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Os Maiores Filosofos de todos os Tempos! Segundo Marcelo Tsitsa


    Físico alemão: Nasceu eu 14 de março de 1879 em Ulm, Alemanha e faleceu nos Estados Unidos em 18 de abril de 1955.
   Albert Einstein, foi destacadamente eleito personalidade do século xx-(revista time), independente de qualquer outra personalidade em uma lista de 100-incluindo: Roosevelt, Mahatma gandhi, Madre Tereza de Calcutá. Nesta lista de 100 personalidades. Einstein foi eleito destacadamente sem concorrentes, Person of the Century por mais de 30 milhões de votos no mundo  inteiro, incluindo votos de nomes importantes da ciência, política, esportes, cidadãos comuns, estudantes etc.
    Não desconsiderando os feitos dos listados entre os 100, Einstein se colocou destacadamente fora da lista como personalidade do século, pelo somatório de feitos científicos que mudaram radicalmente  os rumos da humanidade em todas as áreas dos fundamentos da tecnologia, colaborando de maneira extraordinária para o avanço da ciência, o bem estar, qualidade de vida de todos os seres vivos da face do planeta terra e a visão dos cientistas na área da física das partículas, astrofísica, cosmologia, astronomia, filosofia e demais conceitos relacionados ao universo. com sua famosa fórmula e=mc2 (energia é igual a massa multiplicada pelo quadrado da velocidade da luz), entre outros feitos realmente significativos e decisivos para uma nova visão revolucionária no campo da física,  através também da teoria geral da relatividade.

Einstein, a personalidade do século,
por:
Renato Sabbatini

A revista americana Time é conhecida mundialmente, entre outras coisas, por indicar a personalidade do ano. Depois de um longo período de escolha, em que os leitores puderam opinar, a revista elegeu recentemente a personalidade do século. Entre diversos preferidos, alguns com brutal influência negativa, como Hitler e Stalin, outros com status de salvadores da humanidade, como Roosevelt, Churchill e Ghandi; o resultado foi uma surpresa: o ganhador foi um cientista, o mais conhecido cientista de toda a humanidade, Albert Einstein.

Confesso, fiquei emocionado. Não somente porque Einstein sempre foi meu cientista predileto e meu modelo de herói científico, mas porque a escolha é um fato sem precedentes, e um forte indicativo de que os novos heróis da humanidade estão deixando de ser os grande políticos, militares e líderes espirituais, e estão passando a ser os cientistas e tecnólogos. É um reconhecimento de que a ciência e a tecnologia foram os elementos mais importantes para o progresso acelerado das sociedades humanas neste século, e que continuarão a ser, cada vez mais. A informática, as telecomunicações, a genética e a biotecnologia, as ciências médicas, a física nuclear, a química, as ciências do ambiente, as engenharias, as ciências espaciais, as tecnologias modernas da agropecuária, as ciências do mar, etc.; contribuíram enormemente nos últimos 20 ou 30 anos para aumentar o grau de bem-estar e da longevidade do ser humano.

Ao mesmo tempo, a ciência e a tecnologia também estiveram envolvidas na imensa mortandade de gente nas várias guerras do século, as mais destrutivas da história (20 milhões de mortos na Primeira, mais de 50 milhões na Segunda). Os gases usados no genocídio, o napalm, as bombas atômicas e de hidrogênio, e muitas outras tecnologias desenvolvidas pela ciência para a guerra, trouxeram um mau nome para os cientistas, sem falar na enorme destruição do meio ambiente e dos seres vivos, causada pela indústria, pelos agrotóxicos, fluorocarbonados, emissões radiativas, etc.

Curiosamente, Einstein também se situou historicamente nessas duas vertentes da ciência. Ele é um exemplo fantástico dos dilemas do cientista do século XX: ao descobrir a equivalência entre matéria e energia, através de uma das mais importante teoria científica da história, a Teoria da Relatividade, abriu o caminho para o entendimento da fissão e da fusão nuclear. Nos seus aspectos positivos, levou à compreensão de fenômenos naturais fundamentais (por exemplo, como funciona a geração de energia e luz pelas estrelas); ao desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos (usinas nucleares), e nos seus aspectos negativos, levou ao desenvolvimento das bombas nucleares. Einstein, um cientista conhecido e admirado pelo seu humanismo e pacifismo, paradoxalmente foi extremamente importante para incentivar o Projeto Manhattan, que foi o esforço de construção das primeiras bombas de plutônio e de urânio. Seu amigo Leo Szilard, ao tomar conhecimento de que cientistas alemães tinham demonstrado pela primeira vez a fissão nuclear em laboratório, procurou Einstein para convencê-lo a escrever uma carta ao presidente Roosevelt, alertando-o para o fato de que a Alemanha Nazista poderia estar construindo a bomba atômica (o que seria uma catástrofe para os Aliados) e que seria necessário iniciar um esforço americano nesse sentido.

Do ponto de vista humano, Einstein também se revelou um paradigma para o cientista do século XX: ao mesmo tempo ele foi um dos maiores gênios da humanidade, com um QI altíssimo, quase estelar, um milagre da inteligência humana; por outro lado revelou que era um ser humano como todos nós, ou seja, com fraquezas, aspectos condenáveis (como os recentemente revelados, sobre seu relacionamento com a primeira mulher), erros e acertos científicos, etc.

Outro aspecto interessante da vida de Einstein é o seu envolvimento com a política. Como judeu, ele apoiou ativamente o movimento sionista, embora fosse pacifista convicto, e chegou a ser convidado para o cargo de presidente do novo estado de Israel (que recusou).  Embora fosse um cientista altamente especializado, em física matemática, gostava de escrever sobre variados temas, como filosofia e sociologia da ciência, política, etc.

Em suma, a escolha da Time foi simplesmente excelente. Albert Einstein, o cientista que parecia ser pouco convencional (ficou famoso em todo o mundo por sua fotografia em que aparecia com a cabeleira desgrenhada, mostrando a língua); foi ao mesmo tempo um dos pilares da física, um homem tão importante quanto Copérnico, Galileu Galilei e Isaac Newton.  Rompeu paradigmas, quando ainda jovem e desconhecido, um mero funcionário do Escritório de Patentes da Suíça, estudante recém-formado, de forma não muito brilhante. O ano em que publicou a teoria da relatividade ficou histórico. Pela audácia de seu pensamento, foi incompreendido inicialmente, mas depois se impôs, vitorioso, acumulou honrarias e realizações, até hoje sendo suas teorias seguindo irrefutadas.

Um orgulho para a espécie humana.


Para Saber Mais
Albert Einstein, Person of the Century. Time Magazine, December 1999.
O artigo original da revista que escolheu a Personalidade do Século, com artigos sobre:
Albert Einstein. by Frederic Golden
A Brief History of Relativity, Stephen Hawking
The Age of Einstein, by Roger Rosenblatt
Einstein's Unfinished Symphony, by J. Madeleine Nash
Yahoo! Physicists: Albert Einstein (1879-1955)
Uma completa lista de recursos na Internet sobre o físico
NOVA: Einstein Revealed
Um perfil de Einstein, com demonstrações em Shockwave de conceitos da teoria da relatividade
Relativity: The Special and General Theory - texto complet da obra clássica de Einstein (1920)

Algumas de suas citações: 
"Minha religião consiste numa admiração humilde ao Espírito Superior e Iluminado que se revela a si mesmo nos mínimos pormenores, que estamos aptos a captar com nossas fracas e irrelevantes mentes. A profunda certeza de um Poder Superior que se revela no Universo, difícil de ser compreendido, forma a minha idéia de Deus"
"O homem, como qualquer outro animal, é por natureza indolente. Se nada o estimula, mal se dedica a pensar e se comporta guiado apenas pelo hábito, como um autômato".
"A menor distância entre dois pontos não é uma linha reta"
"A Religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus Pessoal evitando os dogmas e a teologia"
"A massa de um corpo é uma medida do seu conteúdo de energia"
"O Universo é finito, cilíndrico e ilimitado"
"Quando não há nada de especial para ocupar meus pensamentos, gosto de reconstruir teoremas de física e matemática que já são de meu conhecimento. Não há qualquer propósito nisso, senão o da mera gratificação de ocupar meu cérebro raciocinando." (Albert Einstein)
"Jamais considere  seus  estudos  como   uma obrigação, mas  como  uma  oportunidade  invejável (...) para aprender a conhecer a influência libertadora da beleza  do  reino  do  espírito,  para seu próprio prazer pessoal e para proveito   da   comunidade   à   qual   seu futuro trabalho pertencer" (Albert Einstein)*
"O ser humano vivencia a si mesmo, seus pensamentos,como algo separado do resto do universo numa espécie de ilusão de óptica de sua consciência. e essa ilusão é um tipo de prisão que nos restringe a nossos desejos pessoais, conceitos a ao afeto apenas pelas pessoas mais próximas.
Nossa principal tarefa é a de nos livrarmos dessa prisão ampliando nosso circulo de compaixão para que ele abranja todos os seres vivos e toda a natureza em sua beleza. Ninguém conseguirá atingir completamente este objetivo mas, lutar pela sua realização, já é por si só parte de nossa liberação e o alicerce de nossa segurança interior." (Albert Einstein)






                                                            Alphonsus de Guimaraens

Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
Poeta em que devoção e equilíbrio se dão as mãos desde o início, Alphonsus de Guimaraens foi mestre de um lirismo místico, em que busca e sublima a amada entre o luar e as sombras, o amor e a morte. Afonso Henriques da Costa Guimarães nasceu em Ouro Preto MG em 24 de julho de 1870. Estudou engenharia e direito. Apaixonou-se por sua prima Constança, que morreu logo depois. Em São Paulo, colaborou na imprensa e freqüentou a Vila Kyrial, de José de Freitas Vale, onde se reuniam os jovens simbolistas. Em 1895, no Rio de Janeiro, conheceu Cruz e Souza. Foi juiz e promotor em Conceição do Serro MG. De seus livros, os três primeiros foram publicados no mesmo ano (1899): Dona mística, Câmara ardente e o Setenário das dores de Nossa Senhora. Foi escrito antes, no entanto, o Kyriale (1902), sua coletânea mais representativa. Seguiram-se Pauvre lyre e Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923). Um dos principais representantes do movimento simbolista no Brasil, sua obra, de influência francesa (Verlaine, Mallarmé -- que traduziu), adquire com freqüência acentos arcaizantes e de envolvente conteúdo lírico, uma vez que o exprime num misticismo enraizado no fundo da subjetividade e, desse modo, como uma compulsão do inconsciente. Em ritmo elegíaco e de solene musicalidade, multiplica a imagem da amada: são "Sete damas", são "As onze mil virgens", Ester, Celeste, Nossa Senhora (com quem identifica Constança), ou a célebre "Ismália". Oscila, assim, entre os indícios materiais da morte e a expectativa do sobrenatural, como se toda a sua poesia se fizesse em variações de um mesmo réquiem. Mas a evolução da linguagem é permanente e a tendência a um barroco discreto -- de Ouro Preto, Mariana -- se flexibiliza, se inova com acentos verlainianos, mallarmaicos, de que brotam imagens muitas vezes ousadas, não longe da invenção surrealista. Alphonsus de Guimaraens morreu em Mariana MG em 15 de julho de 1921.
Ismália
Ossa Mea
Pulchra Ut Luna
Árias e Canções
Terceira Dor

Cisnes Brancos

A Catedral

Como se Moço e Não Bem Velho Eu Fosse
Hão de Chorar por Ela os Cinamomos...

Soneto

Cantem outros a clara cor virente
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
II
Mãos de finada, aquelas mãos de neve,
De tons marfíneos, de ossatura rica,
Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar mas que suplica.

Erguem-se ao longe como se as eleve
Alguém que ante os altares sacrifica:
Mãos que consagram, mãos que partem breve,
Mas cuja sombra nos meus olhos fica...

Mãos de esperança para as almas loucas,
Brumosas mãos que vêm brancas, distantes,
Fechar ao mesmo tempo tantas bocas...

Sinto-as agora, ao luar, descendo juntas,
Grandes, magoadas, pálidas, tateantes,
Cerrando os olhos das visões defuntas...
II

Celeste... É assim, divina, que te chamas.
Belo nome tu tens, Dona Celeste...
Que outro terias entre humanas damas,
Tu que embora na terra do céu vieste?

Celeste... E como tu és do céu não amas:
Forma imortal que o espírito reveste
De luz, não temes sol, não temes chamas,
Porque és sol, porque és luar, sendo celeste.

Incoercível como a melancolia,
Andas em tudo: o sol no poente vasto
Pede-te a mágoa do findar do dia.

E a lua, em meio à noite constelada,
Pede-te o luar indefinido e casto
Da tua palidez de hóstia sagrada.
II
A suave castelã das horas mortas
Assoma à torre do castelo. As portas,

Que o rubro ocaso em onda ensangüentara,
Brilham do luar à luz celeste e clara.

Como em órbitas de fatias caveiras
Olhos que fossem de defuntas freiras,

Os astros morrem pelo céu pressago...
São como círios a tombar num lago.

E o céu, diante de mim, todo escurece...
E eu que nem sei de cor uma só prece!

Pobre alma, que me queres, que me queres?
São assim todas, todas as mulheres.
VI
É Sião que dorme ao luar. Vozes diletas
Modulam salmos de visões contritas...
E a sombra sacrossanta dos Profetas
Melancoliza o canto dos levitas.

As torres brancas, terminando em setas,
Onde velam, nas noites infinitas,
Mil guerreiros sombrios como ascetas,
Erguem ao Céu as cúpulas benditas.

As virgens de Israel as negras comas
Aromatizam com os ungüentos brancos
Dos nigromantes de mortais aromas...

Jerusalém, em meio às Doze Portas,
Dorme: e o luar que lhe vem beijar os flancos
Evoca ruínas de cidades mortas.
Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Porque viestes, se era tão tarde?
O sol não beija mais os flancos
Da Montanha onde mora a tarde.

Ó cisnes brancos, dolorida
Minh’alma sente dores novas.
Cheguei à terra prometida:
É um deserto cheio de covas.

Voai para outras risonhas plagas,
Cisnes brancos! Sede felizes...
Deixai-me só com as minhas chagas,
E só com as minhas cicatrizes.

Venham as aves agoireiras,
De risada que esfria os ossos...
Minh’alma, cheia de caveiras,
Está branca de padre-nossos.

Queimando a carne como brasas,
Venham as tentações daninhas,
Que eu lhes porei, bem sob asas,
A alma cheia de ladainhas.

Ó cisnes brancos, cisnes brancos,
Doce afago da alva plumagem!
Minh’alma morre aos solavancos
Nesta medonha carruagem...

Quando chegaste, os violoncelos
Que andam no ar cantaram no hinos.
Estrelaram-se todos os castelos,
E até nas nuvens repicaram sinos.

Foram-se as brancas horas sem rumo,
Tanto sonhadas! Ainda, ainda
Hoje os meus pobres versos perfumo
Com os beijos santos da tua vinda.

Quando te foste, estalaram cordas
Nos violoncelos e nas harpas...
E anjos disseram: — Não mais acordas,
Lírio nascido nas escarpas!

Sinos dobraram no céu e escuto
Dobres eternos na minha ermida.
E os pobres versos ainda hoje enluto
Com os beijos santos da despedida.
Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.

E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma aurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral eburnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tao cansados ponho,
Recebe a bencao de Jesus.

E o sino clama em lugebres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

Por entre lirios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral eburnea do meu sonho
Aparece na paz do ceu tristonho
Toda branca de luar.

E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"

O céu e todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.

E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"
Como se moço e não bem velho eu fosse,
Uma nova ilusão veio animar-me,
Na minh`alma floriu um novo carme,
O meu ser para o céu alcandorou-se.

Ouvi gritos em mim como um alarme.
E o meu olhar, outrora suave e doce,
Nas ânsias de escalar o azul, tornou-se
Todo em raios, que vinham desolar-me.

Vi-me no cimo eterno da montanha
Tentando unir ao peito a luz dos círios
Que brilhavam na paz da noite estranha.

Acordei do áureo sonho em sobressalto;
Do céu tombei ao caos dos meus martírios,
Sem saber para que subi tão alto...
Hão de chorar por ela os cinamomos,
Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão — "Ai! nada somos,
Pois ela se morreu silente e fria.. . "
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: — "Por que não vieram juntos?"
Encontrei-te. Era o mês... Que importa o mês? Agosto,
Setembro, outubro, maio, abril, janeiro ou março,
Brilhasse o luar que importa? ou fosse o sol já posto,
No teu olhar todo o meu sonho andava esparso.

Que saudades de amor na aurora do teu rosto!
Que horizonte de fé, no olhar tranqüilo e garço!
Nunca mais me lembrei se era no mês de agosto,
Setembro, outubro, abril, maio, janeiro, ou março.

Encontrei-te. Depois... depois tudo se some
Desfaz-se o teu olhar em nuvens de ouro e poeira.
Era o dia... Que importa o dia, um simples nome?

Ou sábado sem luz, domingo sem conforto,
Segunda, terça ou quarta, ou quinta ou sexta-feira,
Brilhasse o sol que importa? ou fosse o luar já morto?

Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.
Cantem esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...
Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte...






                                                                    Abreu, Casimiro

Abreu, Casimiro de (1837-1860), poeta romântico brasileiro. Dono de rimas cantantes, ao gosto do público, Casimiro de Abreu publicou apenas um livro, As Primaveras (1859). Filho de um rico comerciante, Casimiro de Abreu nasceu em Barra de São João (Rio de Janeiro) e cresceu no Rio, então capital do Império e centro cultural do país. Entre 1853 e 1857, estudou em Portugal. A vocação literária, porém, suplantou a vida acadêmica. Em Lisboa, iniciou-se como poeta e dramaturgo. A peça Camões e Jaú estreou no teatro D. Fernando e, nela, o autor proclama sua brasilidade, as saudades dos trópicos e refere-se a Portugal como "velho e caduco". De volta ao Brasil, dedicou-se à atividade comercial, com o apoio paterno. Mas definia este trabalho como uma "vida prosaica…que enfraquece e mata a inteligência". Morreu aos 21 anos, de tuberculose, em Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro. Seu poema mais famoso é Meus Oito Anos. Da segunda geração romântica brasileira, Casimiro de Abreu cultivava um lirismo de expressão simples e ingênua. Seus temas dominantes foram o amor e a saudade. Embora criticado por deslizes de linguagem e falta de embasamento filosófico, Casimiro de Abreu é admirado, justamente, pela simplicidade. Alguns versos acabaram se incorporando à linguagem corrente como, por exemplo, simpatia é quase amor, hoje nome de um famoso bloco do carnaval carioca.
É pequena a obra poética de Casimiro de Abreu. Porém, deixou-nos de forma marcante, a poesia da saudade: "Canção do exílio" ("Meu lar") em que partia da aceitação premonitória, "Se eu tenho de morrer na flor dos anos", para a formulação de um desejo que se realizou plenamente: "Quero morrer cercado dos perfumes / Dum clima tropical.”. Meus Oito Anos, Minha Terra - poemas escritos em Portugal, onde adquiriu sua educação literária.

 
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!
Que aurora, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias da minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberta o peito,
— Pés descalços, braços nus
— Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo.
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!
................................
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
— Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras
Debaixo dos laranjais!


Índice

 
A VALSA
 
Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!
 
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
 
Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos,                                                                                           
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!
 
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...
 
Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!
 
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...
 
Calado,
Sozinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!
 
Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!
 
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
 
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!
 
Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!
 
Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!


