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11 julho, 2011

MT: 98% das prostutitas não usam camisinha, aponta Ministério da Saúde

MT: 98% das prostutitas não usam camisinha, aponta Ministério da Saúde


Noventa e dois por cento das prostitutas de Mato Grosso admitem que mantiveram relações sexuais sem "camisinhas", enquanto todas, pelo menos por uma vez, confessam que usaram algum tipo de droga, principalmente a maconha e cocaína. Com idades entre 20 e 30 anos, a maioria (80%) atua em bares e lanchonetes. O perfil da prostituta no Estado foi traçado pela Pastoral da Mulher Marginalizada a pedido do Ministério da Saúde.

A coordenadora de campo de projeto, Rosely Maria Rodrigues, diz que o preservativo tem a mesma conotação que o beijo na boca de antigamente. Quando há algum tipo de sentimento na relação, elas dispensam como "forma de amor". A ação, segundo a pesquisadora, não é típica apenas da profissional do sexo, mas das mulheres em geral, que acabam sendo contaminadas por Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) pelos companheiros. Os números apontam que no trabalho, 58,2% asseguram que exigem o uso pelo parceiro e 41,8% afirma que existem exceções. "Elas colocam o sentimento acima da segurança".

M.G.S, 45, foi prostituta por 10 anos e hoje é militante na pastoral. Ela explica que depois de vários trabalhos de abordagem as mulheres já entendem a importância da "camisinha", mas há 19 anos era difícil convencer os clientes. Hoje, o principal problema das profissionais é a droga. Muitas são usuárias e no momento de "fissura", fazem qualquer negócio para conseguir dinheiro para manter o vício.

A pesquisa mostra que todas elas já tiveram contato com algum tipo de droga, legalizada ou não. Entre as que participaram das entrevistas, 64,3% garantiram uso de maconha, 41,2% de cocaína, 38,9% de pasta-base de cocaína, 55,4% de álcool, 34,5% de cigarro e 5,5% de crack.

Os produtos são oferecidos nos locais de prostituição, que podem ser bares, boates, postos de gasolina, rodovias e ruas. Elas preferem fazer os programas em estabelecimentos devido a segurança. Menos de 20% ficam expostas na vias públicas.

M.G.S explica que algumas estratégias tentam minimizar o risco. Elas nunca ficam sozinhas e quando uma sai com o cliente, a outra anota a placa do carro. Os programas geralmente acontecem em motéis, que representam 67% dos atendimentos. Os encontros marcados na casa do contratante e em locais escolhidos por ele têm mais possibilidade de acabar em violência.

A militante nunca foi vítima de violência quando estava na "luta", mas relata que já acompanhou casos em que a profissional foi morta ou estuprada pelo cliente.

Aliciador - As prostitutas começam a trabalhar cedo. Há relatos de profissionais que começaram na infância, aos 10 anos (0,2%). O número chega a 36% quando são somadas as porcentagens entre 10 anos e 17 anos. A maior parte delas iniciou na atividade entre 15 e 19 anos (35%).

A pesquisa também trabalha a figura do aliciador, que nem sempre é clara para a prostituta. Sessenta e seis por cento asseguram ter feito programa convidadas por uma amiga. Rosely explica que às vezes, a "amiga" recebe algum tipo de benefício de pessoas que lucram com os programas para trazerem novas "meninas". Em outras situações, o traficante faz o papel de aliciador das mulheres, que sempre "devem" alguma quantia. Apenas 3,2%, afirmam ter sido contratadas por donos de boates e empresários do setor.

A quantidade de pessoas levadas por integrantes da família impressionou o grupo de pesquisa. Entre as entrevistadas, 9,1% "caíram" na prostituição encaminhas por pais, tios, avós e primos.

O salário - A maior parte das prostitutas ganha entre R$ 30 e R$ 50 (66,3%). O valor é negociado conforme a aparência e também demanda do local onde atuam. Elas atendem no mínimo 3 e no máximo 6 clientes por dia. Ao final do ano, a que atingiu a meta máxima registra 2.160 programas e R$ 108 mil anuais.

Os dados também mostram outra curiosidade, apenas 20,1% aceitam fazer programas com outras mulheres ou em grupo. O restante atende apenas 1 parceiro e do sexo oposto.

Como qualquer comerciante, elas gostam de ficar no mesmo ponto para cativar a freguesia (69,6%). Elas ficam em média 5 anos na profissão (71%).

História de vida - M.G.S, 45, trabalhou nas ruas por 10 anos. Ela é mãe de 4 filhos e trabalhava como professora do ensino fundamental. A mulher conta que tinha um contrato na escola e foi demitida. Na mesma época o marido morreu e, sem condições de criar os filhos, foi com uma amiga fazer programa em um posto de gasolina.

A família dela é estruturada, religiosa e não sabia de nada. M.G.S relata que dizia aos parentes que trabalhava em restaurantes e lanchonetes. Quando descobriram a verdade não aceitaram a situação, mas como não tinha outra fonte de renda continuou.

No local de trabalho conheceu outras pessoas na mesma situação e assegura que a maior motivação das colegas de trabalho era sustentar a família. Grande parte delas era solteira e precisava "faturar" para bancar as despesas da casa.

Durante o tempo que atuava na noite teve acesso a vários tipos de droga, mas nunca experimentou. "Sempre tive a cabeça no lugar".

Hoje ela se casou com o 1º cliente e atua no ramo como militante. Ela tem papel importante na Pastoral da Mulher Marginalizada. Ajuda nas abordagens e também tenta levar cidadania para as mulheres que ainda estão na rua.

Objetivo - A pesquisa se propõe a traçar políticas públicas, principalmente de saúde para atender as mulheres. Os dados são parciais e parte dos números precisa ser copilado.

Cerca de 70% das prostitutas fazem os exames ginecológicos de rotina, mas têm dificuldade no acesso ao atendimento. O número mostra a grande preocupação com a saúde. M.G.S explica que muitas desistem do tratamento na metade devido a demora do serviço, principalmente dos exames.

A pastoral tinha um médico à disposição para atender as profissionais, mas ele era cedido pelo governo à entidade e foi retirado. Agora a administração luta para conseguir outro.

Cidadania - A falta de condições de comprovar renda tira de muitas profissionais o acesso a programas de habitação, bem como créditos. Rosely explica que apenas 20% possuem casa própria e as demais vivem em imóveis alugados ou doados. Como não têm documentação, não podem concorrer a nenhum benefício do governo para aquisição, mesmo tendo condições de pagar. "Elas também pagam impostos e têm direitos".