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23 novembro, 2018

Pesquisa investiga os motivos por que homens e mulheres são infiéis




Veja depoimentos de quem já pulou a cerca e os motivos que os levaram a fazer isso

A pergunta será feita em algum momento por quem se descobre traído por aquele que ama. Por quê? O que faltou?
Essa também é a pergunta feita já no título do novo livro da antropóloga Mirian Goldenberg: Por que Homens e Mulheres Traem?. Em busca de respostas, Mirian realizou uma pesquisa com 1.279 homens e mulheres das camadas médias cariocas, de nível universitário e idades entre 18 e 50 anos. A primeira constatação é que, ao menos no discurso, a traição é uma prática frequente: dos entrevistados, 60% dos homens e 47% das mulheres admitiram já ter traído alguma vez na vida.
Mas segue a pergunta: por quê? Com a experiência de quem se dedica há duas décadas a comprender temas como sexualidade e novas conjugalidades na cultura brasileira, a professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro consegue desconstruir o lugar-comum e iluminar um tema tão antigo quanto palpitante. Estão lá, claro, as desculpas clássicas, como a velha máxima da "natureza masculina". Mas a pesquisadora vai além da figura do homem que se julga poligâmico por natureza (embora ele exista, como mostra o estudo) e detalha outras razões que levam à infidelidade, sinalizando mudanças de costumes: mulheres alegando falta de intimidade com o marido e o desejo de se sentirem desejadas, e homens justificando a infidelidade por conta de crise no casamento, ou sofrendo por serem traídos.
— Há muita coisa nova que mostra que a igualdade entre os gêneros é muito maior hoje do que há 30 anos. A própria desculpa da "natureza masculina" já não pega tanto: há fatores sociais que explicam a traição, não biológicos. As mulheres mudaram muito e já não entram nessa, embora sigam usando as desculpas delas, de que a culpa é do marido. Mas os homens, daqui a pouco, vão dizer: "Se não estou te satisfazendo, vamos nos separar". Quem trai tem que lidar com aquele que escolheu para viver.
Uma missão mais difícil hoje: em tempos de maior liberdade de escolha, diz Mirian, a descoberta de uma traição tem ainda mais poder para destruir o casamento. Confira nas páginas a seguir a entrevista com Mirian Goldenberg e os depoimentos de homens e mulheres contando por que traíram.

Por que eles traem
Entre as justificativas mais comuns dos 444 homens entrevistados, estão variantes para "natureza masculina" (genética, vocação, "sou fiel a mim mesmo"...), questões circunstanciais (oportunidade, Carnaval, "Não dizer não a uma cantada"), meas-culpas (burrice, imaturidade, vaidade, fraqueza), necessidade de (se) comparar ("Para descobrir se era melhor que minha esposa", "Competição com os Amigos") e ainda crise pessoal ou no casamento.
Por que elas traem
Das razões mais apontadas pelas 835 entrevistadas (quase o dobro dos homens), variações de uma mesma nota: insatisfação com o parceiro, carência e desejo de se sentir desejada e especial. A parte da lista iniciada por "falta de" tem 25 variantes, de intimidade a romance.
A "outra" e única
Não só a esposa, a outra também exige fidelidade. Na pesquisa, todas afirmam que seus amantes não têm mais relações sexuais com a mulher. Na cama e no desejo do parceiro casado, elas se sentem as únicas, o que serve também para justificar a situação.
Não há o "outro"
Muito se fala da outra, mas pouco ou nada do "outro". Mirian Goldenberg explica: não existe a figura do outro na nossa cultura, apenas do homem que faz outro de corno.
— Ele é o poderoso, o que vai dizer com orgulho "Estou transando com a mulher do fulano". E está com várias outras, sem esperar um telefonema dela, passivo, no sábado à noite.
Poligâmicos X monogâmicos
Na pesquisa, despontaram dois grupos de homens: os poligâmicos, que criticam a hipocrisia da sociedade por tentar regular a natureza masculina, e os monogâmicos, para quem a fidelidade é uma necessidade amorosa. Mas alguns ditos monogâmicos são infiéis. O que muda é a desculpa, observa Mirian:
— O poligâmico diz que não pode trair sua natureza, e o monogâmico alega crise pessoal ou do casamento. A diferença é que o poligâmico trai mesmo amando e desejando a esposa, e o monogâmico, não.
ENTREVISTAEm entrevista por telefone, desde o Rio, Mirian Goldenberg comenta a pesquisa que apresenta no livro Por que Homens e Mulheres Traem:
Donna - Os números da sua pesquisa impressionam: 60% dos homens e 47% das mulheres dizem já ter traído. Isso lhe surpreendeu?Mirian Goldenberg - Não. Primeiro, porque estou trabalhando com o discurso sobre traição: não sei se efetivamente 60% dos homens e 47% das mulheres já traíram. Isso é o que eles dizem. Segundo, homens parecem trair mais não só numericamente, mas mais frequentemente. A pergunta feita é "Você já traiu alguma vez na vida?" e não "Você está traindo agora?". Homens traem mais e com mais mulheres ao longo da vida. As mulheres já traíram alguma vez, não quer dizer que tanto ou com tantos homens. Só que o significado da traição é diferente para homens e mulheres: elas podem se sentir traindo apenas por ter dado um beijo. Traem por sentir alguma falta, não necessariamente de sexo.
Donna - Na lista das razões mais comuns por que as entrevistadas traem, chama a atenção que grande parte começa com "falta de...".
Mirian - A falta delas é de um tipo de comunicação, de atenção, de intimidade, de que precisa para se sentir em uma relação de verdade. Não é uma falta sexual. Por um lado, é essa falta de intimidade, e por outro, de se sentirem romanticamente - não apenas sexualmente - desejadas. Poderia ser pelo marido, que não faz mais isso. Com a desculpa do casamento, as pessoas fazem coisas horríveis com o outro, não só vestir a pior roupa, como ficar com a pior cara e tratar do pior jeito. Muita gente trai por isso: para ser o seu melhor, o mais sedutor, charmoso e bonito que não consegue ser com a esposa e o marido.