Minh'alma é triste como a rola aflita
Que o bosque acorda desde o alvor da aurora,
E em doce arrulo que o soluço imita
O morto esposo gemedora chora.
E, como a rôla que perdeu o esposo,
Minh'alma chora as ilusões perdidas,
E no seu livro de fanado gozo
Relê as folhas que já foram lidas.
E como notas de chorosa endeixa
Seu pobre canto com a dor desmaia,
E seus gemidos são iguais à queixa
Que a vaga solta quando beija a praia.
Como a criança que banhada em prantos
Procura o brinco que levou-lhe o rio,
Minha'alma quer ressuscitar nos cantos
Um só dos lírios que murchou o estio.
Dizem que há, gozos nas mundanas galas,
Mas eu não sei em que o prazer consiste.
— Ou só no campo, ou no rumor das salas,
Não sei porque — mas a minh'alma é triste!
II Minh'alma é triste como a voz do sino
Carpindo o morto sobre a laje fria;
E doce e grave qual no templo um hino,
Ou como a prece ao desmaiar do dia.
Se passa um bote com as velas soltas,
Minh'ahna o segue n'amplidão dos mares;
E longas horas acompanha as voltas
Das andorinhas recortando os ares.
Às vezes, louca, num cismar perdida,
Minh'alma triste vai vagando à toa,
Bem como a folha que do sul batida
Bóia nas águas de gentil lagoa!
E como a rola que em sentida queixa
O bosque acorda desde o albor da aurora,
Minha'ahna em notas de chorosa endeixa
Lamenta os sonhos que já tive outrora.
Dizem que há gozos no correr dos anos!...
Só eu não sei em que o prazer consiste.
— Pobre ludíbrio de cruéis enganos,
Perdi os risos — a minh'alma é triste!
III Minh'alma é triste como a flor que morre
Pendida à beira do riacho ingrato;
Nem beijos dá-lhe a viração que corre,
Nem doce canto o sabiá do mato!
E como a flor que solitária pende
Sem ter carícias no voar da brisa,
Minh'alma murcha, mas ninguém entende
Que a pobrezinha só de amor precisa!
Amei outrora com amor bem santo
Os negros olhos de gentil donzela,
Mas dessa fronte de sublime encanto
Outro tirou a virginal capela.
Oh! quantas vezes a prendi nos braços!
Que o diga e fale o laranjal florido!
Se mão de ferro espedaçou dois laços
Ambos choramos mas num só gemido!
Dizem que há gozos no viver d'amores,
Só eu não sei em que o prazer consiste!
— Eu vejo o mundo na estação das flores
Tudo sorri — mas a minh'alma é triste!
IV Minh'alma é triste como o grito agudo
Das arapongas no sertão deserto;
E como o nauta sobre o mar sanhudo,
Longe da praia que julgou tão perto!
A mocidade no sonhar florida
Em mim foi beijo de lasciva virgem:
— Pulava o sangue e me fervia a vida,
Ardendo a fronte em bacanal vertigem.
De tanto fogo tinha a mente cheia!...
No afã da glória me atirei com ânsia...
E, perto ou longe, quis beijar a s'reia
Que em doce canto me atraiu na infância.
Ai! loucos sonhos de mancebo ardente!
Esp'ranças altas... Ei-las já tão rasas!...
— Pombo selvagem, quis voar contente...
Feriu-me a bala no bater das asas!
Dizem que há gozos no correr da vida...
Só eu não sei em que o prazer consiste!
— No amor, na glória, na mundana lida,
Foram-se as flores — a minh'alma é triste!
 
 
DESEJO
 
Se eu soubesse que no mundo
Existia um coração,
Que só por mim palpitasse
De amor em terna expansão;
Do peito calara as mágoas,
Bem feliz eu era então!
 
Se essa mulher fosse linda
Como os anjos lindos são,
Se tivesse quinze anos,
Se fosse rosa em botão,
Se inda brincasse inocente
Descuidosa no gazão;
 
Se tivesse a tez morena,
Os olhos com expressão,
Negros, negros, que matassem,
Que morressem de paixão,
Impondo sempre tiranos
Um jugo de sedução;
 
Se as tranças fossem escuras,
Lá castanhas é que não,
E que caíssem formosas
Ao sopro da viração,
Sobre uns ombros torneados,
Em amável confusão;
 
Se a fronte pura e serena
Brilhasse d'inspiração,
Se o tronco fosse flexível
Como a rama do chorão,
Se tivesse os lábios rubros,
Pé pequeno e linda mão;
 
Se a voz fosse harmoniosa
Como d'harpa a vibração,
Suave como a da rola
Que geme na solidão,
Apaixonada e sentida
Como do bardo a canção;
 
E se o peito lhe ondulasse
Em suave ondulação,
Ocultando em brancas vestes
Na mais branda comoção
Tesouros de seios virgens,
Dois pomos de tentação;
 
E se essa mulher formosa
Que me aparece em visão,
Possuísse uma alma ardente,
Fosse de amor um vulcão;
Por ela tudo daria...
— A vida, o céu, a razão!
 
Casimiro de Abreu










 






AMOR E MEDO






 





Quando eu te vejo e me desvio cauto





Da luz de fogo que te cerca, ó bela,





Contigo dizes, suspirando amores:





"Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"





 





Como te enganas! meu amor, é chama





Que se alimenta no voraz segredo,





E se te fujo é que te adoro louco...





És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...





 





Tenho medo de mim, de ti, de tudo,





Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.





Das folhas secas, do chorar das fontes,





Das horas longas a correr velozes. 





 





O véu da noite me atormenta em dores





A luz da aurora me enternece os seios,





E ao vento fresco do cair cias tardes,





Eu me estremece de cruéis receios. 





 





É que esse vento que na várzea — ao longe,





Do colmo o fumo caprichoso ondeia,





Soprando um dia tornaria incêndio





A chama viva que teu riso ateia! 





 





Ai! se abrasado crepitasse o cedro,





Cedendo ao raio que a tormenta envia:





Diz: — que seria da plantinha humilde,





Que à sombra dela tão feliz crescia? 





 





A labareda que se enrosca ao tronco





Torrara a planta qual queimara o galho





E a pobre nunca reviver pudera.





Chovesse embora paternal orvalho! 





 





Ai! se te visse no calor da sesta,





A mão tremente no calor das tuas,





Amarrotado o teu vestido branco,





Soltos cabelos nas espáduas nuas! ... 





 





Ai! se eu te visse, Madalena pura,





Sobre o veludo reclinada a meio,





Olhos cerrados na volúpia doce,





Os braços frouxos — palpitante o seio!... 





 





Ai! se eu te visse em languidez sublime,





Na face as rosas virginais do pejo,





Trêmula a fala, a protestar baixinho...





Vermelha a boca, soluçando um beijo!... 





 





Diz: — que seria da pureza de anjo,





Das vestes alvas, do candor das asas?





Tu te queimaras, a pisar descalça,





Criança louca — sobre um chão de brasas!





 





No fogo vivo eu me abrasara inteiro!





Ébrio e sedento na fugaz vertigem,





Vil, machucara com meu dedo impuro





As pobres flores da grinalda virgem! 





 





Vampiro infame, eu sorveria em beijos





Toda a inocência que teu lábio encerra,





E tu serias no lascivo abraço,





Anjo enlodado nos pauis da terra. 





 





Depois... desperta no febril delírio,





— Olhos pisados — como um vão lamento,





Tu perguntaras: que é da minha coroa?...





Eu te diria: desfolhou-a o vento!...





 





Oh! não me chames coração de gelo!





Bem vês: traí-me no fatal segredo.





Se de ti fujo é que te adoro e muito!





És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...





 



 




                                                                            Castro Alves










Biografia: Por Manoel Bandeira
Aos quatorze dias do mês de março, no ano de 1847, nasceu Antônio de Castro Alves, na fazenda Cabaceiras, a sete léguas da vila de Curralinho, hoje cidade de Castro Alves. Era filho do Dr. Antônio José Alves e D. Clélia Brasília da Silva Castro.
Passou a infância no sertão natal, e em 54 iniciou os estudos na capital baiana. Aos dezesseis anos foi mandado para o Recife. Ia completar os preparatórios para se habilitar à matrícula na Academia de Direito. A liberdade aos 16 anos é coisa perigosa. O poeta achou a cidade insípida. Como ocupava os seus dias? Disse-o em carta a um amigo da Bahia: "Minha vida passo-a aqui numa rede olhando o telhado, lendo pouco fumando muito. O meu ‘cinismo’ passa a misantropia. Acho-me bastante afetado do peito, tenho sofrido muito. Esta apatia mata-me. De vez em quando vou à Soledade." Que era a Soledade? Um bairro do Recife, onde o poeta tinha uma namorada. O resultado dessa vadiagem foi a reprovação no exame de geometria. Mas em 64 consegue o adolescente matricular-se no Curso Jurídico.
Se era tido por mau estudante, já começava a ser notado como poeta. Em 62 escrevera o poema "A Destruição de Jerusalém", em 63 "Pesadelo", "Meu Segredo", já inspirado pela atriz Eugênia Câmara, "Cansaço", "Noite de Amor", "A Canção do Africano" e outros. Tudo isso era, verdade seja, poesia muito ruim ainda. O menino atirava alto. "A poesia", dizia, "é um sacerdócio — seu Deus, o belo — seu tributário, o Poeta." O Poeta derramando sempre uma lágrima sobre as dores do mundo. "É que", acrescentava, "para chorar as dores pequenas, Deus criou a afeição, para chorar a humanidade — a poesia."
Mas, no dia 9 de novembro de 1864, ao toque da meia-noite, na sotéia em que morava, o poeta, que sem dúvida se balançava na rede, fumando muito, sentiu doer-lhe o peito, e um pressentimento sinistro passou-lhe na alma. Pela primeira vez ia beber inspiração nas fontes da grande poesia: essa a importância do poema "Mocidade e Morte" na obra de Castro Alves. Uma dor individual, dessas para as quais "Deus criou a afeição", despertou no poeta os acentos supremos, que ele depois saberá estender às dores da humanidade, aos sofrimentos dos negros escravos (O Navio Negreiro), ao martírio de todo um continente (Vozes d'África). Não era mais o menino que brincava de poesia, era já o poeta-condor, que iniciava os seus vôos nos céus da verdadeira poesia. Naquela mesma noite escreve o poema, tema pessoal, logo alargado na antítese mocidade-morte, a mocidade borbulhante de gênio, sedenta de justiça, de amor e de glória, dolorosamente frustrada pela morte sete anos depois.
A versão primitiva do Poema foi conservada em autógrafo, documento precioso porque revela duas coisas: o poeta não se contentava com a forma em que lhe saíam os versos no primeiro momento da inspiração; na tarefa de os corrigir e completar procedia com segura intuição e fino gosto. Cotejada a primeira versão com a que foi publicada pelo poeta em São Paulo, por volta de 68-69, verifica-se que todas as emendas foram para melhor. Baste um exemplo: o sexto verso da segunda oitava era na primeira versão "Adornada" com os prantos do arrebol, substituído na definitiva por "Que" banharam de prantos as alvoradas, verso que forma com o anterior um dístico de raro sortilégio verbal.
"vem! formosa mulher — camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas".
Quase a meio do curso, em 67, o poeta, apaixonado pela portuguesa Eugênia Câmara, parte com ela para a Bahia, onde faz representar um mau drama em prosa — "Gonzaga" ou a "Revolução de Minas". Era sua intenção concluir o bacharelato em São Paulo, aonde chegou no ano seguinte. A sua passagem pelo Rio assinalou-se pelos mesmos triunfos já alcançados em Pernambuco. Em São Paulo, nos fins de 68, feriu-se num pé com um tiro acidental por ocasião de uma caçada, do que resultou longa enfermidade, em que teve o poeta que se submeter a várias intervenções cirúrgicas e finalmente à amputação do pé. O depauperamento das forças conduziu-o à tuberculose pulmonar, a que sucumbiu em 71 no sertão de sua província natal. Antes de regressar a ela, publicara, em 70, o livro "Espumas Flutuantes", cantos por ele definidos como rebentando por vezes, ao estalar fatídico do látego da desgraça", refletindo por vezes "o prisma fantástico da ventura ou do entusiasmo".
Vulgarmente melodramático na desgraça, simples e gracioso na ventura, o que constituía o genuíno clima poético de Castro Alves era o entusiasmo da mocidade apaixonada pelas grandes causas da liberdade e da justiça — as lutas da Independência na Bahia, a insurreição dos negros de Palmares, o papel civilizador da imprensa, e acima de todas a campanha contra a escravidão. Mas este último tema não figurava nas "Espumas Flutuantes". As composições em que o tratava deveriam formar o poema "Os Escravos", o qual teria como remate "A Cachoeira de Paulo Afonso", publicada postumamente. Deixava ainda o poeta outras poesias avulsas, que era seu propósito reunir em outro livro intitulado "Hinos do Equador".
Ao livro "Os Escravos" pertenceriam "Vozes d'África" e "O Navio Negreiro", os dois poemas em que o poeta atingiu a maior altura de seu estro. O primeiro é uma soberba apóstrofe do continente escravizado, a implorar justiça de Deus. O que indignava o poeta era ver que o Novo Mundo, "talhado para as grandezas, pra crescer, criar, subir", a América, que conquistara a liberdade com formidável heroísmo, se manchava no mesmo crime da Europa.
No "O Navio Negreiro" evocava o poeta os sofrimentos dos negros na travessia da África para o Brasil. Sabe-se que os infelizes vinham amontoados no porão e só subiam ao convés uma vez ao dia para o exercício higiênico, a dança forçada sob o chicote dos capatazes.
Em Castro Alves cumpre distinguir o lírico amoroso, que se exprimia quase sempre sem ênfase e às vezes com exemplar simplicidade, como no formoso quadro do poema "Adormecida", o poeta descritivo, pintando com admirável verdade e poesia a nossa paisagem, tal em "O Crepúsculo Sertanejo", cumpre distingui-lo do épico social desmedindo-se em violentas antíteses, em retumbantes onomatopéias. A este último aspecto há que levar em conta a intenção pragmática dos seus cantos, escritos para serem declamados na praça pública, em teatros ou grandes salas —, verdadeiros discursos de poeta-tribuno. E há que reconhecer nele, mau grado os excessos e o mau-gosto ocasional, a maior força verbal e a inspiração mais generosa de toda a poesia brasileira.
Manuel Bandeira
"A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor."
 
"Quebre-s o cetro do Papa
Faça-se dele uma cruz!"
 
"A púrpura sirva ao povo
P'ra cobrir os ombros nus."
OBRAS:
Brevemente disponibilizaremos outras obras do autor.
Hinos do Equador
A Cachoeira de Paulo Afonso
Avulsos


Carlos Drummond de Andrade
Poeta, contista e cronista mineiro (1902-1987) . Considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura latino-americana. Nasce e passa a infância numa fazenda em Itabira. Estuda em Belo Horizonte e em Nova Friburgo (RJ). Forma-se em Farmácia (1925) em Ouro Preto, mas não exerce a profissão. Volta a Belo Horizonte, onde freqüenta as rodas de escritores. Integra o grupo que funda A Revista, publicação literária de tendência nacionalista que se torna o veículo mais importante do modernismo mineiro. Em 1926, entra para o jornalismo no Diário de Minas. Lança o primeiro livro, Alguma Poesia, em 1930 e, quatro anos depois, assume a chefia de gabinete do Ministério da Educação no Rio de Janeiro. Permanece no serviço público até a aposentadoria. Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) no início dos anos 40, escreve poesias de fundo social, como Sentimento do Mundo (1940) e A Rosa do Povo (1945). Mas a indignação pelas desigualdades sociais não lhe tira o profundo lirismo, o senso de humor e a emoção contida. A partir de Claro Enigma (1951), volta a registrar o vazio da vida humana e o absurdo do mundo. Em 1954 passa a escrever crônicas no Correio da Manhã e, em 1969, no Jornal do Brasil. Entre suas obras estão Lição de Coisas (1962), Os Dias Lindos (crônicas, 1978) e Boca de Luar (crônicas, 1984). (Dados extraídos do Almanaque Abril Cultural 1997)
"Entre as diversas formas de mendicância , a mais humilhante é a do amor implorado." (Carlos Drummond de Andrade)
"Existem muitos motivos para não se amar uma pessoa, mas apenas um para amá-la." (Carlos Drummond de Andrade)
"Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo"
"Se procurar bem, você acaba encontrando não a explicação (duvidosa) da vida, mas a poesia (inexplicável) da vida." Carlos Drummond de Andrade
"O problema não é inventar. É ser inventado hora após hora e nunca ficar pronta nossa edição convincente." Carlos Drummond de Andrade

"Eu nunca tive pretensões a nada na vida, nunca pretendi ser rico ou poderoso e nem mesmo feliz. Na medida do possível, acho que vivi uma vida tranqüila. Posso ter errado muitas vezes, mas valeu a pena. Foi bom." 
Carlos Drummond de Andrade, aos 80 anos.
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Amar

Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso, sozinho, em rotação universal, senão rodar também, e amar? amar o que o mar traz à praia, o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia? Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração expectante, e amar o inóspito, o áspero, um vaso sem flor, um chão de ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina. Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na concha vazia do amor à procura medrosa, paciente, de mais e mais amor. Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa, amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita. (Carlos Drummond de Andrade)
Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
Índice  
A noite desceu. Que noite! Já não enxergo meus irmãos. E nem tampouco os rumores Que outrora me perturbavam A noite desceu. Nas casas, Nas ruas onde se combate, Nos campos desfalecidos, A noite espalhou o medo E a total incompreensão. A noite caiu. Tremenda, Sem esperança... Os suspiros Acusam a presença negra Que paralisa os guerreiros. E o amor não abre caminho Na noite. A noite é mortal, Completa, sem reticências, A noite dissolve os homens, Diz que á inútil sofrer, A noite dissolve as pátrias, Apagou os almirantes Cintilantes nas ruas fardas. A noite anoiteceu tudo... O mundo não tem remédio... Os suicidas tinham razão.
 
O último dia do ano Não é o último dia do tempo. Outros dias virão E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, Farás viagens e tantas celebrações De aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia E coral,
Que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor, Os irreparáveis uivos Do lobo, na solidão.
O último dia do tempo Não é o último dia de tudo. Fica sempre uma franja de vida Onde se sentam dois homens. Um homem e seu contrário, Uma mulher e seu pé, Um corpo e sua memória, Um olho e seu brilho, Uma voz e seu eco. E quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso. Mereceste viver mais um ano. Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também. Em ti mesmo muita coisa, já se expirou, outras espreitam a morte, Mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo, E de copo na mão Esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar. O recurso da dança e do grito, O recurso da bola colorida, O recurso de Kant e da poesia, Todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas. O corpo gasto renova-se em espuma. Todos os sentidos alerta funcionam. A boca está comendo vida. A boca está entupida de vida. A vida escorre da boca, Lambuza as mãos, a calçada. A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
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Precisamos descobrir o Brasil! Escondido atrás das florestas, com a água dos rios no meio, O Brasil está dormindo, coitado. Precisamos colonizar o Brasil.
O que faremos importando francesas muito louras, de pele macia, alemãs gordas, russas nostálgicas para garçonettes dos restaurantes noturnos. E virão sírias fidelíssimas. Não convém desprezar as japonesas...,
Precisamos educar o Brasil. Compraremos professores e livros, assimilaremos finas culturas, abriremos dancings e subvencionaremos as elites.
Cada brasileiro terá sua casa com fogão e aquecedor elétricos, piscina, salão para conferências científicas. E cuidaremos do Estado Técnico.
Precisamos louvar o Brasil. Não é só um país sem igual. Nossas revoluções são bem maiores do que quaisquer outras; nossos erros também. E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões... os Amazonas inenarráveis... os incríveis Jõao-Pessoas...
Precisamos adorar o Brasil! Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão no pobre coração já cheio de compromissos... se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens, por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.
Precisamos, precisamos esquecer o Brasil! Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado, ele quer repousar de nossos terríveis carinhos. O Brasil não nos quer! Está farto de nós! Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil. Nenhum BRasil existe. E acaso existirão os brasileiros?
1934, Brejo das almas (Poemas). Belo Horizonte, Os Amigos do Livro
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porque amou por que amou se sabia p r o i b i d o p a s s e a r s e n t i m e n t o s ternos ou desesperados nesse museu do pardo indiferente me diga: mas por que amar sofrer talvez como se morre de varíola voluntária vágula evidente?
ah PORQUE AMOU e se queimou todo por dentro por fora nos cantos ecos lúgubres de você mesm(o,a) irm(ã,o) retrato espetáculo por que amou?
se era para ou era por como se entretanto todavia toda via mas toda vida é indignação do achado e aguda espotejação da carne do conhecimento, ora veja
permita cavalheir(o,a) amig(o,a) me releve este malestar cantarino escarninho piedoso este querer consolar sem muita convicção o que é inconsolável de ofício a morte é esconsolável consolatrix consoadíssima a vida também tudo também mas o amor car(o,a) colega este não consola nunca de nuncarás.
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Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo. Minha mãe ficava sentada cosendo. Meu irmão pequeno dormia Eu sozinho, menino entre mangueiras lia história de Robinson Crusoé, comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu a ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceu chamava para o café. café preto que nem a preta velha café gostoso café bom
Minha mãe ficava sentada cosendo olhando para mim: - Psiu... não corde o menino. Para o berço onde pousou um mosquito E dava um suspiro... que fundo !
Lá longe meu pai campeava no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
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No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.
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Eu preparo uma canção em que minha mãe se reconheça, todas as mães se reconheçam, e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua que passa em muitos países. Se não me vêem, eu vejo e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo como quem ama ou sorri. No jeito mais natural dois carinhos se procuram.
Minha vida, nossas vidas formam um só diamante. Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas.
Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças.
Além da Terra, além do Céu, no trampolim do sem-fim das estrelas, no rastro dos astros, na magnólia das nebulosas. Além, muito além do sistema solar, até onde alcançam o pensamento e o coração, vamos! vamos conjugar o verbo fundamental essencial, o verbo transcendente, acima das gramáticas e do medo e da moeda e da política, o verbo sempreamar, o verbo pluriamar, razão de ser e de viver.
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CARTA
 
Há muito tempo, sim, não te escrevo. Ficaram velhas todas as notícias. Eu mesmo envelheci. Olha, em relevo, estes sinais em mim, não das carícias ( tão leves ) que fazias no meu rosto: são golpes, são espinhos, são lembranças da vida a teu caminho, que ao sol-posto perde a sabedoria das crianças. A falta que me fazes não é tanto à hora de dormir, quando dizias: Deus te abençoe", e a noite abria em sonho. É quando, ao despertar, revejo a um canto a noite acumulada de meus dias, e sinto que estou vivo, e que não sonho.

