. As meninas são pobres, não têm o que comer. Qual o problema de elas conhecerem alguém que pague coisas boas?'
Os taxistas também ajudam a movimentar o mercado do turismo sexual
Nesse mercado informal, tem também quem faz um extra. A indicação de um taxista, com direito a levar o cliente até a garota e depois buscá-lo, não sai por menos de R$ 100, mesmo que a corrida seja curta. Esse motorista, que preferiu nem dizer seu primeiro nome, carrega uma agenda com os contatos das garotas. Ele sabe de cor quem é quem e descreve com detalhes suas qualidades físicas.

Essa parceria tem um outro ingrediente. Os taxistas acabam funcionando como 'anjos da guarda' das meninas, garantindo a elas uma certa segurança. 'Sempre combino um horário com um deles', diz Renata, exposta ao lado de um carrinho de bebidas na praia de Iracema. Se em duas horas, tempo médio do programa, ela não aparecer, tem alguém de prontidão para tentar ajudá-la.
Acima, Letícia, de apenas 16 anos, espera seu cliente em um
quarto de motel.
No motel
Coincidência infeliz: o Love, de aparência decadente, fica em frente ao parque público Cidade da Criança. Foi lá que a reportagem conheceu Letícia, de 16 anos, há três na prostituição. Deitada na cama redonda, porta aberta, ela esperava um cliente, com quem vai negociar o preço do programa. Não parecia triste nem feliz. Letícia não tem muito para contar. Deixou a escola na quarta série, o pai morreu e a mãe brigou com ela.

Perto dali, Rosane, supostos 18 anos, aguarda um cliente. Ela vive com os pais e os irmãos. A mãe é dona de casa, o pai bebe. 'Ele sai cedo de casa, diz que vai vender peixe, mas volta bêbado e dorme o dia todo.' Rosane diz que entrou para a prostituição encorajada pela mãe. 'Pedi um dinheiro e ela me mandou ir para a Beira-Mar, falou para eu me virar, descolar algum. Isso tem um ano.'

Usando identidade falsa, muitas crianças freqüentam boates, bares e até motéis
Mesmo menor de idade, ela se ajeitou. Arrumou documento falso e 'nunca' foi barrada em porta de lugar nenhum. Hoje, tem um cliente fixo. Ele é holandês, 'de vez em quando vem pra cá, mas me dá uma mesada de R$ 600'. Com esse dinheiro, ela bem que podia deixar essa vida. 'Não quero. Gosto de gastar dinheiro, não guardo nada. Estou bem assim.'
O elo mais frágil do turismo sexual: a garota de 12 anos que se prostituía porque
tinha fome
No abrigo
A casa é iluminada, tem quintal, jardim e portão de ferro. É lá que Juliana, de 12 anos, mora há quase um ano, com outras cinco crianças e uma mãe social. O nome do lugar e o endereço não podem ser revelados para preservar seus moradores. Uma assistente social diz que agora Juliana está bem, vai à escola, faz curso de artes.

Mas seus olhos se enchem de lágrimas quando começa a contar a história da menina. Filha de pais dependentes de drogas, começou a fazer programas aos 9 anos. 'Tinha fome. Os homens me davam dinheiro', ela diz. Juliana também fumava crack -ninguém sabe se para acompanhar os pais ou para aliviar a dor de viver no abandono. Não dá para dizer que foi sorte, mas, um dia, durante um programa, Juliana foi pega em flagrante por uma tia.


Ela levou o caso à polícia, e Juliana foi afastada do convívio da família. A assistente social diz que sua mãe de vez em quando vai visitá-la. A tia vai mais. O paradeiro do homem que estava com a menina ninguém sabe. Mas o de Juliana, por enquanto, é esse. Longe dos pais e da irmã, ela diz que sente saudade de casa. Talvez ela volte a viver com a família. Talvez não.

Olha aí o Obama e o Sarkozy... desejos sexy


Jesus disse “Mas eu lhes digo: quem olhar para uma mulher e desejar possuí-la já cometeu adultério no seu coração.” (Mt 5.28 )

Bem, não entrarei no polêmico campo da fé. Sou mitóloga e a bíblia, conglomerado de livros que tem suas narrativas erigidas sobre as mitologias de muitos outros povos, não é, em definitivo, para mim, uma fonte de verdades a serem seguidas...


\\\\\\\"Deve ser mesmo pecado...\\\\\\\"

Além de mitóloga, sou tradutora. Pecado, \\\\\\\"pecus\\\\\\\", do latim, significa: pés defeituosos, pés incapazes de empreender uma caminhada.

Por extensão, pecado é tudo aquilo que nos limita e aprisiona num determinado lugar.

Fantasias dão asas à imaginação e, por consequinte, libertam. Quem aprisiona é a culpa. Em minha ótica, portanto, \\\\\\\"pecado\\\\\\\" é sentir culpa. E, como não sinto nenhuma, pecado é uma palavra que não existe em minha vida.

\\\\\\\"...com que interesse uma mulher casada fantasiaria com um homem que não fosse seu marido?\\\\\\\"

Com interesse erótico, claro! Eu poderia dizer que mulher olha para os homens de sua fantasia (sujeitos reais ou imaginários) como olham pra outras mulheres: conferindo, comparando, registrando...

Mas você, que admite ter fantasiado, sabe que não é bem assim: mulher fantasia degustando, acariciando, apalpando... fantasiar é uma fuga. Uma escapulidinha, sim. Mas é rápida, indolor, e voltamos para o parceiro de carne e osso eletrizadas.

-Ah!, dirão as muito culpadas - mas se excitar com um e gozar com outro é pecado!

Já disse que não acredito nisso!

A mulher fantasia com \\\\\\\"o\\\\\\\" homem, não com \\\\\\\"aquele\\\\\\\" homem específico. É o homem, como gênero, que excita a mulher. Quando ele desponta fascinante em nossa imaginação, acorda em nós igualmente a mulher gênero, a fêmea, não a criatura socializada, a esposa zeloza, noiva ou namorada...

Pode-se dizer mesmo que não há, normalmente, interesse real no tal homem da fantasia. Nem a real esperança de que ele corresponda.

É como se a mulher comprometida afetivamente com o marido encontrasse, na fugacidade da fantasia, uma reserva de energias. Grosso modo, a fantasia é uma recarga na bateria cansada da mulher casada. Hehehe...
O homem da fantasia é o objeto. Mas o marido, que ela ama, continua sendo o sujeito. E um sujeito de grandes predicados, que ela jamais trocaria por um objeto. Nesse caso, um objeto fantástico. hehehe...

\\\\\\\"Como poderia contar isso pro marido?\\\\\\\"
E pra que contar pro marido, criatura? Amores terminam por histórias certas contadas para pessoas erradas. Casamento não é lugar para catarses. Nem tolera verdades desenfreadas. Não funciona, por exemplo, como a relação que se estabelece entre o psicólogo e seu analisado.

Mas se a mulher não consegue mesmo segurar a língua dentro da boca, se vive um casamento sem censura, como o meu, basta explicar ao queridíssimo consorte que fantasia de mulher casada funciona tal qual aquela erotização difusa proporcionada pela visão de uma madrinha de bateria, da Flávia Alessandra estampada na Playboy ou da vizinha boazuda desfilando com aquela malha de ginástica pela rua...

Ou seja, não precisa dar grandes explicações, minha querida, porque disso seu marido entende. Homem (casado ou não) também é movido a fantasia.