Uma pesquisa realizada no Canadá descobriu que o índice de homens que se disseram capazes de relevar uma traição equivale ao dobro do número de mulheres. A psicóloga especializada em terapia de família e casal, Clóris Zilá Quinta, diz que, quando ocorre a traição por parte da mulher, um turbilhão de emoções toma conta da cabeça do parceiro.
“Isso acontece porque ele foi criado em uma sociedade machista e não consegue, muitas vezes, perdoar a parceira. Para ele, sua honra foi ultrajada e é difícil digerir essa situação. Mesmo assim, conheço muitos casos em que eles conseguiram superar, sim”.
Eu não perdôo
Ronaldo da Silva, agente administrativo de 22 anos, não conseguiu engolir quando descobriu. “Se me traiu é porque não gostava o suficiente de mim. Então, não há motivos para continuar o namoro. Talvez, se eu gostasse muito dela, perdoaria. Mas, iria trair também, para dar o troco”.
Gustavo Garcia, designer de 23 anos, agradece por não ter passado por essa experiência, mas, acredita que seria difícil perdoar. “Se eu ficasse sabendo, acho que não ia conseguir continuar com a relação. Terminaria. Mas, nunca se sabe...”.
Carla*, de 28 anos, traiu o namorado e ele descobriu. “Nós tivemos uma briga feia, mas não terminamos o namoro. Porém, apesar de continuar comigo, ele não me perdoou. Isso aconteceu há quase um ano e até hoje ele joga na minha cara. Nunca mais disse que me ama e dificilmente demonstra carinho. Desde que ele soube, nossa relação ficou muito fria”.
“Eu nunca fui infiel e nem ciumento. O que eu tive como recompensa foi saber, através de um amigo, que a minha namorada saía com um conhecido da turma. É impossível perdoar uma pessoa que te humilha diante de um grupo que vocês convivem”, reclama Lucas*, 32 anos. “Uma pessoa que faz isso demonstra que não tem o mínimo de consideração e respeito por mim, por isso, não merece ficar comigo”.
Eu perdôoOtávio Kurokawa Dreux, coordenador de eventos de 25 anos, pensa diferente. “Já fui traído e perdoei. Acho que não é bom guardar ressentimentos. Não leva a nada”, diz ele. “E eu também já traí. Não que eu ache certo, mas é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Não acredito que isso precise ser motivo para o fim de uma relação”.
“Devo ter sido traído, mas nunca soube”, conta Nilson Xavier. “Porém, já traí e fui compreendido. E, se acontecesse comigo, eu desculparia também. Acho que, dependendo do caso, pode ser até bom para a relação. Faz você perceber que o amor é mais importante e que é muito diferente de sexo”, afirma o analista de sistemas, 39 anos. Mas, segundo ele, não é para virar festa! “Não sou a favor de relações abertas”.
Eu tentei perdoarRodrigo de Souza já perdoou uma traição, mas se arrependeu. “Na hora, conversamos e eu acabei relevando. Mas não demorou muito para o namoro desandar. Eu vivia desconfiado dela e brigávamos toda hora. Então, não deu mais para continuar”, diz o publicitário de 31 anos.
A psicóloga explica que, apesar de qualquer pessoa odiar essa experiência – e não é nada fácil mesmo! –, é possível reconstruir uma relação depois de um deslize da companheira. O segredo, de acordo com ela, é procurar acompanhamento terapêutico. “Atendi homens que, fazendo terapia, conseguiram enfrentar essa realidade em suas vidas e continuaram a relação sob outro olhar”.