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Toada do Amor

E o amor sempre nessa toada! briga perdoa perdoa briga. Não se deve xingar a vida, a gente vive, depois esquece. Só o amor volta para brigar, para perdoar, amor cachorro bandido trem.
Mas, se não fosse ele, também que graça que a vida tinha?
Mariquita, dá cá o pito, no teu pito está o infinito.
Certas palavras não podem ser ditas em qualquer lugar e hora qualquer. Estritamente reservadas para companheiros de confiança, devem ser sacralmente pronunciadas em tom muito especial lá onde a polícia dos adultos não adivinha nem alcança.
Entretanto são palavras simples: definem partes do corpo, movimentos, atos do viver que só os grandes se permitem e a nós é defendido por sentença dos séculos
E tudo proibido. Então, falamos.

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Soneto da Perdida Esperança

Perdi o bonde e a esperança. Volto pálido para a casa. A rua é inútil e nenhum auto passaria sobre meu corpo.
Vou subir a ladeira lenta em que os caminhos se fundem. Todos eles conduzem ao princípio do drama e da flora.
Não sei se estou sofrendo ou se é alguém que se diverte por que não? na noite escassa
com um insolúvel flautim Entretanto há muito tempo nós gritamos: sim! ao eterno.

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PARA SEMPRE

Por que Deus permite que as mães vão se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não se apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo - de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.

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Esta é a orelha do livro por onde o poeta escuta se delem falam mal ou se o amam. Uma orelha ou uma boca sequiosa de palavras? São oito livros velhos e mais um livro novo de um poeta ainda mais velho que a vida viveu e contudo provoca a viver sempre e nunca. Oito livros que o tempo empurrou para longe de mim mais um livro sem tempo em que o poeta se contempla e se diz boa-tarde (ensaio de bom-noite, variante de bom-dia, que tudo é o vasto dia em seus compartimentos nem sempre respiráveis e todos habitados enfim.) Não me leias se buscas flamante novidade ou sopro de Camões. Aquilo que revelo e o mais que segue oculto em vítreos alçapões são notícias humanas, simples estar-no-mundo, e brincos de palavra, um não-estar-estando, mas que tal jeito urdidos o jogo e a confissão que nem ditongo eu mesmo o vivido e o inventado. Tudo vivido? Nada. Nada vivido? Tudo. A orelha pouco explica de cuidados terrenos; e a poesia mais rica é um sinal de menos.

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ENLEIO

Que é que vou dizer a você ? Não estudei ainda o código De amor. Inventar, não posso. Falar, não sei. Balbuciar, não ouso. Fico de olhos baixos Espiando, no chão, a formiga. Você sentada na cadeira de palhinha. Se ao menos você ficasse aí nessa posição Perfeitamente imóvel, como está, Uns quinze anos ( só isso ) Então eu diria: Eu te amo Por enquanto sou apenas o menino Diante da mulher que não percebe nada. Será que você não entende, será que você é burra ?

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QUERO*

Quero que todos os dias do ano Todos os dias da vida De meia em meia hora De 5 em 5 minutos Me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo, Creio, no momento, que sou amado. No momento anterior E no seguinte, Como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão Que me amas que me amas que me amas. Do contrário evapora-se a amação Pois ao dizer: Eu te amo, Desmentes Apagas Teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado. Não exijo senão isto, Isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra Nem sei de outra maneira a não ser esta De reconhecer o Dom amoroso, A perfeita maneira de saber-se amado: Amor na raiz da palavra E na emissão, Amor Saltando da língua nacional, Amor Feito som Vibração espacial.
No momento em que não me dizes: Eu te amo, Inexoravelmentesei Que dexaste de amar-me, Que nunca me amaste antes.
Se não disseres urgente repetido Eu te amoamoamoamoamoamo, Verdade fulminante que acabas de dentranhar, Eu me precipito no caos, Essa coleção de objetos de não-amor.

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MEMÓRIA

Amar o perdido deixa confundido este coração.
Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo do Não.
As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão.
Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão.

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AS SEM-RAZÕES DO AMOR

Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabe sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga.
Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários.
Eu te amo porque te amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor.

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O MUNDO É GRANDE

O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.

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APARIÇÃO AMOROSA

Doce fantasma, por que me visitas como em outros tempos nossos corpos se visitavam? Tua transparência roça-me a pele, convida a refazermos carícias impraticáveis: ninguém nunca um beijo recebeu de rosto consumido.
Mas insistes, doçura. Ouço-te a voz, mesma voz, mesmo timbre, mesmas leves sílabas, e aquele mesmo longo arquejo em que te esvaías de prazer, e nosso final descanso de camurça. Então, convicto, ouço teu nome, única parte de ti que não se dissolve e continua existindo, puro som. Aperto... o quê? a massa de ar em que te converteste e beijo, beijo intensamente o nada. Amado ser destruído, por que voltas e és tão real assim tão ilusório? Já nem distingo mais se és sombra ou sombra sempre foste, e nossa história invenção de livro soletrado sob pestanas sonolentas. Terei um dia conhecido teu vero corpo como hoje o sei de enlaçar o vapor como se enlaça uma idéia platônica no espaço? O desejo perdura em ti que já não és, querida ausente, a perseguir-me, suave? Nunca pensei que os mortos o mesmo ardor tivessem de outros dias e no-lo transmitissem com chupadas de fogo aceso e gelo matizados. Tua visita ardente me consola. Tua visita ardente me desola. Tua visita, apenas uma esmola.

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A LOJA FEMININA

Cinco estátuas recamadas de verde na loja, pela manhã, aguardam o acontecimento. é próprio de estátuas aguardar sem prazo e cansaço que os fados se cumpram ou deixem de cumprir-se. Nenhuma ruga no imobilismo de figurinos talhados para o eterno que é, afinal, novelo de circunstâncias.
Iguais as cinco, em postura vertical, um pé à frente do outro, quase suspenso na hipótese de vôo, que não se consumará, em direção da porta sonora a ser aberta para alguém desconhecido - Vênus certamente, face múltipla - assomar em tom de pesquisa, apontando o estofo, o brinco, o imponderável que as estátuas ocultam em sigilo de espelhos. Passaram a noite em vigília, nasceram ali, habitantes de aquário, programadas em uniformes verde-musgo para o serviço de bagatelas imprescindíveis. Sabem que Vênus cedo ou tarde, provavelmente tarde e sem pintura, chegará. Chega, e o simples vulto aciona as esculturas. Ao cintilar de vitrinas e escaninhos, Ao cintilar de vitrinas e escaninhos, objetos deixam de ser inanimados. Antes de chegar à pele rósea, a pulseira cinge no ar o braço imaginário. O enfeite ocioso ganha majestade própria de divinos atributos. Tudo que a nudez torna mais bela acende faíscas no desejo. As estátuas sabem disto e propiciam a cada centímetro de carne uma satisfação de luxo erótico. O ritmo dos passos e das curvas das cinco estátuas vendedoras gera no salão aveludado a sensação de arte natural que o corpo sabe impor à contingência. Já não se tem certeza se é comercio ou desfile de ninfas na campina que o spot vai matizando em signos verdes como tapeçaria desdobrante do verde coletivo das estátuas. Hora de almoço. Dissolve-se o balé sem música no recinto. Não há mais compradoras. Hora de sol batendo nos desenhos caprichosos de manso aquário já marmorizado. As estátuas regressam à postura imóvel de cegonhas ou de guardas. São talvez manequins, de moças que eram. O viço humano perde-se no artifício de coisas integrantes de uma loja. Se estão vivas, não sei. Se acaso dormem o dormir egípcio de séculos, se morreram (quem sabe), se jamais existiram, pulsaram, se moveram, não consigo saber, pois também eu invisível na loja me dissolvo nesse enigma de formas permutantes.
JOSÉ E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
(Poema extraído do livro "JOSÉ", Carlos Drummond de Andrade, editora Record)



O SEU SANTO NOME Não facilite com a palavra amor. Não a jogue no espaço, bolha de sabão. Não se inebrie com o seu engalanado som. Não a empregue sem razão acima de toda razão (e é raro). Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra. Não a pronuncie.

(Poema extraído do livro "CORPO", Carlos Drummond de Andrade, editora Record)

Índice
 
POEMA DAS SETE FACES  
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
(...)
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
 
Carlos Drummond de Andrade

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ACORDAR VIVER

Como acordar sem sofrimento? Recomeçar sem horror? O sono transportou-me àquele reino onde não existe vida e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte, a fábula inconclusa, suportar a semelhança das coisas ásperas de amanhã com as coisas ásperas de hoje? Como proteger-me das feridas que rasga em mim o acontecimento, qualquer acontecimento que lembra a Terra e sua púrpura demente? E mais aquela ferida que me inflijo a cada hora, algoz do inocente que não sou? Ninguém responde, a vida é pétrea. Índice

A CASA DO TEMPO PERDIDO

Bati no portão do tempo perdido, ninguém atendeu. Bati segunda vez e mais outra e mais outra. Resposta nenhuma. A casa do tempo perdido está coberta de hera pela metade; a outra metade são cinzas.
Casa onde não mora ninguém, e eu batendo e chamando pela dor de chamar e não ser escutado. Simplesmente bater. O eco devolve minha ânsia de entreabrir esses paços gelados. A noite e o dia se confundem no esperar, no bater e bater. O tempo perdido certamente não existe. É o casarão vazio e condenado.
 
A GRANDE DOR DAS COUSAS QUE PASSARAM
 
 
A grande dor das cousas que passaram
transmutou-se em finíssimo prazer
quando, entre fotos mil que se esgarçavam,
tive a fortuna e graça de te ver.
 
Os beijos e amavios que se amavam,
descuidados de teu e meu querer,
outra vez reflorindo, esvoaçaram
em orvalhada luz de amanhecer.
 
Ó bendito passado que era atroz,
e gozoso hoje terno se apresenta
e faz vibrar de novo minha voz
 
para exaltar o redivivo amor
que de memória-imagem se alimenta
e em doçura converte o próprio horror!
 
Carlos Drummond de Andrade
       Índice

UNIDADE
As plantas sofrem como nós sofremos.
Por que não sofreriam
se esta é a chave da unidade do mundo?
 
A flor sofre, tocada
por mão inconsciente.
Há uma queixa abafada
em sua docilidade.
 
A pedra é sofrimento
paralítico, eterno.
 
Não temos nós, animais,
sequer o privilégio de sofrer.
 
Carlos Drummond de Andrade

Índice

A ILUSÃO DO MIGRANTE

Quando vim da minha terra,
se é que vim da minha terra
(não estou morto por lá?),
a correnteza do rio
me sussurrou vagamente
que eu havia de quedar
lá donde me despedia.
Os morros, empalidecidos
no entrecerrar-se da tarde,
pareciam me dizer
que não se pode voltar,
porque tudo é conseqüência
de um certo nascer ali.

Quando vim, se é que vim
de algum para outro lugar,
o mundo girava, alheio
à minha baça pessoa,
e no seu giro entrevi
que não se vai nem se volta


Índice

A CARNE ENVILECIDA

A carne encanecida chama o Diabo
e pede-lhe consolo. O Diabo atende
sob as mil formas de êxtase transido.
Volta a carne a sorrir, no vão intento
de sentir outra vez o que era graça
de amar em flor e em fluida beatitude.
Mas os dons infernais são novo agravo
à envilecida carne sem defesa,
e nada se resolve, e o aroma espalha-se
de flores calcinadas de horror.  
A PORTA da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
E era preciso optar. Cada um optou
confere seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos Drummond de Andrade 





                                                            CHICO XAVIER
                                                               1910 - 2002

Sua vida foi longa, 92 anos dedicados ao amor.
Ele costumava dizer que amar de verdade é não esperar ser amado...
Quem esteve perto dele algum dia pôde sentir sua grandeza espiritual.
Em vez de chorar por Chico Xavier,
leia esta sua linda mensagem cheia de sabedoria.
Em Casa
NINGUÉM FOGE À LEI DA REENCARNAÇÃO. ONTEM, atraiçoamos a confiança de um companheiro, induzindo-o à derrocada moral. HOJE, guardâmo-lo na condição do parente difícil, que nos pede sacrifício incessante.
ONTEM, abandonamos a jovem que nos amava, inclinando-a ao mergulho na lagoa do vício. HOJE, têmo-la de volta por filha incompreensiva, necessitada do nosso amor.
ONTEM, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes. HOJE, partilhamos com ele, à feição de esposo despótico ou de filho-problema, o cálice amargo da redenção.
ONTEM, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio. HOJE, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.
ONTEM, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinqüência. HOJE, achâmo-la ao nosso lado, na presença da esposa conturbada e doente, a exigir-nos a permanência no curso infatigável da tolerância.
ONTEM, dilaceramos a alma sensível de pais afetuosos e devotados, sangrando-lhes o espírito, a punhaladas de ingratidão. HOJE, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.
À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas.
Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...
A humildade é a chave de nossa libertação.
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.
Da obra: Amor e Vida em Família. Ditado pelo Espírito Emmanuel. 1995.

Pensamento:
- Tudo tem seu apogeu e seu declínio...
É natural que seja assim, todavia, quando tudo parece convergir para o que supomos o nada, eis que a vida ressurge, triunfante e bela!...
Novas folhas, novas flores, na infinita benção do recomeço!...
Francisco Cândido Xavier

Mensagem
Não estrague o seu dia. A sua irritação não solucionará problema algum...
As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas....
Os seus desapontamentos não fazem o trabalho que só o tempo conseguirá realizar... O seu mau humor não modifica a vida...
A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus...
A sua tristeza não iluminará os caminhos...
O seu desânimo não edificará a ninguém....
As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade... 
As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você...
Não estrague o seu dia... Aprenda, com a Sabedoria Divina, a desculpar infinitamente, construindo e reconstruindo sempre para o Infinito Bem.
Muita energia positiva para você.

BENÇÃO
Nasceste no lar que precisavas, 
Vestiste o corpo físico que merecias, 
Moras onde melhor Deus te proporcionou,  de acordo com teu adiantamento. Possuis os recursos financeiros coerentes com as tuas necessidades, nem mais, nem menos, mas o justo para as tuas  lutas terrenas.

Teu ambiente de trabalho é o que elegeste espontaneamente para a tua realização. Teus parentes, amigos são as almas que atraístes,  com tua própria afinidade. Portanto, teu destino está constantemente  sob teu controle.

Tu escolhes, recolhes, eleges, atrais, buscas, expulsas, modificas tudo aquilo que te rodeia a existência. Teus pensamentos e vontades são a chave  de teus atos e atitudes... São as fontes de atração e repulsão na tua jornada vivência.

Não reclames nem te faças de vítima.  Antes de tudo, analisa e observa.  A mudança está em tuas mãos. Reprograme tua meta, busque o bem e viverás melhor.

" Embora ninguém possa voltar atrás e  fazer um novo começo, qualquer um pode  começar agora e fazer um novo fim ".

BENÇÃO DO CHICO
ESTAREI COM DEUS
PASSAREI PELA TUA CASA E
LEVAREI TODOS OS TEUS PROBLEMAS.

Francisco Cândido Xavier

CITAÇÕES:
"A morte é a mudança completa de casa sem mudança essencial da pessoa".

"Planejar a infelicidade dos outros é cavar com as próprias mãos um abismo para si mesmo."

"A revolução em que acredito é aquela ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo que começa pela corrigenda de cada um, na base do façamos aos outros aquilo que desejamos que os outros nos façam".

"Eu vivo muito alegre, muito feliz, trabalho, tenho sempre muita gente em volta de mim, muita, muita gente na minha vida, é disso que eu gosto."

"Devemos efetuar campanhas de silêncio contra as chamadas fofocas, cultivando orações e pensamentos caridosos e otimistas, em favor da nossa união e da nossa paz, em geral".

"O bem que praticares, em algum lugar, é teu advogado em toda parte."

Jorge Amado, jornalista, romancista e memorialista, nasceu na Fazenda Auricídia, em Ferradas, Itabuna, BA. Eleito em 6 de abril de 1961 para a Cadeira n. 23, na sucessão de Otávio Mangabeira, foi recebido em 17 de julho de 1961 pelo acadêmico R. Magalhães Júnior.
Filho do Cel. João Amado de Faria e de D. Eulália Leal Amado. Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passou a infância e aprendeu as primeiras letras. Cursou o secundário no Colégio Antônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador — cidade que costuma chamar Bahia — onde viveu, livre e misturado com o povo, os anos da adolescência, tomando conhecimento da vida popular que iria marcar fundamentalmente sua obra de romancista. Fez os estudos universitários no Rio de Janeiro, na Faculdade de Direito, pela qual é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais (1935), não tendo, no entanto, jamais exercido a advocacia.
Aos 14 anos, na Bahia, começou a trabalhar em jornais e a participar da vida literária, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que, juntamente com os do "Arco & Flecha" e do "Samba", desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Comandados por Pinheiro Viegas, figuraram na Academia dos Rebeldes, além de Jorge Amado, os escritores João Cordeiro, Dias da Costa, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Sosígenes Costa, Válter da Silveira, Áidano do Couto Ferraz e Clóvis Amorim.
A Ariel Editora, do Rio, em 1933, publica "Cacau", com tiragem de dois mil exemplares e capa e ilustrações de Santa Rosa. O livro esgota-se em um mês; a segunda edição sai com três mil exemplares. Entre a primeira e a segunda edição de Cacau, Jorge tem acesso, através de José Américo de Almeida, aos originais de "Caetés", romance de Graciliano Ramos. Empolgado com o talento do escritor alagoano, viaja para Maceió só para conhecê-lo, iniciando uma amizade que duraria até a morte de Graciliano. Conhece também José Lins do Rego, Aurélio Buarque de Holanda e Jorge de Lima. Torna-se redator­chefe da revista "Rio Magazine". Casa-se em dezembro, em Estância, Sergipe, com Matilde Garcia Rosa. Juntos, eles lançam, pela Schmidt, o livro infantil Descoberta do mundo.
Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Estado de São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 (pelo Partido Comunista Brasileiro) e da primeira Câmara Federal após o Estado Novo, sendo responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. Viajou pelo mundo todo. Viveu exilado na Argentina e no Uruguai (1941-42), em Paris (1948-50) e em Praga (1951-52).
Foi casado com Zélia Gattai — autora de Anarquistas, graças a Deus (1979), Um chapéu para viagem (1982), Senhora dona do baile (1984), Jardim de inverno (1988), Pipistrelo das mil cores (1989) e O segredo da Rua 18 (1991) — tem dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças para teatro infantil, e Paloma, psicóloga, casada com o arquiteto Pedro Costa. É irmão do médico neuropediatra Joelson Amado e do escritor James Amado.
Escritor profissional, viveu exclusivamente dos direitos autorais de seus livros. Recebeu no estrangeiro os seguintes prêmios: Prêmio Internacional Lênin (Moscou, 1951); Prêmio de Latinidade (Paris, 1971); Prêmio do Instituto Ítalo-Latino-Americano (Roma, 1976); Prêmio Risit d'Aur (Udine, Itália, 1984); Prêmio Moinho, Itália (1984); Prêmio Dimitrof de Literatura, Sofia — Bulgária (1986); Prêmio Pablo Neruda, Associação de Escritores Soviéticos, Moscou (1989); Prêmio Mundial Cino Del Duca da Fundação Simone e Cino Del Duca (1990); e Prêmio Camões (1995).
No Brasil: Prêmio Nacional de Romance do Instituto Nacional do Livro (1959); Prêmio Graça Aranha (1959); Prêmio Paula Brito (1959); Prêmio Jabuti (1959 e 1970); Prêmio Luísa Cláudio de Sousa, do Pen Club do Brasil (1959); Prêmio Carmen Dolores Barbosa (1959); Troféu Intelectual do Ano (1970); Prêmio Fernando Chinaglia, Rio de Janeiro (1982); Prêmio Nestlé de Literatura, São Paulo (1982); Prêmio Brasília de Literatura — Conjunto de Obras (1982); Prêmio Moinho Santista de Literatura (1984); prêmio BNB de Literatura (1985).
Recebeu também diversos títulos honoríficos, nacionais e estrangeiros, entre os quais: Comendador da Ordem Andrés Bello, Venezuela (1977); Commandeur de l'Ordre des Arts et des Lettres, da França (1979); Commandeur de la Légion d'Honneur (1984); Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (1980) e do Ceará (1981); Doutor Honoris Causa pela Universidade Degli Studi de Bari, Itália (1980) e pela Universidade de Lumière Lyon II, França (1987). Grão Mestre da Ordem do Rio Branco (1985) e Comendador da Ordem do Congresso Nacional, Brasília (1986).