Pesquisa diz que homens traem pelo "efeito novidade" e mulheres, por vingança


 A maior parte dos homens trai porque adora uma novidade.






No caso das mulheres, o principal incentivo para a infidelidade é o desejo de se vingar.




conclusão é de uma pesquisa feita pelo psicólogo Thiago de Almeida, da USP (Universidade de São Paulo), com 900 pessoas (355 homens e 544 mulheres). 


Os entrevistados, de idades, classes sociais e orientações sexuais variadas, eram todos pacientes do Instituto de Psicologia da USP e do consultório de Almeida, atendidos ao longo de 24 meses, e tinham buscado ajuda justamente pela aflição de terem sido trocados por outro. A amostra contou com solteiros, casados, viúvos, separados, e amigados (que moravam, ou não, com os parceiros).

Para felicidade dos homens, 90% das mulheres ouvidas são (ou se dizem) fiéis. Já entre eles (e para desespero delas), o percentual de fidelidade é bem menor: 60%.

Para o pesquisador, o resultado traz uma mensagem otimista: "Há mais fiéis do que infiéis, o que contraria a crença de muita gente e o que a própria ciência prediz para o ser humano", diz, referindo-se a teorias evolucionistas sobre a inclinação natural do homem para a poligamia.

Outra boa notícia, para o psicólogo, é que nem todas as pessoas traídas pagam com a mesma moeda. "Em alguns casos, até por saber o quanto dói ser traído, a pessoa decide que não quer transferir a sofrimento para o outro", analisa. 

Crédito

Justificativas para a escapada

Em estudo anterior, Almeida já havia pesquisado a relação entre ciúme e infidelidade. Dessa vez, ele decidiu avaliar as justificativas de homens e mulheres para a "pulada de cerca".

O "efeito novidade" foi a resposta de 35% dos homens e a segunda mais citada pelas mulheres. Segundo o pesquisador, é o que os cientistas chamam de "efeito Coolidge", em alusão ao ex-presidente americano Calvin Coolidge (1872-1933). Dizem que ele e a mulher, certa vez, visitaram uma fazenda separadamente. Ao saber que um boi copulava 17 vezes ao dia, a primeira-dama se impressionou. "Digam isso ao presidente", teria pedido ela aos assessores. Ao ser informado, Coolidge também ficou curioso e descobriu que as cópulas eram sempre com vacas diferentes. Então o presidente teria replicado: "Contem isso para minha mulher".

'Trair por trair'

Além de buscar o novo ou se vingar, o caráter lúdico da sedução também é um argumento freqüente entre os infiéis: 19,6% dos homens e 11,3% das mulheres. "São pessoas que traem apenas por trair; gostam do que fazem e não pensam no bem-estar do outro", descreve o psicólogo.

A carência física ou emocional também contou para 7,7% deles e 15,5% delas. Outra justificativa apontada para a infidelidade, que em parte se parece com a retaliação, é o que o pesquisador classifica como desespero. "São pessoas frágeis ou inseguras que ficam desapontadas por algum problema ocorrido entre o casal e acabam traindo, mas depois se arrependem desse descontrole emocional", explica.

Alguns entrevistados de ambos os sexos relataram, ainda, que a traição é uma forma de sentirem-se revitalizados na meia-idade: 4,5% das mulheres e 1,4% dos homens admitiram que esse foi o estopim para saírem com outra pessoa.