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28 janeiro, 2013

A primeira vez de uma mulher






A pesar de atualmente os preconceitos sexuais estarem sendo superados, existem muitas mulheres que ainda atribuem ao ato sexual o sentido de uma "luta" com dor. A idéia de dor é mais ligada à primeira relação, porque a iniciação sexual feminina geralmente se reveste de significados biológicos, psicológicos e culturais muito diferentes daqueles que caracterizam a “primeira vez” para o homem.
Até certo ponto, a iniciação da mulher se assemelha à do homem, pois ambos passam por uma aprendizagem teórica e prática que começa na primeira infância e se desenvolve de forma gradativa até a idade adulta. Contudo, existe uma diferença fundamental entre ambas.
A primeira atividade sexual completa da mulher virgem não constitui um simples prolongamento de suas experiências eróticas anteriores, como acontece com o homem. Desse modo, a primeira relação se transforma em um acontecimento marcante e, algumas vezes, até brutal para muitas mulheres. Constitui sempre um acontecimento novo, que cria uma ruptura com o passado.
O homem passa da sexualidade infantil à maturidade sexual de maneira relativamente simples, sem viver uma experiência tão crítica como a da mulher, que repentinamente deixa de ser virgem. Para ele, o relacionamento sexual tem um objetivo fisiológico preciso: pela ejaculação, descarrega as secreções que lhe "pesam". Consumado o ato, ele reencontra-se com um corpo íntegro.
A dinâmica erótica feminina, ao contrário, funciona de maneira mais complexa. Isso se deve, em parte, à dissociação que se verifica entre o clitóris e a vagina. Embora se localize no clitóris o centro do erotismo feminino, é pela vagina que o homem penetra e fecunda a mulher. Com isso, a vagina se torna simbolicamente um centro erótico devido à intervenção do homem, e essa intervenção constitui sempre uma espécie de "violação".
Na complexa reação vaginal que a mulher apresenta durante o relacionamento sexual, interferem não apenas várias estruturas anatômicas, como todas as suas experiências emocionais. Assim, por ocasião da iniciação sexual, incidentes negativos ocorridos na infância ou na juventude podem despertar nela uma profunda resistência ao envolvimento sensual. Uma educação severa, a “carga do pecado” proveniente de ensinamentos religiosos e a indevida valorização cultural da virgindade, entre outros, são alguns dos fatores responsáveis por essa situação negativa.
Nas culturas paternalistas, sempre coube à mulher um papel inferior no relacionamento conjugal. Ela praticamente se limitava a servir o homem e a obedecê-lo em tudo, sem participar ativamente do jogo amoroso. Assim, passiva por imposição, a mulher simplesmente se deixava conduzir pelo homem. Este, segundo sua vontade, a iniciava abruptamente na vida sexual, sem levar em conta as dificuldades que ela poderia estar enfrentando nessa situação.
Apesar da mudança de comportamento em relação ao sexo que vem se verificando, ainda hoje a mulher encontra, muitas vezes em sua primeira relação, um parceiro egoísta que a trata com aspereza e que busca apenas o próprio prazer e a auto-afirmação como macho. O resultado é que acontece um defloramento apressado — que causa dor imprevista —, seguido de um relacionamento sexual tenso, em que o homem se empenha ativamente, e a mulher permanece atônita e assustada.
Jonatas Dornelles Antropólogo