 Machado de Assis

Maior escritor brasileiro de todos os tempos, Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) era um mestiço de origem humílima, filho de um mulato e de um lavadeira portuguesa dos Açores. Moleque de morro, magro, franzino e doentio, o maior escritor brasileiro se fez sozinho, adquirindo a sua vasta e espantosa cultura de forma inteiramente autoditada.
Ao estudar a obra de Machado de Assis, a crítica divide-a em duas fases bem distintas cujo marco deliminatório é o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas publicado em 1881. Até essa data, a obra machadiana é marcante romântica, e nela sobressai poesia, conto e romances como Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878). Tais obras pertencem pois, à chamada primeira fase.


A partir de 1881, com a publicação das Memórias, Machado de Assis muda de tal forma que Lúcia Miguel Pereira, biógrafa e estudiosa do escritor, chega a afirmar que "tal obra não poderia ter saído de tal homem", pois, "Machado de Assis liberou o demônio interior e começa uma nova aventura": a análise de caracteres, numa verdadeira dissecação da alma humana. É a Segunda fase, fase perpassada dos ingredientes do estilo realista.
Além de contos, poesia, teatro e crítica, integram essa fase os romances seguintes, entre os quais está o nosso Dom Casmurro (1900): Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908), seu último livro, pois morre nesse mesmo ano.


Toda essa obra está ligada ao estilo realista, embora seja correto reconhecer que um escritor da categoria ao estilo realista, embora seja correto reconhecer que um escritor da categoria de Machado de Assis não pode ficar preso às delimitações de um estilo de época.
Conforme observa Helen Caldwell, Dom Casmurro é "talvez o mais fino de todos os romances americanos de ambos os continentes" ("perhaps the finest of all American novels of either continent")
Construído em flash-back, o protagonista masculino (Dom Casmurro), já cinqüentão e solitário, tenta "atar as duas pontas da vida" (infância e velhice), contando a história de sua vida ao lado de Capitu, a qual acaba tomando conta do romance, dada a sua força e o seu mistério.
RESUMO BIOGRÁFICO
1839 - Joaquim Maria Machado de Assis nasce no Rio de Janeiro, a 21 de junho
1855 - Publica seu primeiro trabalho, a poesia "A Palmeira", no jornal A Marmota Fluminense.
1858 - Começa intensa colaboração em vários jornais e revistas que, com algumas    interrupções breves, manterá pela vida toda.
1864 - Publica seu primeiro livro: Crisálidas (poesias).
1867 - É nomeado para o cargo de ajudante do diretor do Diário Oficial.
1869 - Casa-se com Carolina Augusta Xavier de Novais.
1873 - É nomeado primeiro-oficial da Secretaria do Estado do Ministério da Agricultura, Comercio e Obras Públicas.
1878/9 - Passa uma temporada em Friburgo, por motivo de doença.
1881 - Oficial de Gabinete de Pedro Luís, ministro da Agricultura.
1888 - Oficial da Ordem da Rosa, por decreto do Imperador.
1889 - Diretor da Diretoria do Comércio.
1892 - Diretor-geral da Viação
1897 - É eleito presidente da Academia Brasileira de Letras, fundada no ano anterior.
1904 - Membro correspondente da Academia das Ciências, de Lisboa. Morre sua Mulher, Carolina.
1908 - Licença para tratamento de saúde (junho). Falece no Rio de Janeiro, a 29 de setembro.
OBRAS DO AUTOR
POESIAS
Crisálidas (1864); Falenas (1870); Americanas (1875); Poesias completas (1901)
 
ROMANCE
Ressurreição (1872); A Mão e a Luva (1874); Helena (1876); Iaiá Garcia (1878); Memórias póstumas de Brás Cuba (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).
 
CONTO
Contos Fluminenses (1870); Histórias da meia noite (1873); Papéis avulsos (1882); Histórias sem data (1884); Várias histórias (1896); Páginas recolhidas (1899); Relíquias de casa velha (1906).
 
TEATRO
Queda que as mulheres têm para os tolos (1861); Desencantos (1861); Hoje avental, amanhã luva (1861); O caminho da porta (1862); O protocolo (1862); Quase ministro (1863); Os deuses de casaca (1865); Tu, só tu, puro amor (1881); Teatro coligido (incluindo) Não consultes médico e Lição de botânica (1910).
 
ALGUMAS OBRAS PÓSTUMAS
crítica (1910); Outras relíquias (contos) (1921); A semana (crônica) 1914, 1937) - 3 vol.; Páginas escolhidas (contos) (1921); Novas relíquias (contos) (1932); Crônicas (1937); Contos fluminenses - 2o. vol. (1937); Crítica literária (1937); Crítica teatral (1937);  Histórias românticas (1937); Páginas esquecidas (1939); Casa velha (1944); Diálogos e reflexões de um relojoeiro (1956); Crônicas de Lélio (1958). 

POESIAS
" Círculo vicioso "

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
 
- Pudesse eu copiar o transparente lume, 
que, da grega coluna á gótica janela,
 contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
 Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
 
- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela 
claridade imortal, que toda a luz resume !
 Mas o sol, inclinando a rutila capela:
 
- Pesa-me esta brilhante aureola de nume... 
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
 Porque não nasci eu um simples vaga-lume?
" Em memória de Camões "

Um dia, junto á foz de brando e amigo
rio de estanhas gentes habitado,
pelos mares asperrimos levado,
salvaste o livro que viveu contigo.
 
E esse que foi ás ondas arrancado,
já livre agora do mortal perigo,
serve de arca imortal, de eterno abrigo,
não só a ti, mas ao teu berço amado.
 
Assim, um homem só, naquele dia, 
naquele escasso ponto do universo,
língua, historia, nação, armas, poesia,
 
salva das frias mãos do tempo adverso.
E tudo aquilo agora o desafia.
E tão sublime preço cabe em verso.
" Luz entre sombras "

E' noite medonha e escura,
muda como o passamento
uma só no firmamento
tremula estrela fulgura.
 
Fala aos ecos da espessura
a chorosa harpa do vento,
e num canto sonolento
entre as arvores murmura.
 
Noite que assombra a memória,
 noite que os medos convida, 
erma, triste, merencória.
 
No entanto... minh'alma olvida
dor que se transforma em gloria,
morte que se rompe em vida.
" A Carolina "

Querida! Ao pé do leito derradeiro, 
em que descansas desta longa vida, 
aqui venho e virei, pobre querida,
 trazer-te o coração de companheiro.
 
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
 que, a despeito de toda a humana lida,
 fez a nossa existência apetecida 
e num recanto pôs um mundo inteiro...
 
Trago-te flores - restos arrancados 
da terra que nos viu passar unidos 
e ora mortos nos deixa e separados;
 
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
 pensamentos de vida formulados,
 são pensamentos idos e vividos.
" Verme "
 
Existe uma flor que encerra
Celeste orvalho e perfume.
Plantou-a em fecunda terra
Mão benéfica de um nume.
 
Um verme asqueroso e feio
Gerado em lodo mortal,
Busca esta flor virginal
E vai dormir-lhe no seio.
 
Morde, sangra, rasga e mina,
Suga-lhe a vida e o alento;
A flor o calix inclina;
As folhas, leva-as o vento,
 
Depois, nem resta o perfume
Nos ares da solidão...
Esta flor é o coração,
Aquele verme o ciúme.
" Quando ela fala "

Quando ela fala, parece
que a voz da brisa se cala;
talvez um anjo emudece 
quando ela fala.
 
Meu coração dolorido
as suas magoas exala.
E volta ao gozo perdido
 quando ela fala.
 
Pudesse eu eternamente,
 ao lado dela, escutai-a, 
ouvir sua alma inocente
quando ela fala.
 
Minh'alma, já semi-morta,
 conseguira ao céu alça-la, 
porque o céu abre uma porta
quando ela fala.
CITAÇÕES
"O protesto do homem é filho de um velho instinto de resistência à autoridade. Uma vez criado, o homem desobedeceu logo ao Criador, que aliás, lhe dera um paraíso para viver; mas não há paraíso que valha o gosto da oposição. Que o homem se acostume às leis, vá; que incline o colo à força e ao bel-prazer, vá também; é o que se dá com a planta quando sopra o vento. Mas que abençoe a força e cumpra as leis sempre, sempre, sempre, é violar a liberdade primitiva, a liberdade do velho Adão."  - Esaú e Jacó.
"Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir. *
“Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão.” 
"A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal." 
"A prece é a escada misteriosa de Jacó: por ela sobem os pensamentos ao céu; por ela descem as divinas consolações." (Helena)
"O melhor modo de viver em paz é nutrir o amor próprio dos outros com pedaços do nosso" (Helena)
" Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos lhe há de ir." (Don Casmurro)
"Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar."
"O amor não nasce de uma circunstância fortuita , nem de uma longa intimidade, é uma harmonia entre duas naturezas, que se reconhecem e se completam."  - Ressurreição
"Faço o que posso, mas para mim o trabalho é distração necessária" 
 
"Não se luta contra o destino; o melhor é deixar que nos pegue pelos cabelos e nos arraste até onde queira alçar-nos ou despenhar-nos - Esaú e Jacó
 
"O destino não é só dramaturgo, é também o seu próprio contra-regra, isto é, designa a entrada dos personagens em cena, dá-lhes as cartas e outros objetos, e executa dentro os sinais correspondentes ao diálogo" - Don Casmurro
 
"As aventuras são a parte torrencial e vertiginosa da vida, isto é, a exceção" – Memórias póstumas de Brás Cubas
 
"Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens que de um terceiro andar" - Ibdem
"Acomodar-se às circunstâncias do momento, faz hábeis os homens e estimáveis as mulheres".
"Perdem o bem pelo receio de o buscar" – Ressurreição)



Biografia
Em 2 de Outubro de 1869, nascia Mohandas Karamchand Gandhi, em Kathiawar, estado de Porbunder, na Índia, líder pacifista da humanidade e principal personalidade da independência desse país. Mais novo dos três filhos de Karamchand Gandhi (Kaba Gandhi) e sua esposa Putlibai. Kaba Gandhi foi primeiro ministro nos estados de Porbunder, Rajkot e Vankaner.
Em 1883, com apenas treze anos, contraiu matrimônio com a Sra. Kasturbai Makanji, que também contava com treze anos a época.
Formou-se em direito em Londres e, em 1891, voltou para a Índia a fim de praticar a advocacia.
Dois anos depois, vai para a África do Sul, também colônia britânica, onde inicia o movimento pacifista, lutando pelos direitos dos hindus.
Volta à Índia em 1914 e difunde seu movimento, cujo método principal é a resistência passiva. Nega colaboração com o domínio britânico e prega a não violência como forma de luta.
Em 1922, organiza uma greve contra o aumento de impostos, na qual uma multidão queima um posto policial.
Detido, declara-se culpado e é condenado à seis anos, mas sai da prisão em 1924.
Em 1930, lidera marcha para o mar, quando milhares de pessoas andam mais de 320 quilômetros a pé, para protestar contra os impostos sobre o sal.
Visitando a Inglaterra
O domínio colonial britânico durou mais de duzentos anos. Os indianos eram considerados cidadãos de segunda classe.
Em 1930, Gandhi viaja a Londres para pedir que a Inglaterra conceda independência à Índia. Lá, visita bairros operários.
"Sei que guardarei para sempre, em meu coração, a lembrança da acolhida que recebi do povo pobre de East London", diz Gandhi.
Ao retornar à Índia, é recebido em triunfo por milhares de pessoas, ainda que nada de muito significativo tenha resultado da viagem.
Gandhi anuncia à multidão que pretende continuar em sua campanha pela desobediência civil, para obrigar a Inglaterra a dar a independência à Índia. Os britânicos, outra vez, o mandam para a prisão.
Em 1942 o governo inglês manda para Nova Delhi Sir Stafford Cripps, com a missão de negociar com Gandhi. As propostas que Sir Cripps traz são inaceitáveis para Gandhi, que deseja independência total. Gandhi retoma a campanha pela desobediência civil. Desta vez é preso e condenado a dois anos de cadeia.
Quando Lord Louis Mountbatten torna-se vice-rei, aproxima-se de Gandhi e nasce, entre Gandhi, Lord e Lady Mountbatten, uma grande amizade.
Em 1947, é proclamada a independência da Índia, mas no verão desse mesmo ano, a hostilidade entre hindus e muçulmanos atinge o auge do fanatismo. Nas ruas há milhares de cadáveres. Os muçulmanos reivindicam um Estado independente, o Paquistão. Gandhi tenta restabelecer a paz e evitar a luta entre hindus e muçulmanos, aceitando a divisão do país e dando início a uma décima-quinta greve de fome. O sacrifício pessoal de Gandhi e sua firmeza conseguem o que nem os políticos nem o exército conseguiram: a Índia conquista sua independência e é criado o Estado muçulmano do Paquistão. A divisão atrai para ele o ódio dos nacioinalistas hindus.
Gandhi morre em 30 de janeiro de 1948, assassinado por um hindu. Estava com 78 anos. Lord e Lady Mountbatten, ao lado de um milhão de indianos, comparecem ao funeral. Parte de suas cinzas são lançadas às águas sagradas do Rio Jumna.
Em janeiro de 1996, parte das cinzas de Mahatma Gandhi é lançada no Rio Ganges, na cidade de Allahabad, local sagrado para os hinduístas. A cerimônia acontece no 49º aniversário de morte do líder pacifista.
Gandhi foi um pacifista convicto e sempre pregou uma doutrina de não-violência. Desejava que a paz reinasse entre hindus e muçulmanos; entre indianos e ingleses e entre toda a humanidade, por isso e muito mais, o "Mahatma Gandhi" permanecerá, para sempre, como símbolo da resistência pela NÃO-VIOLÊNCIA.
Mohandas Karamchand Gandhi, o conhecido "Mahatma" (A Grande Alma) estará para sempre, sem dúvida alguma, por suas palavras e atitudes, entre os homens que mais enobreceram a raça humana.



Pensamentos de Mahatma Gandhi







 







"O desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida tenho sempre verificado a certeza disto." 







 







"Creio poder afirmar, sem arrogância e com a devida humildade, que a minha mensagem e os meus métodos são válidos, em sua essência, para todo o mundo."







 







"Acho que vai certo método através das minhas incoerências. Creio que há uma coerência que passa por todas as minhas incoerências, assim como há na natureza uma unidade que permeia as aparentes diversidades."







 







"As enfermidades são os resultados, não só dos nossos atos, como também dos nossos pensamentos."







 







"Satyagraha - a força do espírito - não depende do número, depende do grau de firmeza."







 







"Satyagraha e Ahimsa são como duas faces da mesma medalha, ou melhor, como as duas cades de um pequeno disco de metal liso e sem incisões. Quem poderá dizer qual é a certa? A não-violência é o meio. A Verdade, o fim." 







 







"A minha vida é um Todo indivisível, e todos os meus atos convergem uns nos outros; e todos eles nascem do insaciável amor que tenho para com toda a humanidade." 







 







"Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a verdade, a substância de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi constantemente ampliando."







 







"Minha devoção à verdade empurrou-me para a política; e posso dizer, sem a mínima hesitação, e também com toda a humildade que, não entendem nada de religião aqueles que afirmam que ela nada tem a ver com a política."







 







"A minha preocupação não está em ser coerente com as minhas afirmações anteriores sobre determinado problema, mas em ser coerente com a verdade."







 







"O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo, a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver."







 







"O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente, que há no mundo." 







 







"O Amor e a verdade estão tão unidos entre si que é praticamente impossível separá-los. São como duas faces da mesma medalha." 







 







"O ahimsa (amor) não é somente um estado negativo que consiste em não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em fazer o bem a todos, inclusive a quem faz o mal." 







 







"O ahimsa não é coisa tão fácil. É mais fácil dançar sobre uma corda que sobre o fio da ahimsa."







 







"Só podemos vencer o adversário com o amor, nunca com o ódio." 







 







"A única maneira de castigar quem se ama é sofrer em seu lugar." 







 







"É o sofrimento, e só o sofrimento, que abre no homem a compreensão interior."







 







"Unir a mais firme resistência ao mal com a maior benevolência para com o malfeitor. Não existe outro modo de purificar o mundo." 







 







"A minha natural inclinação para cuidar dos doentes transformou-se aos poucos em paixão; a tal ponto que muitas vezes fui obrigado a descuidar o meu trabalho. . ." 







 







"A não-violência é a mais alta qualidade de oração. A riqueza não pode consegui-la, a cólera foge dela, o orgulho devora-a, a gula e a luxúria ofuscam-na, a mentira a esvazia, toda a pressão não justificada a compromete."







 







"Não-violência não quer dizer renúncia a toda forma de luta contra o mal. Pelo contrário. A não-violência, pelo menos como eu a concebo, é uma luta ainda mais ativa e real que a própria lei do talião - mas em plano moral." 







 







"A não-violência não pode ser definida como um método passivo ou inativo. É um movimento bem mais ativo que outros que exigem o uso das armas. A verdade e a não-violência são, talvez, as forças mais ativas de que o mundo dispõe."







 







"Para tornar-se verdadeira força, a não-violência deve nascer do espírito."







 







"Creio que a não-violência seja infinitamente superior à violência, e que o perdão seja bem mais viril que o castigo..."







 







"A não-violência, em sua concepção dinâmica, significa sofrimento consciente. Não quer absolutamente dizer submissão humilde à vontade do malfeitor, mas um empenho, com todo o ânimo, contra o tirano. Assim, um só indivíduo, tendo como base esta lei, pode desafiar os poderes de um império injusto para salvar a própria honra, a própria religião, a própria alma e adiantar as premissas para a queda e a regeneração desse mesmo império."







 







"O método da não-violência pode parecer demorado, muito demorado, mas eu estou convencido de que é o mais rápido."







