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17 junho, 2011

Sexo sem limites

 28/11/2010
Menages, suingues, sexo grupal, casais buscam novas experiências para sair da rotina


ATENÇÃO: ESTE CONTEÚDO POSSUI TEOR SEXUAL E É IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS.
A manutenção de um relacionamento é quase sempre igual. Um cineminha aqui, um motelzinho ali, o casal segue jantando fora, comendo pipoca em frente à TV, comemorando datas especiais e tomando chope com os amigos. A rotina é praticamente inevitável. Nem o sexo escapa. Por mais que o Kama Sutra garanta novidades durante um ano inteiro, ninguém está livre de encarar o pesadelo da monotonia. Agora, se buscar novas experiências pode ser a saída, fazer do diferente uma rotina é um risco que se corre. Quando isso acontece, a busca pelo prazer pode se transformar em obsessão e o sexo perder o limite.
Menages e suingues
O que todo mundo deseja quando se apaixona é ficar pra sempre com a pessoa e nunca deixar a peteca cair. Com certeza, esse é o maior desafio de quem quer viver uma relação. Há quem consiga, mantendo um diálogo aberto e realizando juntos seus fetiches. "Nosso limite é a concordância, quase sempre prévia, por parte do outro. Usamos apetrechos, comestíveis ou não, fazemos os nossos filmes pornôs e criamos algumas historinhas que considero "normais", como sair sem calcinha e dar uma de Sharon Stone, ele me agarrar na frente das pessoas para deixá-las constrangidas ou excitadas, essas coisas," descreve a arquiteta Adriana Moreira.
E a criatividade não pára por aí. Muito pelo contrário. Passada a excitação inicial dos fetiches básicos, Adriana e Paulo César passaram a buscar experiências bem mais intensas. "Combinamos de ter relacionamentos extraconjugais e depois trocávamos nossas vivências na cama, para atiçar nossa imaginação. Depois, começamos a transar com outras pessoas, fazendo 'menages e suingues'. Ele me "oferecia" a desconhecidos para que eles me tocassem. No começo eu tive dificuldade em aceitar, era esquisito ser ofertada. Achava que ele não gostava de mim. Depois, peguei as rédeas e passei a escolher os parceiros ou recusar quem não me interessava e ficou claro que não tinha nada a ver com sentimentos. Aí deu pra relaxar e aproveitar", confessa.
Sexo em grupo
Varandas e janelas muitas vezes são palcos de exibicionismo, já que ser observado pode ser um bom ingrediente para acender os instintos. A secretária Ana Carolina Mendes tinha um relacionamento de um ano e, apensar de saber que suas relações sexuais estavam muito acomodadas, não sentia vontade de fazer nada diferente para o namorado. "Sempre tive mania de trocar de roupa na frente da janela, gosto de pensar que tem alguém me admirando. E decidi começar a fazer isso com o Arnaldo. No início ele ficou surpreso, mas hoje em dia curte muito. Há um tempo fizemos um show na varanda de uma pousada em Arraial D'Ajuda".
Ana aproveitou o clima da Bahia para dar asas à imaginação. "Estávamos de férias, relaxados e o astral era propício a doideras. Um dia, depois de beber todas, fomos dançar, seduzimos e levamos um cara para nosso quarto. Era um antigo sonho que realizei. Hoje em dia temos o hábito de sair para azarar e formar grupos para sexo. As coisas aconteceram naturalmente, nunca planejamos nada, mas para manter esse tipo de coisa precisa haver muita honestidade na relação", explica Ana, que se diz feliz por ter alguns parceiros sexuais e pelo namorado, que se tornou seu maior cúmplice.
Tudo é relativo, até sexo
As teorias em torno do que pode ou não no sexo são bastante particulares, cada um tem seu limite ou grau de normalidade. O que para muitos é assustador, seja pela cultura, educação ou pelos próprios limites, para outros é totalmente normal, ou melhor, habitual. "Já fiz de tudo, não tenho o menor preconceito com nada que eu sinta desejo ou que me peçam para fazer. Para mim, o padrão é a vontade consciente de fazer o que quiser, mas com respeito e lealdade. E o limite é a paciência e a tolerância. Quando me permito fazer o 'diferente' com as pessoas certas é legal, saudável e muito gostoso", comenta o professor Edson Pereira.
Não foi por decadência do relacionamento que ele partiu para novidades, mas por pura vontade de realizar os desejos das pessoas envolvidas. "Inovo justamente por estar bem, até porque não acredito que nada externo salve uma relação, pois a base é o casal, trio, quadra ou multi. E todas as vezes que se tornou hábito foi bom e era o que faltava. Não procuro o diferente e sim o complemento", conclui Edson.