 







"Após meio século de experiência, sei que a humanidade não pode ser libertada senão pela não-violência. Se bem entendi, é esta a lição central do cristianismo."







 







"Só se adquire perfeita saúde vivendo na obediência às leis da Natureza. A verdadeira felicidade é impossível sem a verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão automaticamente sujeitos a controle quando a gula estiver sob controle. Aquele que domina os próprios sentidos conquistou o mundo inteiro e tornou-se parte harmoniosa da natureza."







 







"A civilização, no sentido real da palavra, não consiste na multiplicação, mas na vontade de espontânea limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade e a verdadeira satisfação. E aumenta a capacidade de servir."







 







"É injusto e imoral tentar fugir às conseqüências dos próprios atos. É justo que a pessoa que come em demasia se sinta mal ou jejue. É injusto que quem cede aos próprios apetites fuja às conseqüências, tomando tônicos ou outros remédios. É ainda mais injusto que uma pessoa ceda às próprias paixões animalescas e fuja às conseqüências dos próprios atos."







 







"A Natureza é inexorável, e vingar-se-á completamente de uma tal violação de suas leis."







 







"Aprendi, graças a uma amarga experiência, a única suprema lição: controlar a ira. E do mesmo modo que o calor conservado se transforma em energia, assim a nossa ira controlada pode transformar-se em uma função capaz de mover o mundo. Não é que eu não me ire ou perca o controle. O que eu não dou é campo à ira. Cultivo a paciência e a mansidão e, de uma maneira geral, consigo. Mas quando a ira me assalta, limito-me a controlá-la. Como consigo? É um hábito que cada um deve adquirir e cultivar com uma prática assídua."







 







"O silêncio já se tornou para mim uma necessidade física espiritual. Inicialmente escolhi-o para aliviar-me da depressão. A seguir precisei de tempo para escrever. Após havê-lo praticado por certo tempo descobri, todavia, seu valor espiritual. E, de repente, dei conta de que eram esses momentos em que melhor podia comunicar-me com Deus. Agora, sinto-me como se tivesse sido feito para o silêncio."







 







"Aqueles que têm um grande autocontrole, ou que estão totalmente absortos no trabalho, falam pouco. Palavra e ação juntas não andam bem. Repare na natureza: trabalha continuamente, mas em silêncio."







 







"Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros."







 







"Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa."







 







"A verdadeira educação consiste em pôr a descoberto ou fazer atualizar o melhor de uma pessoa. Que livro melhor que o livro da humanidade ?"







 







"Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas esteja tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade possível."







 







"Nada mais longe do meu pensamento que a idéia de fechar-me e erguer barreiras. Mas afirmo, com todo respeito, que o apreço pelas demais culturas pode convenientemente seguir, e nunca anteceder, o apreço e a assimilação da nossa. (...) Um aprendizado acadêmico, não baseado na prática, é como um cadáver embalsamado, talvez para ser visto, mas que não inspira nem nobilita nada. A minha religião proíbe-me de diminuir ou desprezar as outras culturas, e insiste, sob pena de suicídio civil, na necessidade de assimilar e viver a vida."







 







"Ler e escrever, por si, não são educação. Eu iniciaria a educação da criança, portanto, ensinando-lhe um trabalho manual útil, e colocando-a em grau de produzir desde o momento em que começa sua educação. Desse modo, todas as escolas poderiam tornar-se auto-suficientes, com a condição de o Estado comprar os manufaturados."







 







"Acredito que um tal sistema educativo permitira o mais alto desenvolvimento da mente e da alma. É preciso, porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas mecanicamente, como se faz hoje, mas cientificamente, isto é, a criança deveria saber o porquê e o como de cada operação."







 







"Os olhos, os ouvidos e a língua vêm antes da mão. Ler vem antes de escrever e desenhar antes de traçar as letras do alfabeto."







 







"Se seguirmos este método, a compreensão das crianças terá a oportunidade de se desenvolver melhor do que quando é freada, iniciando-se a instrução pelo alfabeto."







 







"Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é 'tabu'."







 







"A desobediência civil é um direito intrínseco do cidadão. Não ouse renunciar, se não quer deixar de ser homem. A desobediência civil nunca é seguida pela anarquia. Só a desobediência criminal deve ser reprimida com a força. Reprimir a desobediência civil é tentar encarcerar a consciência."







 







"Todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão."







 







"Quem busca a verdade, quem obedece a lei do amor, não pode estar preocupado com o amanhã."







 







"As divergências de opinião não devem significar hostilidade. Se fosse assim, minha mulher e eu deveríamos ser inimigos figadais. Não conheço duas pessoas no mundo que não tenham tido divergências de opinião. Como seguidor da Gita (Bhagavad Gita), sempre procurei nutrir pelos que discordam de mim o mesmo afeto que nutro pelos que me são mais queridos e vizinhos."







 







"Continuarei confessando os erros cometidos. O único tirano que aceito neste mundo é a "silenciosa e pequena voz" dentro de mim. Embora tenha que enfrentar a perspectiva de formar minoria de um só, creio humildemente que tenho coragem de encontrar-me numa minoria tão desesperadora."







 







"Nas questões de consciência a lei da maioria não conta."







 







"Estou firmemente convencido de que só se perde a liberdade por culpa da própria fraqueza."







 







"Acredito na essencial unidade do homem e, portanto, na unidade de tudo o que vive. Por conseguinte, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida."







 







"Minha missão não se esgota na fraternidade entre os indianos. A minha missão não está simplesmente na libertação da Índia, embora ela absorva, em prática, toda a minha vida e todo o meu tempo. Por meio da libertação da Índia espero atuar e desenvolver a missão da fraternidade entre os homens."







 







"O meu patriotismo não é exclusivo. Engloba tudo. Eu repudiaria o patriotismo que procurasse apoio na miséria ou na exploração de outras nações. O patriotismo que eu concebo não vale nada se não se conciliar sempre, sem exceções, com o bem maior e com a paz de toda a humanidade."







 







"A mulher deve deixar de se considerar o objeto da concupiscência do homem. O remédio está em suas mãos, mais que nas mãos do homem."







 







"Uma vida sem religião é como um barco sem leme."







 







"A fé – um sexto sentido – transcende o intelecto sem contradizê-lo."







 







"A minha fé, nas densas trevas, resplandece mais viva."







 







"Somente podemos sentir deus destacando-nos dos sentidos."







 







"O que eu quero alcançar, o ideal que sempre almejei com sofreguidão (...) é conseguir o meu pleno desenvolvimento, ver Deus face-a-face, conseguir a libertação do Eu."







 







"Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma."







 







"A oração salvou-me a vida. Sem a oração teria ficado muito tempo sem fé. Ela salvou-me do desespero. Com o tempo a minha fé aumentou e a necessidade de orar tornou-se mais irresistível... A minha paz muitas vezes causa inveja. Ela vem-me da oração. Eu sou um homem de oração. Como o corpo se não for lavado fica sujo, assim a alma sem oração se torna impura."







 







"O Jejum é a oração mais dolorosa e também a mais sincera e compensadora."







 







"O Jejum é uma arma potente. Nem todos podem usá-la. Simples resistência física não significa aptidão para jejum. O Jejum não tem absolutamente sentido sem fé em Deus."







 







"Para mim, nada mais purificador e fortificante que um jejum."







 







"Os meus adversários serão obrigados a reconhecer que tenho razão. A verdade triunfará. . . Até agora todos os meus jejuns foram maravilhosos: não digo em sentido material, mas por aquilo que acontece dentro de mim. É uma paz celestial."







 







"Jejum para purificar a si mesmo e aos outros é uma antiga regra que durará enquanto o homem acreditar em Deus."







 







"Tenho profunda fé no método de jejum particular e público. . . Sofrer, mesmo até a morte e, portanto, mesmo mediante um jejum perpétuo, é a arma extrema do satyagrahi. É o último dever que podemos cumprir. O Jejum faz parte de meu ser, como acontece, em maior ou menor escala, com todos os que procuraram a verdade. Eu estou fazendo uma experiência de ahimsa em vasta escala, uma experiência talvez até hoje desconhecida pela história."







 







"Quem quer levar uma vida pura deve estar sempre pronto para o sacrifício."







 







"O dever do sacrifício não nos obriga a abandonar o mundo e a retirar-nos para uma floresta, e sim a estar sempre prontos a sacrificar-nos pelos outros."







 







"Quem venceu o medo da morte venceu todos os outros medos."







 







"Os louvores do mundo não me agradam; pelo contrário, muitas vezes me entristecem."







 







"Quando ouço gritar Mahatma Gandhi Ki jai, cada som desta frase me transpassa o coração como se fosse uma flecha. Se pensasse, embora por um só instante, que tais gritos podem merecer-me o swaraj; conseguiria aceitar o meu sofrimento. Mas quando constato que as pessoas perdem tempo e gastam energias em aclamações vãs, e passam ao longo quando se trata de trabalho, gostaria que, em vez de gritarem meu nome, me acendessem uma pira fúnebre, na qual eu pudesse subir para apagar, de uma vez por todas, o fogo que arde no coração."







 







"Uma civilização é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias."







 







"Sei, por experiência, que a castidade é fácil para quem é senhor de si mesmo."







 







"O brahmacharya é o controle dos sentidos no pensamento, nas palavras, e na ação. . . O que a ele aspira não deixará nunca de ter consciência de suas faltas, não deixará nunca de perseguir as paixões que se aninham ainda nos ângulos escuros de seu coração, e lutará sem trégua pela total libertação."







 







"O brahmacharya, como todas as outras regras, deve ser observado nos pensamentos, nas palavras e nas ações. Lemos na Gita, e a experiência confirma-no-lo todos os dias, que quem domina o próprio corpo, mas alimenta maus pensamentos, faz um esforço vão. Quando o espírito se dispersa, o corpo inteiro, cedo ou tarde, o segue na perdição.







 







"Por vezes pensa-se que é muito difícil, ou quase impossível, conservar castidade. O motivo desta falsa opinião é que, freqüentemente, a palavra castidade é entendida em sentido limitado demais." Pensa-se que a castidade é o domínio das paixões animalescas. Esta idéia de castidade é incompleta e falsa.







 







"Vivo pela libertação da índia e morreria por ela, pois é parte da verdade. Só uma Índia livre pode adorar o Deus verdadeiro. Trabalho pela libertação da Índia porque o meu Swadeshi me ensina que, tendo nascido e herdado sua cultura, sou mais apto a servir à Índia e ela tem prioridade de direitos aos meus serviços. Mas o meu patriotismo não é exclusivo; não tem por meta apenas não fazer mal a ninguém, mas fazer bem a todos no verdadeiro sentido da palavra. A libertação da Índia, como eu a concebo, não poderá nunca constituir ameaça para o mundo."







 







"Possuo a não-violência do corajoso? Só a morte dirá. Se me matarem e eu conseguir ter, uma oração nos lábios pelo meu assassino e o pensamento em Deus, ciente da sua presença viva no santuário do meu coração, então, e só então, poder-se-á dizer que possuo a não-violência do corajoso."







 







"Não desejo morrer pela paralisação progressiva das minhas faculdades, como um homem vencido. A bala de meu assassino poderia pôr fim à minha vida. Acolhê-la-ia com alegria."







 







"A regra de ouro consiste em sermos amigos do mundo e em nos considerarmos uma grande família humana. Quem faz distinção entre os fiéis da própria religião e os de outra, deseduca os membros da sua religião e abre caminho para o abandono, a irreligião."







 







"A força de um homem e de um povo está na não-violência. Experimentem. "







Sobre a Revolução Não Violenta de Mahatma Gandhi







 







" Gandhi continua o que o Buddha começou. Em Buddha o espírito é o  jogo do amor isto é, a tarefa  de criar condições espirituais diferentes no mundo; Gandhi dedica-se a transformar as condições existenciais" (Albert Schweitzer)







 







" Não violência é a lei de nossa espécie, assim como a violência é a lei do bruto.  O espírito, dormente no bruto, não sabe nenhuma lei que não a do poder físico.  A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta - a força do espírito ". 
(Mahatma Gandhi)







 







" Se o homem perceber  que é desumano obedecer a leis que são injustas,  a tirania de nenhum homem o escravizará". 
(Mahatma Gandhi)







 







"Não pode haver nenhuma paz interior sem o verdadeiro conhecimento ".
(Mahatma Gandhi)







 







"Para a autodefesa, eu restabeleceria a cultura espiritual.  A melhor autodefesa, e a mais duradoura, é a autopurificação ".
(Mahatma Gandhi)




Pegue um sorriso
e doe-o a quem jamais o teve...
Pegue um raio de sol
e faça-o voar lá onde reina a noite...
Pegue uma lágrima
e ponha no rosto de quem jamais chorou...
Pegue a coragem
e ponha-a no ânimo de quem não sabe lutar...
Descubra a vida
e narre-a a quem não sabe entendê-la...
Pegue a esperança
e viva na sua luz...
Pegue a bondade
e doe-a a quem não sabe doar...
Descubra o amor
e faça-o conhecer o mundo...

(Mahatma Gandhi)
Se eu pudesse...

Se eu pudesse deixar algum presente a você,
deixaria aceso o sentimento de amar
a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo
o que foi ensinado pelo tempo a fora.
Lembraria os erros que foram cometidos
para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse,
o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse,
um segredo:
O de buscar no interior de si mesmo
a resposta e a força para
encontrar a saída." 
(Mahatma Gandhi

A força não provém da capacidade física, e sim de uma vontade indomável. (Mahatma Gandhi)
A felicidade não está em viver, mas em saber viver. Não vive mais o que vive, mas o que melhor vive. (Mahatma Gandhi)
O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver. (Mahatma Gandhi)
A arte da vida consiste em fazer da vida uma obra de arte. (Mahatma Gandhi)
Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome. (Mahatma Gandhi)
O único tirano que aceito neste mundo é a voz silenciosa dentro de mim, a consciência.
Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer ! (Gandhi)
Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.
Acredito na essencial unidade do homem, e portanto na unidade de todo o que vive. Desse modo, se um homem progredir espiritualmente, o mundo inteiro progride com ele, e se um homem cai, o mundo inteiro cai em igual medida.  
Na minha humilde opinião, a não-cooperação com o mal é um dever tão importante quanto a cooperação com o bem.  
A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos.  
Ahimsa (não-violência) é o atributo da alma e por isso deve ser praticado por todos, em todos os momentos da vida. Se não pode ser praticado em todas as áreas da vida, então não tem qualquer valor prático.  
Mas creio que a não-violência é infinitamente superior à violência, o perdão é mais nobre que a punição. O perdão enobrece um soldado. Mas a abstenção só é perdão quando há o poder para punir; não tem sentido quando pretende proceder de uma criatura desamparada. Um camundongo dificilmente perdoa um gato que o dilacera. Compreendo os sentimentos daqueles que clamam pela punição condigna do General Dyer e outros iguais. Haveriam de esquartejá-lo, se pudessem. Mas não creio que a Índia seja desamparada. Não me considero uma criatura desamparada. Apenas quero usar a força da Índia e a minha própria para um propósito melhor.
A força da não-violência é infinitamente mais maravilhosa e sutil que as forças materiais da natureza, como a eletricidade.  
A não-violência não consiste em renunciar a toda luta real contra o mal. A não-violência, tal como eu a concebo, é, ao contrário, uma luta contra o mal mais ativa e mais real que a da Lei de Talião, cuja natureza própria é desenvolver, com efeito, a perversidade. Considero que lutar contra o que é imoral pressupõe uma oposição mental e, conseqüentemente, moral. Busco neutralizar completamente a espada do tirano, não a trocando por um aço melhor, mas iludindo sua expectativa de encontrar em mim uma resistência física. Ele encontrará em mim uma resistência de alma que escapará à sua força. Tal resistência o deslumbrará e o obrigará a inclinar-se. E o fato de inclinar-se não humilhará o agressor, mas o enaltecerá. Podemos dizer que isto seria um estado ideal. E o é!  
O teste maior da não-violência está no fato de não ficar qualquer rancor depois de uma conflito não-violento, com os inimigos se convertendo em amigos. Essa foi minha experiência na África do Sul com o General Smuts. Ele começou como o meu oponente e crítico mais encarniçado. Hoje, é meu amigo mais caloroso...  
A não-violência nunca deve ser usada como um escudo para a covardia. É uma arma para os bravos.  
Constatei que a vida persiste mesmo em meio à destruição e que deve, conseqüentemente, existir uma lei mais alta que a da destruição. Será unicamente através de uma tal lei que a sociedade organizada poderá ser compreendida e que a vida valerá a pena ser vivida. Ora, se tal é a lei da vida, devemos aplicá-la em nossa existência diária. Onde houver conflito, onde houver oposição, triunfe através do amor. Através de tal método rudimentar coloco em minha vida esta lei. Isto não significa que todos os meus problemas encontrem solução. Mas constatei que esta lei do amor se mostra tão eficaz que jamais tive em mim a lei da destruição.  
Só quando se vêem os próprios erros através de uma lente de aumento, e se faz exatamente o contrário com os erros dos outros, é que se pode chegar à justa avaliação de uns e de outros. 
Temos de fazer com que a verdade e a não-violência não sejam metas apenas para a prática individual, mas para a prática de grupos, comunidades e nações. Esse pelo menos é o meu sonho. Viverei e morrerei tentando realizá-lo. Minha fé me ajuda a descobrir novas verdades a cada dia que passa.  
O mundo não é totalmente governado pela lógica: a própria vida envolve certa espécie de violência, e a nós nos compete escolher o caminho da violência menor.
Ao rejeitar a espada, não tenho senão a lâmina do amor para oferecer àquele que investiu contra mim. É ao oferecer-lhe esta lâmina que espero sua aproximação. Não posso conceber um estado de hostilidade permanente entre um homem e outro. Pois, crendo na reencarnação, vivo na esperança que, se não nesta vida humana mas numa outra, poderei cingir toda a humanidade num fraternal abraço.




                                                                 Paulo Coelho
                                                             Biografia do autor
O escritor brasileiro Paulo Coelho nasceu em 1947, na cidade do Rio de Janeiro. Antes de dedicar-se inteiramente à literatura, trabalhou com diretor e autor de teatro, compositor, e jornalista.
PAULO COELHO escreveu letras de música para alguns dos nomes mais famosos da musica brasileira, como Elis Regina e Rita Lee. Seu trabalho mais conhecido, porém, foram as parcerias musicais com Raul Seixas, que resultou em sucessos como ''Eu nasci há dez mil anos atrás'', ''Gita'', ''Al Capone'', entre outras 60 composições com o grande mito do rock no Brasil.
Seu fascínio pela busca espiritual, que data da época em que, como hippie, viajava pelo mundo, resultou numa série de experiências em sociedades secretas, religiões orientais, etc.
Em 1982, editou ele mesmo seu primeiro livro, Arquivos do Inferno, que não teve qualquer repercussão. Em 1985, participou do livro O Manual Prático do Vampirismo, que mais tarde mandou recolher, por considerar, segundo suas próprias palavras, ''de má qualidade''.
Em 1986, PAULO COELHO fez a peregrinação pelo Caminho de Santiago, cuja experiência seria descrita em O diário de um mago. No ano seguinte (1988), publicou O Alquimista, que - apesar de sua lenta vendagem inicial, o que provocou a desistência do seu primeiro editor - se transformaria no livro brasileiro mais vendido em todos os tempos. Outros títulos incluem Brida (1990), As Valkírias (1992), Na margem do rio Piedra eu sentei e chorei (1994), a coletânea das melhores colunas publicadas na Folha de São Paulo, Maktub (1994), uma compilação de textos seus em Frases (1995), O Monte Cinco (1996), O manual do guerreiro da luz (1997), Veronika decide morrer (1998), O demônio e a Srta. Prym (2000), a coletânea de contos tradicionais em "Histórias para pais, filhos e netos" (2001) e o Livro Onze Minutos (2003).

Fez também a adaptação de O dom supremo (Henry Drummond) e Cartas de Amor de um profeta (Khalil Gibran).
PAULO COELHO vendeu, até dezembro 2002, um total de 54 milhões de exemplares e, de acordo com a revista francesa especializada em literatura, "Lire", foi o segundo escritor mais vendido do mundo em 1998. Autor de um trabalho polêmico, tem críticos apaixonados - a favor e contra. Em março de 2002, a revista britânica "Publishing Trends" colocou "O demônio e a Srta. Prym"como um dos dez livros mais vendidos do ano 2001, apesar do título ainda não ter sido lançado nos EUA e Ásia.
O alquimista é um dos mais importantes fenômenos literários do século XX. Chegou ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos em 18 países, e vendeu, até o momento, 11 milhões de exemplares.
Tem sido elogiado por pessoas tão diferentes como o premio Nobel Kenzaburo Oe e a cantora Madonna, que o considera seu livro favorito. Já foi fonte de inspiração de vários projetos - como um musical no Japão, peças de teatro na França, Bélgica, USA, Turquia, Itália, Suíça. Agora é tema de duas sinfonias (Itália e USA), e teve seu texto ilustrado pelo famoso desenhista Moebius (autor, entre outros, dos cenários de O Quinto Elemento e Alien).
Seu trabalho está traduzido para 56 línguas, e editado em mais de 150 países.
PAULO COELHO é:
* membro do Board do Instituto Shimon Peres Para a Paz
* Conselheiro Especial da UNESCO para "Diálogos Interculturais e convergências espirituais"
* membro da diretoria da Schwab Foundation for Social Entrepreneurship
* membro da Academia Brasileira de Letras
Nota: Extraído da página oficial do autor.



TEXTOS E CITAÇÕES

Um arqueiro seguia próximo a um mosteiro hindu, conhecido por sua rigidez, quando viu os monges no jardim, bebendo e se divertindo.
“Como são cínicos aqueles que buscam o caminho de Deus”, disse em voz alta. “ Dizem que a disciplina é importante, e se embriagam às escondidas!”
“Se você disparar 100 flechas seguidas, o que acontecerá com o seu arco?”, perguntou o mais velho dos monges.
“Meu arco se quebrará”, respondeu o arqueiro.
“Se alguém se esforça além dos próprios limites, também quebra sua vontade”, disse o monge. “Quem não equilibra trabalho com descanso, perde o entusiasmo, esgota sua energia e não chega muito longe”.
(Paulo Coelho - O Que Você Salvaria)

Daqui por diante - e por algumas centenas de anos - o universo vai boicotar os preconceituosos.
A energia da terra precisa ser renovada. as idéias novas precisam de espaço. O corpo e alma precisam de novos desafios. O futuro bate à nossa porta, e todas as idéias - exceto as que envolvem preconceitos - terão chance de aparecer. O que for importante, ficará; o que for inútil, desaparecerá. Mas que cada um julgue apenas as próprias conquistas: não somos juizes dos sonhos de nosso próximo. 
Para ter fé em nosso caminho, não é preciso provar que o caminho do outro está errado. Quem age assim, não confia nos próprio passos.
Paulo Coelho - Maktub  

"Existem momentos em que gostaríamos muito de ajudar determinada pessoa, mas não podemos fazer nada. Ou as circunstâncias não permitem que nos aproximemos ou a pessoa está fechada para qualquer gesto de solidariedade e apoio.
Então, nos resta o amor. Nos momentos em que tudo o mais é inútil, ainda podemos amar – sem esperar recompensas, mudanças, agradecimentos.
Se conseguimos agir dessa maneira, a energia do amor começa a transformar o universo a nossa volta. Quando essa energia aparece, sempre consegue realizar o seu trabalho.
“O tempo não transforma o homem. O poder da vontade não transforma o homem. O amor transforma”, diz Henry Drummond."
Paulo Coelho - Livro de Anotações II

Às vezes criticamos a falta de fé dos outros. Não somos capazes de entender as circunstâncias em que esta fé foi perdida, nem procuramos aliviar a miséria do nosso irmão - que gera a revolta e a incredulidade no poder divino. 
O humanista Rober Owen (1771-1858) percorria o interior da Inglaterra falando de Deus. No século XIX era comum usar a mão-de-obra infantil em trabalhos pesados e Owen parou certa tarde em uma mina 
de carvão - onde um garoto de 12 anos, subnutrido, carregava um pesado saco de minérios.
"Estou aqui para ajudá-lo a falar com Deus", disse Owen.
"Muito obrigado, mas não o conheço. Ele deve trabalhar em outra mina", foi a resposta do garoto.
(Paulo Coelho – Caderno de Anotações II)

Um dos mais poderosos exercícios de crescimento interior consiste em prestar atenção às coisas que fazemos automaticamente - como respirar, piscar os olhos ou reparar nas coisas à nossa volta.
Sempre que fazemos isso permitimos que nosso cérebro trabalhe com mais liberdade - sem a interferência de nossos desejos. Dessa maneira, certos problemas, que pareciam insolúveis, terminam sendo resolvidos, certas dores, que julgávamos insuperáveis, terminam se dissipando sem esforço.
Quando você precisar enfrentar uma situação difícil, procure usar essa técnica. Exige um pouquinho de disciplina - mas os resultados são surpreendentes.

Um discípulo do mestre zen Bankei foi pego roubando durante a aula. Todos os outros pediram a expulsão dele, mas Bankei resolveu não fazer nada.
Dias depois, o aluno voltou a roubar, e o mestre continuou calado. Inconformados, os outros discípulos exigiram que o ladrão fosse punido, já que o mau exemplo não podia continuar.
- Como vocês são sábios – disse Bankei. - Aprenderam a distinguir  o certo do errado, e podem estudar em qualquer outro lugar. Mas este pobre irmão não sabe o que é certo ou errado e só tem a mim para ensiná-lo.
Os discípulos nunca mais duvidaram da sabedoria e da generosidade de Bankei, e o ladrão nunca mais tornou a roubar.
Paulo Coelho – Contos do Alquimista

"Existe uma obra de arte que nos foi destinada a criar. Ela é o ponto central de nossa vida, e - por mais que tentemos nos enganar - sabemos como é importante para a nossa felicidade. Geralmente esta obra de arte  está coberta por anos de medos, culpas, indecisões. Mas, se decidirmos tirar essas aparas, se não duvidarmos da nossa capacidade, somos capazes de levar adiante a missão que nos foi designada.
E esta é a única maneira de viver com honra."
Paulo Coelho ( Maktub
)

Um profeta chegou certa vez a uma cidade para converter seus habitantes.A princípio, as pessoas ficaram entusiasmadas com o que ouviam. Mas, pouco a pouco, a rotina da vida espiritual era tão difícil que homens e mulheres se afastaram, até que não ficou uma só alma para ouvi-lo.
Um viajante, ao ver o profeta pregando sozinho, perguntou:
- Por que continuas exaltando as virtudes e condenando os vícios? Não vês que ninguém aqui te escuta?
- No começo, eu esperava transformar as pessoas. Se ainda hoje continuo pregando, é apenas para impedir que as pessoas me transformem. 
Paulo Coelho - Doses de Sincronicidade

Quando perguntaram ao abade Antonio se o caminho do sacrifício levava ao céu , este respondeu:
- Existem dois caminhos de sacrifício. O primeiro é o do homem que mortifica a carne, faz penitência, porque acha que estamos condenados. Este homem sente-se culpado, e julga-se indigno de viver feliz. Neste caso, ele não chega a lugar nenhum, porque Deus não habita a culpa...
“O segundo é o do homem que, embora sabendo que o mundo não é perfeito como todos queríamos que fosse, reza, faz penitencia, oferece seu tempo e seu trabalho para melhorar o ambiente ao seu redor. Neste caso, a Presença Divina o ajuda o tempo todo, e ele consegue resultados no céu.” 
Paulo Coelho (Coleção Contos do Alquimista)

"O perdão é uma estrada de mão dupla. Sempre que perdoamos alguém, estamos também perdoando a nós mesmos. Se somos tolerantes com os outros, fica mais fácil aceitar nossos próprios erros. A partir daí, sem culpa e sem amargura, conseguimos melhorar nossa atitude diante da vida.
Pedro perguntou a Cristo: "Mestre, devo perdoar sete vezes meu próximo?" E Cristo respondeu: "Não apenas sete, mas setenta vezes". Quando - por fraqueza - permitimos que o ódio, a inveja, a intolerância fiquem vibrando ao nosso redor, terminamos nos consumindo nesta vibração. O ato de perdoar limpa o plano astral e nos mostra a verdadeira luz da Divindade."



CITAÇÕES 
"A busca da felicidade é pessoal, e não um modelo que possamos dar para os outros."
"A cada momento de nossa existência temos que escolher entre um caminho e o outro. Uma simples decisão pode afetar uma pessoa para resto da vida."
"A fé é uma conquista difícil, que exige combates diários para ser mantida.”
"A felicidade às vezes é uma benção, mas geralmente é uma conquista."
"A maior mentira do mundo: em determinado momento de nossa existência, perdemos o controle de nossas vidas, e ela passa a ser governada pelo destino."
"A melhor maneira de servir a Deus é indo ao encontro de seus próprios sonhos. Só quem é feliz pode espalhar felicidade."
"A palavra é um dos meios favoritos de Deus se manifestar. Deus se manifesta em tudo, mas a palavra é um dos seus meios favoritos de agir. Porque a palavra é o pensamento transformado em vibração; você está colocando no ar a sua volta aquilo que antes era apenas energia." (Brida)
"A vida nos pega desprevenidos e nos obriga a caminhar para o desconhecido mesmo quando não queremos, quando não precisamos."
"As coisas simples são as mais extraordinárias, e só os sábios conseguem vê-las."
"As tarefas diárias jamais impediram alguém de seguir seus sonhos."
"Às vezes um acontecimento sem importância é capaz de transformar toda a beleza em um momento de angústia. Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras."
"Certas coisas são tão importantes que precisam ser descobertas sozinhas."
"Com a força de nosso amor, de nossa vontade, podemos mudar o nosso destino, e o destino de muita gente."
"Cuidado com a solidão. Ela vicia tanto quanto as drogas."
"Deus está onde o deixam entrar."
"Deus sempre dá uma segunda chance na vida."
"É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante."
"É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo."
"É preciso não relaxar nunca, mesmo tendo chegado tão longe." 
"Existem momentos na vida que a única alternativa possível é perder o controle."
"Existem pessoas que acostumam-se com seus próprios erros, e em pouco tempo confundem seus defeitos com virtudes."
"Jamais deixe que as dúvidas paralisem suas ações..."
"Julgar-se pior que os outros é um dos mais violentos atos de orgulho - porque é usar a maneira mais destrutiva possível de ser diferente." (Brida)
"Muitas pessoas se fascinam pelos detalhes e esquecem o que procuram."
"Não existe outra maneira de estar perto das pessoas sem ser uma delas." (Brida)
"Não precisamos saber nem como nem onde, mas existe uma pergunta que todos nós devemos fazer sempre que começamos qualquer coisa."
"Não queira ser bravo, quando basta ser inteligente."
"Ninguém consegue fugir do seu coração. Por isso é melhor escutar o que ele fala. Para que jamais venha um golpe que você não espera".
"Ninguém sente medo do desconhecido, porque qualquer pessoa é capaz de conquistar tudo que quer e necessita."
"Nós sempre temos tendência de ver coisas que não existem, e ficar cegos para as grandes lições que estão diante de nossos olhos."
"O amor se descobre através da prática de amar e não das palavras." 
"O amor só descansa quando morre. Um amor vivo é um amor em conflito."
"O bom combate é aquele que é travado em nome de nossos sonhos."
"O caminho da sabedoria é não ter medo de errar."
"O esforço é saudável e indispensável, mas sem os resultados não significa nada."
"O homem é o único ser na natureza que tem consciência de que vai morrer. Mesmo sabendo que tudo irá acabar, façamos da vida uma luta digna de um ser eterno."
"O homem nunca pode parar de sonhar. O sonho é o alimento da alma, como a comida é o alimento do corpo."
"O mal não é o que entra na boca domem. O mal é o que sai dela."
"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos."
"O mundo está nas mãos daqueles que tem coragem de sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos."
"O segredo da felicidade está em olhar  todas as maravilhas do mundo e nunca se esquecer da sua missão ou do seu objetivo."
"O seu coração está onde está o seu tesouro. E seu tesouro precisa encontrado - para que tudo possa fazer sentido."
"O verdadeiro amor não consiste em tentar corrigir os outros..."
"Os olhos mostram a força da alma."
"Os sentimentos devem estar sempre em liberdade. Não se deve julgar o amor futuro pelo sentimento passado."
"Para que tenho que fazer isto."
"Para você ter uma vida espiritual, não precisa entrar para um seminário, nem fazer jejum, abstinência e castidade." (Às Margens do Rio Pietra Eu Sentei e Chorei)
"Pelo brilho nos olhos, desde o começo dos tempos, as pessoas reconhecem seu verdadeiro amor."
"Precisamos aproveitar quando a sorte está do nosso lado, e fazer tudo para ajudá-la da mesma maneira que está nos ajudando."
"Quando adiamos a colheita os frutos apodrecem, mas quando adiamos os problemas, eles não param de crescer." (Monte Cinco)
"Quando alguém deseja algo, precisa saber que está correndo riscos. Mas isto justamente que faz a vida interessante."
"Quando as dúvidas param de existir, é porque você parou em sua caminhada." (Brida)
"Quando se ama é que se consegue ser qualquer coisa da criação. Quando se ama não temos necessidade nenhuma de entender o que acontece, porque tudo passa a acontecer dentro de nós, e os homens podem se transformar em vento. Desde que os ventos ajudem, é claro."
"Quando se ama, não é preciso entender o que acontece lá fora, porque tudo passa a acontecer dentro de nós."
"Quantas coisas perdemos por medo de perder."
"Quanto mais você entender de si mesmo, mais entenderá do mundo."

"O amor é olhar as mesmas montanhas por ângulos diferentes."

"Escute seu coração. Ele conhece todas as coisas, porque veio da Alma do Mundo e um dia retornará para ela."

"Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar."

"Quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize seu desejo."

"O segredo da felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo, mas nunca se esquecer da sua missão ou do seu objetivo."

"Jamais deixe que as dúvidas paralisem suas ações. Tome sempre todas as decisões que precisar tomar, mesmo sem ter a segurança de estar decidindo corretamente."

"A felicidade, às vezes, é uma bênção, mas geralmente é uma conquista."

"É preciso correr riscos, seguir certos caminhos e abandonar outros. Nenhuma pessoa é capaz de escolher sem medo."

"A linguagem de seu coração é que irá determinar a maneira correta de descobrir e manejar a sua espada."

"Tudo que o mundo precisa são de exemplos, e não de opiniões."

"Não devemos tentar melhorar naquilo que os outros esperam de nós, mas descobrir o que esperamos de nós mesmos."

"O Amor se descobre através da prática de amar."

"O esforço é saudável e indispensável, mas sem os resultados não significa nada."

"O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar, e correr o risco de viver seus sonhos."

"A cada momento de nossa existência temos que escolher entre um caminho e outro. Com a consciência de que uma simples decisão pode afetar uma pessoa para o resto da vida."

"Somos responsáveis por tudo que acontece neste mundo. Somos os Guerreiros da Luz. Com a força do nosso amor, de nossa vontade, podemos mudar o nosso destino, e o destino de muita gente."

"Não queira ser audacioso, quando basta ser inteligente."

"As coisas simples são as mais profundas."

"Tudo o que é novo incomoda. A vida nos pega desprevenidos e nos obriga a caminhar para o desconhecido mesmo quando não queremos ou quando não precisamos."

"O primeiro sintoma de que estamos matando nossos sonhos é a falta de tempo. As pessoas mais ocupadas têm tempo para tudo. As que nada fazem estão sempre cansadas."

"Seja você quem for ou o que faça, quando quer com vontade alguma coisa, é porque esse desejo nasceu na alma do Universo."

"Certas coisas são tão importantes que precisam ser descobertas sozinhas."

"Quantas coisas perdemos por medo de perder."

"Os anjos se fazem notar apenas para aqueles que acreditam na sua existência, embora sempre estejam presentes."

"Todos nós nos preparamos para matar dragões e terminamos sendo devorados pelas formigas dos detalhes, às quais nunca prestamos atenção."

"A melhor maneira de servir a Deus é indo ao encontro de seus próprios sonhos. Só quem é feliz pode espalhar felicidade."

"É preciso estar atento, deixar que as coisas mudem. Se você mantém o que é velho, o novo não tem espaço para manifestar-se."

"Não adianta querer agradar todo mundo. Só os medíocres conseguem isso e mesmo assim à custa de muito sacrifício pessoal."

"Deus sempre dá uma segunda chance na vida."

"Quando alguém encontra seu caminho, precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada."

"Estabelecer regras, preconceitos, ou padrões, apenas empobrece nossa busca. Estar aberto para a vida, é estar aberto para o próximo."

"Quem tenta possuir uma flor verá a sua beleza murchando. Mas quem olhar uma flor no campo permanecerá para sempre com ela."

"Quando todos os dias ficam iguais, é porque deixamos de perceber as coisas boas que aparecem em nossas vidas."

"Julgar-se pior que os outros é um dos mais violentos atos de orgulho, porque é usar a maneira mais destrutiva possível de ser diferente."

"O medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos."

"Pelo brilho nos olhos, desde o começo dos tempos, as pessoas reconhecem seu verdadeiro Amor."

"É justamente a possibilidade de realizar um sonho que torna a vida interessante."

"Um verdadeiro guerreiro sabe que ao perder uma batalha está melhorando sua arte de manejar a espada. Saberá lutar com mais habilidade no próximo
combate."

"Nós sempre temos tendência de ver coisas que não existem, e ficar cegos para as grandes lições que estão diante de nossos olhos."

"No amor não existem regras. O coração decide, e o que ele decidir é o que vale."

"Deus está onde O deixam entrar."

"A única maneira de seguir nossos sonhos é sendo generoso conosco mesmo."

"Poucos aceitam o fardo da própria vitória, a maioria desiste dos sonhos quando eles se tornam possíveis."

"O amor só descansa quando morre. Um amor vivo é um amor em conflito."

"Cada momento da busca é um momento de encontro com Deus e com a Eternidade."

"A prece, quando feita com as palavras da alma, é muito mais poderosa."

"O maior de todos os pecados: o arrependimento."

"Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia."

"O que se julga cheio de virtudes fica paralisado. O que se julga cheio de culpa, também fica paralisado."

"Deus não está na tortura da alma ou nas confusões do pensamento, mas na capacidade que o homem tem - de olhar as estrelas e ficar comovido."

"Só entendemos a vida e o Universo quando não procuramos explicações. Aí tudo fica claro."

"Chegamos exatamente onde precisamos chegar, porque a Mão de Deus sempre guia aquele que segue seu caminho com fé."

"Um Guerreiro da Luz sabe que não pode prever tudo."

"Muitas pessoas se fascinam pelos detalhes e esquecem o que procuram."

"Deus é a palavra. Cuidado com o que você fala em qualquer situação ou instante de sua vida."

"O mundo se transforma e nós somos parte desta transformação. Os anjos nos guiam e nos protegem."

"Quem conhece a felicidade não consegue mais aceitar humildemente a tristeza."

"Não ofereça a Deus apenas a dor de suas penitências, ofereça também suas alegrias."

"Conhecimento sem transformação não é Sabedoria."

"Os sentimentos devem estar sempre em liberdade. Não se deve julgar o amor futuro pelo sofrimento passado."

"No Bom Combate, atacar ou fugir fazem parte da luta. O que não faz parte da luta é ficar paralisado de medo."
 
"O amor é arriscado, mas sempre foi assim. Há milhares de anos as pessoas se buscam e se encontram."

"Os que tentam matar o corpo ofendem a Lei de Deus. Os que tentam matar a alma também, embora esta falta seja menos visível aos olhos do próximo."

"O seu coração está onde está o seu tesouro. E seu tesouro precisa ser encontrado para que tudo possa fazer sentido."

"O caminho da Sabedoria é não ter medo de errar."

"Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras."

"A maior mentira do mundo: em determinado momento de nossa existência, perdemos o controle de nossas vidas, e ela passa a ser governada pelo
destino."

"Não precisamos saber nem 'como' nem 'onde', mas existe uma pergunta que devemos fazer sempre que começamos qualquer coisa. 'Para que tenho que fazer isto?"