Infelizmente, não é só de aventuras bem-resolvidas e felizes que vivem os relacionamentos. O limite não está na prática do sexo, mas nas consequências que os excessos podem causar se ele virar uma verdadeira obsessão, sem respeito às pessoas envolvidas. Como se diz, a arte imita a vida e um bom exemplo disso é o filme "8 mm", com Nicolas Cage, onde o submundo do sexo pesado dos míticos 'snuffs', filmes pornográficos envolvendo mortes reais, é muito bem retratado. O que começa como uma procura de provas da autenticidade do crime, transforma-se aos poucos numa busca pessoal atrás das razões que levariam alguém a matar por prazer.
Segundo o diretor Joel Schumacher, numa entrevista sobre o universo do filme, nem todo adepto de pornografia é um velho sujo que usa uma capa de chuva. "Faz parte da hipocrisia puritana e dualista que temos na América do Norte, porque queremos ser conhecidos como pessoas que seguem os Dez Mandamentos, religiosos e bons. Mas a pornografia não é só uma aberração ou um desvario de pessoas loucas, é obviamente uma forma de vida", revela.
Essa é uma realidade nociva do sexo sem limite que não acontece somente em filmes Holywoodianos. Fantasias, filmes eróticos, troca de casais serão sempre saudáveis se beneficiarem a relação e se todos os envolvidos estiverem de acordo. "O limite entre o doentio e o normal na fantasia sexual está em ela ser apenas um aditivo e não uma situação 'sine qua non'. O indivíduo que, necessariamente, utiliza a fantasia sexual para liberar a sua sexualidade, está precisando de ajuda, está doente, enquanto aquele que usa esse mesmo sexo sem limites como uma opção de prazer, está sadio, pois com ou sem ela, ele obterá a satisfação", explica o terapeuta sexual Hélio Felippe de Souza. P
Não se pode falar de limite quando o assunto é sexo, algo totalmente pessoal. Mas é bom ficar de antenas ligadas para que esse tempero não passe a ser essencial para a relação. A busca do equilíbrio e do respeito é o grande objetivo de quem quer viver feliz ao lado de outra pessoa.

Desde criança, na medida em que vamos nos conhecendo, formamos uma imagem ideal de como deveríamos ser, censurando toda e qualquer forma ou impulsos que não correspondam a essa idealização. Todo impulso tem uma finalidade positiva para quem o sente. Ele (o impulso em si) não é bom nem ruim. O resultado de sua aplicação é que pode ser classificado como pecaminoso, destrutivo, justo, construtivo etc. Na verdade, a escola deveria nos ensinar essa diferença que tanto a igreja enfatiza: há dois tipos de impulso. Os bons que devem permanecer com o indivíduo e os maus que devem ser eliminados.

Freud
fala da importância da sexualidade no ajustamento humano, sua evolução desde a infância, as patologias decorrentes de repressão e consequentemente seus desvios de personalidade. Tudo isso serviu como base, possibilitando as mudanças. A partir daí, passou-se a analisar a impulso sexual como um grande foco da causa.