"Só um homem que não tem vergonha de si, é capaz de manifestar a glória de Deus."

"Toda a vida do homem sobre a face da terra se resume a buscar o Amor. Não importa se ele finge correr atrás de sabedoria, de dinheiro ou poder."

"A fé é uma conquista difícil, que exige combates diários para ser mantida."

"Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes."

"O verdadeiro caminho da sabedoria pode ser identificado por três coisas: precisa ter amor, deve ser prático, e pode ser percorrido por qualquer um."

"Antes da mão manejar a espada, ela deve localizar o Inimigo e saber como enfrentá-lo. A espada apenas dá o golpe. Mas a mão já está vitoriosa ou
perdedora antes desse golpe."

"Os homens que se julgam sábios são indecisos na hora de mandar e são rebeldes na hora de servir."

"Todas as artes divinatórias foram feitas para aconselhar o homem, jamais para prever o futuro. São excelentes conselheiras e péssimas profetizas."

"Quando alguém evolui, evolui tudo que está à sua volta."

"Assuma o seu caminho. Mesmo que precise dar passos incertos, mesmo que saiba que pode fazer melhor o que está fazendo."
"Quem conhece a felicidade não consegue mais aceitar humildemente a tristeza."
"Quem interfere no destino dos outros nunca descobrirá o seu."
"Sabedoria é conhecer e transformar." (Paulo Coelho - O Alquimista)
"Se admitirmos por nós mesmos que Deus nos criou para a felicidade, teremos que assumir que tudo aquilo que nos leva para a tristeza e para a derrota é nossa culpa." (Às Margens do Rio Pietra Eu Sentei e Chorei)
"Ser homem é ter dúvidas, e mesmo assim continuar o seu caminho."
"Só sentimos medo de perder aquilo que temos, sejam nossas vidas ou nossas plantações. Mas esse medo passa quando entendemos que nossa história e a história do mundo foram escritas pela mesma mão."
"Só uma coisa torna um sonho impossível: o medo de fracassar."
"Toda a vida do homem sobre a face da terra se resume a buscar o amor. Não importa se ele finge correr atrás de sabedoria, de dinheiro ou de poder."
"Todos os dias Deus nos dá um momento em que é possível mudar tudo que nos deixa infelizes. O instante mágico é o momento em que um "sim" ou um "não" pode mudar toda a nossa existência."
"Tudo que é novo incomoda."
"Tudo que o mundo precisa são de exemplos, e não de opiniões."
"Uma coisa é você achar que está no caminho certo, outra é achar que o seu caminho é o único. Nunca podemos julgar a vida dos outros, porque cada um sabe da sua própria dor e renúncia."
"Use sua obra para mostrar a você mesmo quem você é."
“Conhecimento sem transformação não é sabedoria."
 
 
Nome literário: BARBOSA, RUI
Nome completo: OLIVEIRA, RUI BARBOSA DE
Nascimento: 5 de novembro de 1849, Salvador, Bahia
Falecimento: 1923, em Petrópolis, Rio de Janeiro
BIOGRAFIA
Rui Barbosa de Oliveira, político e jurisconsulto, nasceu em Salvador, Bahia, em 5 de novembro de 1849. Bacharelou-se em 1870 pela Faculdade de Direito de São Paulo. No início da carreira na Bahia, engajou-se numa campanha em defesa das eleições diretas e da abolição da escravatura. Foi político relevante na República Velha, ganhando projeção internacional durante a Conferência da Paz em Haia (1907), defendendo com brilho a teoria brasileira de igualdade entre as nações. Eleito deputado provincial, e adiante geral, atuou na elaboração da reforma eleitoral, na reforma do ensino, emancipação dos escravos, no apoio ao federalismo e na nova Constituição. Por divergências políticas, seu programa de reformas eleitorais que elaborou, mal pode ser iniciado, em 1891. Em 1916, designado pelo então presidente Venceslau Brás, representou o Brasil centenário de independência da Argentina, discursando na Faculdade de Direito de Buenos Aires sobre o conceito jurídico de neutralidade. O discurso causaria a ruptura definitiva da relações do Brasil com a Alemanha. Apesar disso, recusaria, três anos depois, o convite para chefiar a delegação brasileira à Conferência de Paz em Versalhes. Com seu enorme prestígio, Rui Barbosa candidatou-se duas vezes ao cargo de Presidente da República - nas eleições de 1910, contra Hermes da Fonseca e 1919, contra Epitácio Pessoa - entretanto, foi derrotado em ambas, sendo o período durante a primeira candidatura o marco inicial e sua Campanha Civilista. Como jornalista, escreveu para diversos jornais, principalmente para A Imprensa, Jornal do Brasil e o Diário de Notícias, jornal o qual presidia. Sua extensa bibliografia recolhida em mais de 100 volumes, reúne artigos, discursos, conferências EE. questões políticas de toda uma vida. Sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, sucedeu a Machado de Assis na presidência da casa. Sua vasta biblioteca, com mais de 50.000 títulos pertence à Fundação Casa de Rui Barbosa, localizada em sua própria antiga residência no Rio de Janeiro. Rui Barbosa faleceu em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1923.
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- De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
- Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade.  (Rui Barbosa – Coletânea Literária, 211).
- Eu não troco a justiça pela soberba. Eu não deixo o direito pela força. Eu não esqueço a fraternidade pela tolerância. Eu não substituo a fé pela supertição, a realidade pelo ídolo. (Rui Barbosa – O Partido Republicanos Conservador, 61).
- A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos  rebentos ressequidos. (Rui Barbosa – A Ditadura de 1893, IV-207).
-" Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado ! " (Rui Barbosa)
 
- O homem, reconciliando-se com a fé, que se lhe esmorecia, sente-se ajoelhado ao céu no fundo misterioso de si mesmo. (Rui Barbosa – A Grande Guerra, 12).
- O escritor curto em idéias e fatos será, naturalmente, um autor de idéias curtas, assim como de um sujeito de escasso miolo na cachola, de uma cabeça de coco velado, não se poderá  esperar senão breves análises  e chochas tolices. (Rui Barbosa – A Imprensa e o Dever da Verdade, 9).
- Em cada processo, com o escritor, comparece a juízo a própria liberdade. (Rui Barbosa – A Imprensa, III, 111).
- Se os fracos não tem a força das armas, que se armem com a força do seu direito, com a afirmação do seu direito, entregando-se por ele a todos os sacrifícios necessários para que o mundo não lhes desconheça o caráter de entidades dignas de existência na comunhão internacional. (Rui Barbosa – A Revogação da Neutralidade Brasileira, 33).
- A existência do elemento  servil é a maior  das abominações. (Rui Barbosa – Coletânea  Literária, 28).
- Toda a capacidade dos nossos estadistas se esvai na intriga, na astúcia, na cabala, na vingança, na inveja, na condescendência com o abuso, na salvação das aparências, no desleixo do futuro. (Rui Barbosa – Colunas de Fogo, 79).
- Na paz ou na  guerra, portanto, nada coloca o exército acima da nação, nada lhe confere o privilégio de governar. (Rui Barbosa – Contra o militarismo, 1.° série, 131)..
- O espírito da fidelidade e da honra vela constantemente, como a estrela da manhã da tarde, sobre essas regiões onde a força e o desinteresse, o patriotismo e a bravura, a tradição e a confiança assentaram o seu reservatório sagrado. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 226).
- Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 263).
- A soberania da força não pode ter limites senão na força. (Rui Barbosa – Disc. E Conf., 377).
- O exército não é um órgão da soberania, nem um poder. É o grande instrumento da lei e do governo na defesa nacional. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 138).
- Nenhum povo que se governe, toleraria a substituição da soberania  nacional pela soberania da espada. (Rui Barbosa – Ditadura e República, 143).
- Embora acabe eu, a minha fé não acabará; porque é a fé na verdade, que se libra acima dos interesses caducos, a fé invencível. (Rui Barbosa – Elogios e Orações, 161).
- Os que ousam ser leais à sua fé, são cobertos até de ridículo. (Rui Barbosa – Novos Disc. E Conf., 194).
- A espada não é a ordem, mas a opressão; não é a tranqüilidade, mas o terror, não é a disciplina, mas a anarquia não é a moralidade, mas a corrupção, não é a economia mas a bancarrota. (Rui Barbosa – Novos Discursos e Conferências, 317).
- Outrora se amilhavam asnos, porcos e galinhas. Hoje em dia há galinheiros, pocilgas e estrebarias oficiais, onde se amilham escritores. (Rui Barbosa e dever da Verdade, 23).
- A mesma natureza humana, propensa sempre a cativar os subservientes, nos ensina a defender-nos contra os ambiciosos.
(Rui Barbosa - D. e conferências, 382)
 
- A acusação é sempre um infortúnio enquanto não verificada pela prova.
(Rui Barbosa - Novos discursos e confissões, 112)
- Criaturas que nasceram para ser devoradas, não aprendem a deixar-se devorar.
(Rui Barbosa - Elogios e orações, 262)
- Não há outro meio de atalhar o arbítrio, senão dar contornos definidos e inequívocos à condição que o limita.
(Rui Barbosa - Coletânea jurídica, 35)
 
- Sem o senso moral, a audácia é a alavanca das grandes aventuras.
(Rui Barbosa - Colunas de Fogo, 65)
- Quanto maior o bem , maior o mal que da sua inversão procede.
(Rui Barbosa - A Imprensa e o Dever Da Verdade)
- É preciso ser forte e conseqüente no bem, para não o ver degenerar em males inesperados.
(Rui Barbosa - Ditadura e República, 45)
- Só o bem neste mundo é durável, e o bem, politicamente, é todo justiça e liberdade, formas soberanas da autoridade e do direito, da inteligência e do progresso.
(Rui Barbosa - O Partido Republicano Conservador, 46)
- A eleição indireta tem por base o pressuposto de que o povo é incapaz de escolher acertadamente os deputados.
(Rui Barbosa - Discursos e Conferências)
 
- No culto dos grandes homens não pode entrar a adulação.
(Rui Barbosa - E. Eleitoral aos E. de Bahia e Minas, 120)
 
- O ensino, como a justiça, como a administração, prospera e vive muito mais realmente da verdade e moralidade, com que se pratica, do que das grandes inovações e belas reformas que se lhe consagrem.
(Rui Barbosa - Plataforma de 1910, 37)
 
 
 






Biografia:Pouca coisa se sabe sobre a vida de William Shakespeare. A falta de   maiores informações sobre sua vida chegou a inspirar dúvidas quanto à verdadeira autoria de suas peças. Sabe-se apenas, com certeza, que ele nasceu em Stratfordon-Avon, a 22 de abril de 1564, e morreu na mesma cidade, a 23 de abril de 1616. Teria freqüentado o colégio público de sua cidade natal, casado muito cedo e se tornado ator. Ao transferir-se para Londres, em 1592, já era um dramaturgo conhecido. Dono do Globe 
Theatre, tornou-se um homem próspero e aplicou os lucros na compra de propriedades e terrenos em sua cidade, onde se instalou definitivamente em 1611.        A arte dramática de Shakespeare pode ser dividida em três fases. Numa primeira, que vai de 1590 a 1602, o dramaturgo escreveu comédias alegres e ligeiras, dramas históricos e tragédias no estilo renascentista.  a segunda fase, iniciada em 1602 e que vai até aproximadamente 1610, caracteriza-se por tragédias grandiosas e comédias amargas; enquanto na terceira fase, que vai até o fim de sua vida, foram produzidas peças feéricas com finais conciliatórios. Embora alguns críticos queiram atribuir essas diferenças a acontecimentos de sua época, não há evidências que possam comprovar essa teoria. O mais provável é que tenha ocorrido uma simples mudança de estilo.
       Sua primeira peça, "Titus Andronicos", escrita provavelmente em 1590, já trazia alguns elementos do universo shakespeariano: uma tragédia de horrores, cheia de assassinatos e violações, em que se vislumbra o toque do supremo analista da alma humana. Apesar de ter gozado de grande popularidade na época, essa obra seria mais tarde considerada indigna de Shakespeare. Em seguida, começou a elaborar peças históricas e comédias populares. Dessa fase, são mais conhecidas hoje: "A megera domada", cuja fonte foi uma antiga peça anônima e escrita apenas para divertir o público; "Romeu e Julieta", derivada de um insípido poema de Arthur Brooke, que se tornou a mais célebre das tragédias de amor de todos os tempos e  a obra mais conhecidas do autor; e "Julio César", sua ultima peça renascentista.
      Das tragédias de sua segunda fase, constam algumas das suas mais famosas obras: "Hamlet" (1601), onde se discute a condição humana e a loucura do poder; "Macbeth" (1606), uma visão aguda e sombria da ambição e da atmosfera asfixiante inerente à tirania; e, "Rei Lear" (1607), um enfoque da crueldade humana, incrustada na tragédia de um amor fatal, considerada, por muitos, a sua maior obra. De sua ultima fase, a peça mais conhecida é "A tempestade", que, apesar de seu final conciliatório, mostra o contraste violento entre o monstro Caliban e o angelical Ariel.
      Autor de trinta e sete peças teatrais, Shakespeare é considerado o maior dramaturgo da literatura universal. O fato de ter escrito à maneira de sua época, o fértil renascimento elisabetano, com uma técnica que nada tem em comum com a antiguidade grega ou o classicismo francês, foi durante muito tempo obstáculo para o reconhecimento de sua obra, muito mais influenciada por autores ingleses seus contemporâneos como Marlowe, Middleton ou John Webster do que pelos clássicos. Também poeta, Shakespeare escreveu dois poemas narrativos durante a juventude e mais de cem sonetos, considerados os mais belos da língua inglesa.
OBRAS:
  • Hamlet
  • Muito barulho por nada
  • Medida por medida
  • A tragédia do rei Ricardo II
  • A famosa história da vida do rei Henrique VIII
  • Henrique IV (parte I)
  • Henrique IV (parte II)
  • Vida e morte do Rei João
  • Macbeth
  • A Tempestade
  • A megera domada
  • Otelo
  • Júlio César
  • Rei Lear
  • Romeu e Julieta
  • Conto de inverno
  • Antônio e Cleópatra
  • Sonho de uma noite de verão
  • Tudo bem quando termina bem
  • As alegres senhoras de Windsor
  • A Comédia dos erros
  • O Mercador de Veneza
  • Os dois cavalheiros de Verona
  • Trabalhos de amor perdidos
  • A tragédia do rei Ricardo III
  • Coriolano
  • Tito Andrônico

Ato I. Cena 1: No mercado de Verona
Romeu, filho dos Montéquio, tenta sem sucesso declarar seu amor a Rosalina e é consolado por seus amigos Mercúrio e Benvolio. As pessoas começam a se encontrar no mercado, e uma discussão ocorre entre Tebaldo, sobrinho dos Capuleto, e Romeu e seus amigos. Os Capuletos e os Montéquio são inimigos eternos, e por isso, logo se inicia uma briga. Os Montéquios e os Capuleto lutram entre si, até que são interrompidos pela chegada do Príncipe de Verona, que tenta dar fim à hostilidade existente entre as duas famílias.

Ato I. Cena 2: A sala de Julieta na casa dos Capuleto
Julieta, brincando com sua ama, é interrompida por seus pais. Eles a apresentam a Paris, um rico e jovem nobre que pediu sua mão em casamento.

Ato I. Cena 3: Fora da casa dos Capuleto
Os convidados chegam para o baile oferecido pela família. Romeu, Mercúrio e Benvolio se disfarçam com máscaras e decidem ir em busca de Rosalina.
Ato I. Cena 4: O salão de bailes
Romeu e seus amigos chegam no clímax da festa. Os convidados vêem Julieta dançando; Mercúrio, vendo que Romeu está hipnotizado por ela, decide distrair sua atenção. Tebaldo reconhece Romeu e ordena que deixe o salão, mas um Capuleto intervém e o acolhe como convidado em sua casa.

Ato I. Cena 5: Fora da casa dos Capuleto
Enquanto os convidados deixam o salão, o Capuleto reprime Tebaldo por perseguir Romeu.
Ato I. Cena 6: O balcão de Julieta
Sem conseguir dormir, Julieta fica em seu balcão pensando em Romeu, quando ele de repente aparece no jardim. Eles então confessam o amor que sentem um pelo outro.
Ato II. Cena 1: O mercado de Verona
Romeu só consegue pensar em Julieta e, vendo um cortejo de casamento passar, ele sonha no dia em que vai desposá-la. Enquanto isso, a ama de Julieta se espreme no meio da multidão para entregar uma carta para Romeu. Ele lê e recebe o "sim" de Julieta para o casamento.
Ato II. Cena 2: A capela
Os amantes se casam secretamente com Frei Lourenço, que espera que assim se acabe a intriga entre os Motéquio e os Capuleto.
Ato II. Cena 3: O mercado de Verona
Interrompendo a farra, Tebaldo luta com Mercúrio e o mata. Romeu vinga-se da morte de seu amigo e é exilado.
Ato III. Cena 1: O quarto
Na aurora de um novo dia, a agitação na casa dos Capuleto é muita, e Romeu deve ir embora. Ele abraça Julieta e parte no momento em que os pais de Julieta aparecem com Paris. Julieta recusa-se a casar com ele, e, magoado com sua recusa, ele a deixa. Os pais de Julieta se aborrecem e ameaçam deserdar a filha. Julieta vai ao encontro de Frei Lourenço.
Ato III. Cena 2: A capela
Julieta cai nos pés do frei e implora por sua ajuda. Ele lhe dá um frasco com uma poção que a fará dormir, de maneira que todos pensem que é morta. Seus pais, acreditando estar ela realmente moribunda, irão enterrá-la no mausoléu da família. Enquanto isso Romeu, avisado pelo Frei Lourenço, irá voltar à noite para buscá-la e juntos fugirem de Verona.
Ato III. Cena 3: O quarto
Esta noite, Julieta aceita que Paris a despose, mas na manhã seguinte, quando seus pais chegam com Paris, percebem que ela está morta.
Ato III. Cena 4: O mausoléu dos Capuleto
Romeu, não avisado pela mensagem do Frei, volta à Verona atordoado com a notícia da morte de sua amada. Disfarçado como um monge, ele entra no mausoléu e, vendo Paris sobre o corpo de Julieta, o mata. Acreditando que ela está morta, Romeu se envenena. Julieta acorda, e vendo seu Romeu sem vida, se suicida também com um punhal, pois não pode viver sem seu grande amor.

Muito barulho por nada (Resumo)
William Shakespeare
Um homem e uma mulher. Os dois igualmente inteligentes, bem articulados, espirituosos, rápidos em construir respostas espertas a todo tipo de afirmação ou pergunta. É nas falas de Beatriz e Benedicto, dois dos personagens mais queridos do público de Shakespeare, que se fundamenta a parte cômica desta peça, Muito barulho por nada. Quando se encontram os dois, armam-se verdadeiros combates entre esses esgrimistas das palavras, dois alérgicos ao casamento, para o prazer do leitor ou platéia.
O lado trágico da peça nasce de pérfida intriga armada por um homem despeitado e vingativo, carregado de ódio, e que se descreve assim: "é mais condizente com meu sangue ser desdenhado por todos que pavimentar a estrada para roubar a afeição de alguém. Assim é que, muito embora não se possa dizer de mim que sou um homem honesto e bajulador, não se pode negar que sou um patife franco e leal". Com provas falsamente arranjadas, uma inocente donzela é acusada de ser uma rameira. A história tem danças, festa de mascarados, cerimônia de casamento; tem flertes, tem príncipes e condes, damas nobres e damas de companhia; e a história tem calúnias, desafios para duelos, confrontações verbais, cerimônia fúnebre, até morte e fuga que se revertem. A história tem dores e amores; a história é teatro e é Shakespeare.


CITAÇÕES DO AUTOR
  - Um coração sem máculas dificilmente se assusta.” (William Shakespeare (1564-1616), poeta e dramaturgo inglês)
- A esperança, muitas vezes, é um cão de caça sem pistas. (William Shakespeare – poeta e dramaturgo inglês) - Amar não significa apoiar-se e companhia nem sempre significa segurança. (William Shakespeare – poeta e dramaturgo inglês)
- A felicidade efetivamente consiste no meio-termo, nem muito alta nem muito baixa; à opulência nascem-lhe cedo cabelos brancos, mas a simplicidade tem velhice longa... (William Shakespeare – poeta e dramaturgo inglês) - É preferível ser desprezado e saber, que viver adulado e tido sempre em desprezo. (William Shakespeare - King Lear, ato IV, cena 1)
- A ambição em si, não é mais que a sombra de sonho. (William Shakespeare - Hamlet, ato II, cena 2) - Podeis fazer-me abdicar de minhas glórias e de meu Estado; mas de minhas amarguras, não, pois ainda não sei de minhas tristezas. (William Shakespeare - King Richard II, ato IV, cena I)
- Oh! que formosa aparência tem a falsidade! (William Shakespeare - The Merchant of Venise, ato I - cena 3).
- Não basta levantar o fraco, é preciso ampará-lo depois. William Shakespeare - Timon of Athens, ato I, cena 1).
- A obra-prima é uma variedade de milagre. William Shakespeare, II, 6)
- Quem será tão medroso que não tenha a audácia para acender o fogo na época do frio? (Willian Shakespeare - Venus and Adonis, verso 40)
- A delicadeza e a bondade parecem vis aos vis; à corrupção, agrada-lhe a corrupção. (William Shakespeare - King Lear, ato IV, cena 2)
- É preferível ser completamente enganado do que abrigar a menor suspeita. (William Shakespeare - Othelo, ato 3º, cena 6)
- Quando a formosura é o advogado, todos os oradores emudecem. (William Shakespeare – The Rape of Lucrece, v. 268).
- Algumas vezes creio que não tenho mais engenho do que qualquer cristão ou qualquer outro homem vulgar. (William Skakespeare - Twelfth Night, ato I, cena 3) - Nós somos feitos do tecido de que são feitos os sonhos. (William Shakespeare - Dramaturgo)


João Simões Lopes Neto, descendente da nobre linhagem patrícia chefiada por seu avô, o Visconde da Graça, nasceu na estância situada nos arredores de Pelotas, em 1865. Entretanto, ninguém poderá chamá-lo um "homem do campo". Já aos onze anos vamos encontrá-lo no núcleo urbano de Pelotas, cidade aliás avançada em sua época, graças à prosperidade econômica assegurada pela exploração do charque e por uma indústria nascente. A formação escolar de Simões Lopes completou-se no Rio de Janeiro, onde esteve matriculado, a partir de 1878, no famoso Colégio Abílio, dirigido pelo Barão de Macaúbas, mais tarde retratado por Raul Pompéia como o Aristarco de O Ateneu. Excetuado o breve período que passou na capital do país, parece que raríssimas vezes afastou-se da cidade natal.
Aí sua carreira foi em parte comercial e em parte na imprensa jornalística. Tudo está documentado por Carlos Reverbel na pesquisa definitiva, publicada em 1985, Um Capitão da Guarda Nacional (Vida e obra de J. Simões Lopes Neto), onde reconstituiu a trajetória existencial do escritor. Sabemos então que a passagem pelo mundo dos negócios pode ser traduzida numa invariável seqüência de desastres que o fez morrer literalmente pobre. Já herdeiro de propriedades reduzidas, ele tudo comprometeu em empresas temerárias. Vale a declaração de próprio punho: "Eu tive campos, vendi-os; freqüentei uma academia, não me formei; mas sem terras e sem diploma, continuo a ser... Capitão da Guarda Nacional".
A luta pela subsistência seria travada nas redações dos jornais provincianos. Entre 1895-1913 mantém a coluna Balas d'Estalo no Diário Popular; em 1913-1914, sob o pseudônimo João do Sul, assina as crônicas de Inquéritos em Contraste nas páginas de A Opinião Pública; de 1914 a 1915 ocupa a direção do Correio Mercantil; finalmente, em 1916, ano de sua morte, volta para A Opinião Pública com a coluna Temas Gastos. Também não foi um grande jornalista e o conjunto da matéria que produziu não se desprende, hoje, da marca efêmera de uma "literatura de circunstância".
Estão aí as características a serem guardadas numa aproximação à personalidade de Simões Lopes Neto. Ele foi um homem da cidade, urbano e polido; nada tinha a ver com o protótipo do campeiro rústico que alguns imaginaram mais tarde. A estância e seus habitantes pertenciam tão-só à memória de sua infância e talvez por isso mesmo transformaram-se logo adiante na matéria prima da criação imaginária. Coube-lhe em vida apenas a mediocridade da cidadania municipal. Não conheceu a glória literária que, no seu caso, é inteiramente póstuma. Afinal, a publicação de Contos gauchescos ocorreu em 1912 e as Lendas do Sul foram impressas no ano seguinte, mas então lhe restavam quatro anos de vida. Até nisto a biografia de Simões Lopes Neto é uma biografia frustrada: sua pequena/grande obra escapou ao presente do autor. Era um legado para o futuro.
Pouco espaço é necessário para mensurá-la quantitativamente. Além do conjunto formado por contos e lendas (que depois passou a ser editado num só volume), ele reuniu, em 1910, o acervo sul-rio-grandense na compilação do Cancioneiro guasca. São publicações póstumas os Casos do Romualdo, desentranhados em 1952 do arquivo do Correio Mercantil, e o ensaio Terra gaúcha, aparecido em 1955. Sua literatura teatral, quase toda dedicada ao gênero cômico, teve pouquíssimos textos editados à época e era, também, produção circunstancial, embora haja indicações de que foi bem acolhida no gosto do público. Alguns livros anunciados por Simões Lopes Neto não foram publicados e os originais permanecem ainda hoje desconhecidos: Peona e dona (romance regional), Jango Jorge (romance regional), Prata do Taió (notas de uma comitiva exploradora) e Palavras viajantes (conferências).
A fortuna do escritor é, portanto, tardia. deve-se sobretudo à avaliação qualitativa de um punhado de contos que deixou no pequeno volume de 1912 e sua repercussão nas gerações ulteriores. Apesar de tudo isso, sua presença não fez senão crescer daí até nossos dias. Estamos diante de um desses casos, aliás freqüentes na história literária, em que a força irradiadora da obra ultrapassa o destino absolutamente opaco do autor que a produziu.


OS DOCES
Numa cidade onde pousamos, o imperador (O imperador D. Pedro II) foi hospedado em casa dum fulano, sujeito pesado, porém mui gauchão.
Quando foi hora do almoço, na mesa só havia doces e doces...e nada mais. O imperador, por cerimônia provou alguns; a comitiva arriou aqueles cerros açucarados. Quando foi o jantar, a mesma cousa: doces e mais doces!...Para não desgostar o homem, o imperador ainda serviu-se, mais pouco; e de noite, outra vez, chá e doces!
O imperador, com toda a sua imperadorice, gurniu fome!
No outro dia, de manhã, o fulano foi saber como o hóspede havia passado a noite e ao mesmo tempo acompanhava uma rica bandeja com chá e...doces...
Aí o imperador não pode mais...estava enfarado!...
- Meu amigo, os doces são magníficos...mas eu agradecia-lhe muito se me arranjasse antes um feijãozinho...uma lasca de carne...
O homem ficou sério...e depois largou uma risada.
- Quê! Pois vossa majestade come carne?! Disseram-me que as pessoas reais só se tratavam a bicos de rouxinóis e doces e pasteizinhos!... Por que não disse antes, senhor? Com trezentos diabos!...Ora esta!...Vamos já a um churrasco...que eu, também, não agüento estas porquerias!...

Eu não nasci para o mundo,
Para este mundo cruel.
Só quero cortar os Pampas,
No dorso do meu corcel
Este meu pingo galhardo,
Este meu pingo fiel.
Eu sou como a tempestade,
Sou como o rijo tufão,
Que esmaga os vermes na terra,
E sobre para a amplidão.
Eu sou senhor dos desertos,
Monarca da solidão!


Sou gaúcho forte, campeando vivo
Livre das iras da ambição funesta;
Tenho por teto do meu rancho a palha,
Por leito o pala, ao dormir a sesta.
Monto a cavalo, na garupa a mala,
Facão na cinta, lá vou eu mui concho;
E nas carreiras, quem me faz mau jogo?
Quem, atrevido, me pisou no poncho?



Nome: Vinícius. Por que?
O quo vadis, saindo em 13
Ano em que também nasci.
Sobrenome: de Moraes
De Pernambuco, Alagoas
E Bahia (que guardo em mim).
Sou carioca da Gávea
Bairro amado, de onde nunca
Deveria ter saído.
Fui, sou e serei casado
E apesar do que se diz
Não me acho tão mal marido.
Filho: três e um a caminho
Altura: um metro e setenta
Meão, pois. O colarinho
Trinta e nove e o pé quarenta.
Peso: uns bons setenta e três
(Precisam ser reduzidos...)
Dizem-me poeta; diplomata
Eu o sou, e por concurso
Jornalista por prazer.
Nisso tenho um grande orgulho
Breve serei cineasta
(Ativo). Sou materialista.
Deito mais tarde do que devo
E acordo antes do que gosto.
Fui auxiliar de cartório
Censor cinematográfico
Funcionário (incompetente) 
Do Instituto dos Bancários.
Atualmente sou segundo
Secretário de Embaixada.
Formei-me em direito, mas
Sem nunca ter feito prática.
Infância: pobre mas linda
Tão linda que mesmo longe
Continua em mim ainda.
Prefiro vitrola a rádio
Automóvel a trem, trem 
A navio, navio a avião
(De que já tive um desastre).
Se voltasse a vida atrás 
Gostaria de ser médico
Pois sou médico nato.
Minhas frutas prediletas 
Por ordem de preferência:
Caju, manga e abacaxi.
Foi com meu pai, Clodoaldo 
De Moraes, poeta inédito
Que aprendi a fazer versos
(Um dia furtei-lhe um
Para dar à namorada).
Tinha dezenove anos 
Quando estreei com meu livro
“O Caminho para a Distância”
Meu preferido é o último:
“Poema, Sonetos e Baladas”.
Toco violão, de ouvido
E faço sambas de bossa
Garoto, lutei “jiu-jitsu”
Razoavelmente. No tiro
Sobretudo em carabina 
Sou quase perfeito. As coisas
Que mais detesto: viagens
Gente fiteira, fascistas, 
Racistas, homem avarento 
Ou grosseiro com a mulher.
As coisas que mais gosto:
Mulher, mulher e mulher
(Com prioridade a minha)
Meus filhos e meus amigos.
Ajudo bastante em casa 
Pois sou bom cozinheiro
Moro em Paris, mas não há nada
Como o Rio de Janeiro
Para me fazer feliz
(E infeliz). Desde os sete anos
Venho fazendo versinhos
Gosto muito de beber
E bebo bem (hoje menos
Do que há dez anos atrás).
Minha bebida é o uísque
Com pouca água e muito gelo.
Gosto também de dançar
E creio ser esta coisa 
A que chamam de boêmio.
Em Oxford, na Inglaterra
Estudei Literatura
Inglês, o que foi
Para mim fundamental.
Gostaria de morrer
De repente, não mais que 
De repente, e se possível
De morte bem natural.
E depois disso, ao amigo
João Conde nada mais digo.
Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Tenho medo da vida, minha mãe.
Canta a doce cantiga que cantavas
Quando eu corria doido ao teu regaço
Com medo dos fantasmas do telhado.
Nina o meu sono cheio de inquietude
Batendo de levinho no meu braço
Que estou com muito medo, minha mãe.
Repousa a luz amiga dos teus olhos
Nos meus olhos sem luz e sem repouso
Dize à dor que me espera eternamente
Para ir embora.  Expulsa a angústia imensa
Do meu ser que não quer e que não pode
Dá-me um beijo na fonte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.

Aninha-me em teu colo como outrora
Dize-me bem baixo assim: — Filho, não temas
Dorme em sossego, que tua mãe não dorme.
Dorme. Os que de há muito te esperavam
Cansados já se foram para longe.
Perto de ti está tua mãezinha
Teu irmão. que o estudo adormeceu
Tuas irmãs pisando de levinho
Para não despertar o sono teu.
Dorme, meu filho, dorme no meu peito
Sonha a felicidade. Velo eu

Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo
Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.
Vinicius de Moraes
"Vinicius de Moraes - Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar -
Filhos...  Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?  Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 195.
 
E por falar em saudade, onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê
Onde anda esse corpo que me deixou morto de tanto prazer
E por falar em beleza onde anda a canção
Que se ouvia nas noites dos bares de então
Onde a gente ficava, onde a gente se amava em total solidão
Hoje eu saio na noite vazia, numa boemia sem razão de ser
Na rotina dos bares, que apesar dos pesares me trazem você
E por falar em paixão, em razão de viver
Você bem que podia me aparecer nestes mesmos lugares
Na noite, nos bares, onde anda você  
 
Índice
 
Ai, a lua que no céu surgiu
Não é a mesma que te viu
Nascer dos braços meus
Cai a noite sobre o nosso amor
E agora só restou do amor
Uma palavra: adeus
Ai, vontade de ficar
Mas tendo de ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima
Um momento breve
De uma estrela pura, cuja luz morreu
Ah, mulher, estrela a refulgir
Parte, mas antes de partir
Rasga o meu coração
Crava as garras no meu peito em dor
E esvai em sangue todo o amor
Toda a desilusão
Ai, vontade de ficar
Mas tendo de ir embora
Ai, que amar é se ir morrendo pela vida afora
É refletir na lágrima
Um momento breve de uma estrela pura
Cuja luz morreu
Numa noite escura
Triste como eu
 
Índice




 








"Para isso fomos feitos:








Para lembrar e ser lembrados








Para chorar e fazer chorar








Para enterrar os nossos mortos








Por isso temos braços longos para os adeuses








Mãos para colher o que foi dado








Dedos para cavar a terra








 






Não há muito o que dizer :








Uma canção sobre um berço 








Um verso, talvez, de amor








Uma prece por quem se vai








Mas que essa hora não esqueça 








E por ela os nossos corações 








Se deixem, graves e simples." 





 
 
Alma que sofres pavorosamente
A dor de seres privilegiada
Abandona o teu pranto, sê contente
Antes que o horror da solidão te invada.
 
Deixa que a vida te possua ardente
Ó alma supremamente desgraçada.
Abandona, águia, a inóspita morada
Vem rastejar no chão como a serpente.
 
De que te vale o espaço se te cansa?
Quanto mais sobes mais o espaço avança...
 
Desce ao chão, águia audaz, que a noite é fria.
Volta, ó alma, ao lugar de onde partiste
O mundo é bom, o espaço é muito triste...
Talvez tu possas ser feliz um dia.
 
Vinícius de Moraes
 
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
 
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
 
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
 
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
 
Vinícius de Moraes
 
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se espuma
E das mãos espalmadas fez-se espanto
 
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
 
De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
 
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente não mais que de repente.
 
Vinícius de Mora
es
 
Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
 
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
 
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
 
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
 
Vinícius de Moraes
 
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
 
E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.
 
Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo
 
Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.
 
Vinícius de Moraes

Na hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas
Meu espírito te sentiu.
Ele te sentiu imensamente triste
Imensamente sem Deus
Na tragédia da carne desfeita.
Ele te quis, hora sem tempo
porque tu eras a sua imagem, sem Deus e sem tempo.
Ele te amou
E te plasmou na visão da manhã e do dia
Na visão de todas as horas
Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas.
 
Vinícius de Moraes
 
 
 
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
 
                                                               Vinícius de Moraes
 
 
 
Hei de seguir eternamente a estrada
Que há tanto tempo venho já seguindo
Sem me importar com a noite que vem vindo
Como uma pavorosa alma penada
Sem fé na redenção, sem crença em nada
Fugitivo que a dor vem perseguindo
Busco eu também a paz onde, sorrindo
Será também minha alma uma alvorada
Onde é ela? Talvez nem mesmo exista...
Ninguém sabe onde fica... Certo, dista
Muitas e muitas léguas de caminho...
Não importa. O que importa é ir em fora
Pela ilusão de procurar a aurora
Sofrendo a dor de caminhar sozinho
 
Vinicius de Moraes
 
 
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor.
 
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser demuitas, poxa! é de colher... - não tem nenhum valor.
 
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro- seja lá como for. Há que fazer de corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada - para viver um grande amor.
 
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado para chatear o grande amor.
 
Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fieldade - para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
 
Para viver um grande amor, il faut, além de ser fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô - para viver um grande amor.
 
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
 
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
 
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões , sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
 
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto - para não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor.
 
É preciso saber tomar uísque ( com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor.
 
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva escura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor.
 
Vinícius de Moraes
 
 
 
Na solidão escura 
Do velho Pelourinho
Matilde, a louca mansa 
Vivia mercando assim: 
Olha a flor da noite... 
Olha a flor da noite... 
Seria a flor da noite 
A luz estrela solitária 
A tremular tão pura 
Sobre o velho Pelourinho? 
Ou o som da voz ausente 
Da menina prostituta 
Que mercava o seu triste descaminho?
Olha a flor da noite... 
Olha a flor da noite... 
Ou seria a flor da noite 
A face oculta atrás da aurora 
Por que o homem luta 
Desde nunca até agora 
A louca aprisionada 
Pelos monstros do poente 
E que avisa e grita alucinadamente: 
Olha a flor da noite... 
Olha a flor da noite...
 Vinícius de Moraes

 
Ah, insensatez que você fez 
Coração mais sem cuidado 
Fez chorar de dor o seu amor 
Um amor tão delicado 
Ah, por que você foi tão fraco assim
Assim tão desalmado 
Ah, meu coração, quem nunca amou 
Não merece ser amado 
Vai, meu coração, ouve a razão 
Usa só sinceridade 
Quem semeia vento, diz a razão 
Colhe sempre tempestade 
Vai, meu coração, pede perdão 
Perdão apaixonado 
Vai, porque quem não pede perdão 
Não é nunca perdoado
Vinícius de Moraes
 
Se por acaso o amor me agarrar 
Quero uma loira pá namorar 
Corpo bem feito, magro e perfeito 
E o azul do céu no olhar 
Quero também que saiba dançar 
Que seja clara como o luar 
Se isso se der 
Posso dizer que amo uma mulher 
Mas se uma loura eu não encontrar 
Uma morena é o tom 
Uma pequena, linda morena 
Meu Deus, que bom 
Uma morena era o ideal 
Mas a loirinha não era mau 
Cabelo louro vale um tesouro 
É um tipo fenomenal 
Cabelos negros têm seu lugar 
Pele morena convida a amar 
Que vou fazer? 
Ah, eu não sei como é que vai ser...
Olho as mulheres, que desespero 
Que desespero de amor 
É a loirinha, é a moreninha 
Meu Deus, que horror! 
Se da morena vou me lembrar 
Logo na loura fico a pensar 
Louras, morenas 
Eu quero apenas a todas glorificar 
Sou bem constante no amor leal 
Louras, morenas, sois o ideal 
Haja o que houver 
Eu amo em todas somente a mulher 
Vinícius de Moraes 
 
Vire essa folha do livro
E se esqueça de mim
Finja que o amor acabou
E se esqueça de mim
Você não compreendeu
Que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar
Não faz ninguém feliz
Agora vá sua vida
Como você quer
Porém não se surpreenda
Se uma outra mulher
Nascer de mim
Como no deserto uma flor 
E compreender que o ciúme
É o perfume do amor
Vinícius de Moraes
 
Que importa se a distância estende entre nós
léguas e léguas
Que importa se existe entre nós muitas montanhas?
O mesmo céu nos cobre
E a mesmas terra liga nossos pés.
No céu e na terra é a tua carne que palpita
Em tudo eu sinto o teu olhar se desdobrando
Na carícia violenta do teu beijo.
Que importa a distância e que importa a montanha
Se tu és a extensão da carne
Sempre presente?

É claro que a vida é boa
E a alegria, a única indizível emoção.
É claro que te acho linda
Em te bendigo o amor das coisas simples.
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste.



- As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental.- O uísque é o melhor amigo do homem. É o cachorro engarrafado.
- Que não seja imortal, posto que é chama /Mas que seja infinito enquanto dure.
- Já dizia Rafael Pacheco, a preguiça é a chave da pobreza.
- A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
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