Vamos tentar visualizar o que vem ocorrendo com a
sexualidade nos tempos modernos: digamos que estamos dentro de um desses Centros Culturais supermodernos, computadorizados, onde antigamente era um grande e velho casarão. Ele foi totalmente pintado, permanecendo as suas características coloniais em seu interior. Embora modernizado, continua sendo um casarão colonial. A sexualidade, por sua vez, sofreu uma grande mudança no que tange ao comportamento sexual, a liberação dos costumes trouxe um enorme aspecto positivo, principalmente no que diz respeito à saúde das pessoas. O "liberado" passou a ser padrão, mas só em nível consciente porque no inconsciente ele é avaliado colonialmente (dentro de cada um de nós, ainda somos um casarão colonial). Será que dá para ser liberado conscientemente e conviver com um superego rígido?

Podemos perceber nas pessoas que elas possuem uma camada chamada
repressão, enquanto o seu núcleo é a sexualidade. Quanto mais espessa for essa camada, maior será a dificuldade em atingir esse núcleo. Para um homem tentar atingir o núcleo, ele precisa de estímulos, que pode ser uma mulher sensual, inteligente, que o erotize, enquanto para a mulher, é necessário um homem diferente, interessante. A partir daí, podemos medir a dificuldade que cada um tem de transpor a camada da repressão.
Caso haja muita resistência, é necessário a ajuda de um aditivo, uma espécie de sonda para perfurar essa camada, ou seja, o sadismo e o masoquismo. Esse aditivo vem carregado de dor, sofrimento, medo, que podem ser estimulantes para essa relação que não se penetra, que não se interpõe. Como exemplo disso, temos no filme Nove Semanas e Meia de Amor em que, para obter prazer, o protagonista amarrava a sua conquista na cama, vendava seus olhos, colocava os alimentos mais variados em sua boca, inclusive mel e pimenta. Transaram nos mais variados locais, até em uma torre de igreja com os sinos badalando. O auge foi encontrar uma prostituta para fazer amor a três e aí surgiu uma briga.
Apesar das cenas terem encantado muita gente, podemos analisar essa situação como patológica, pois conseguir o prazer sexual somente em circunstâncias perigosas sofrida e dolorosa não é o normal. Na verdade, a moça do filme não necessitava de nada daquilo, acabou indo embora para não entrar na loucura do outro.

O dicionário de psicanálise La Planche-Pontalis descreve fantasia sexual como: "Encenação imaginária em que o indivíduo está presente e que representa a realização de um desejo inconsciente, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos". O limite entre o patológico e o normal na fantasia sexual está em ela ser apenas um aditivo, e não uma situação sine qua non. O indivíduo que necessariamente utiliza a fantasia sexual para liberar a sua sexualidade, está precisando de ajuda, está doente, enquanto aquele que usa esse mesmo sexo sem limites como uma opção de prazer, está sadio, pois com ou sem ela, ele obterá a satisfação.

Enquanto o primeiro é escravo da sua fantasia, deixando para esta a decisão de como ele obterá o prazer, o segundo é o senhor do seu sexo, é ele quem comanda quando quer e quando não quer, manipulando assim a sua forma de satisfação.


Podemos citar Freud em seu estudo das
perversões: "Nenhuma pessoa sadia, ao que parece, pode deixar de adicionar alguma coisa capaz de ser chamada de perversa ao objetivo sexual normal" E também: "Se uma perversão tem as características de exclusividade e fixação, então estaremos, via de regra, justificando ao considerá-la um sintoma patológico".

Acontecendo eventualmente, não há problema. F
antasias, filmes eróticos, menage à trois, e tudo o que vier a beneficiar a relação, pode ser um aditivo, um tempero a mais para a vida sexual. Mas, se tudo isso se torna essencial para que aconteça uma relação, tendo sempre que usar o chicote para ter uma ereção, se vestir de mulher, algo está errado. Se a pessoa precisa sempre utilizar uma sonda para alcançar o núcleo, é porque algo vai mal, muito mal.