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04 junho, 2013

Jornalista revela o esquema de paquera entre meninas



Será que ela é? 

O jogo da paquera e da sedução corporal no  dia-a-dia das meninas lésbicas
O flerte em locais públicos pode ser comum para os heterossexuais. Para os homossexuais, que correm o risco de jogar um xaveco em quem não seja do "babado", é um pouco mais complicado. Numa pesquisa informal com algumas meninas, todas as garotas disseram que a troca de olhares é fundamental como primeiro passo de uma futura conversa. No ônibus, na faculdade, na padaria, na rua, ou seja, todos os lugares que não são destinados apenas ao público LGBT, também podem ser ambientes para conhecer um "affair". Desde que os olhares sejam identificados.

Além do olho-no-olho, para as meninas lésbicas também é fundamental o chamado gaydar (radar gay) que garante a identificação de homossexuais. Foi com esse "sexto sentido" que a estudante de moda Izabella Starling, de 22 anos, identificou uma pretendente em um ônibus. "Sentei ao lado dela e puxei um assunto bobo, tipo: 

- Tá quente hoje né?, na medida em que conversamos descobrimos amigos em comuns e trocamos endereço de orkut. Um tempo depois nos encontramos e ficamos", conta Izabela.

Para a estudante de moda, algo que também é essencial para não dar nenhum fora é ficar atenta ao visual estereotipado. "Dá pra sacar em alguma frase típica na camiseta, botton ou patch (tecido bordado aplicado na roupa depois de pronta). Mas é claro que enganos ocorrem", afirma Izabella. Outro destaque que ela brinca é a atenção as mãos, que são analisadas de acordo com o tamanho da unha. "Apesar disso, nunca se sabe, pois a garota pode estar solteira ou cultivar unhas grandes sem prejudicar a hora H."

Com a cabeleireira Thais Regina, 23 anos, o flerte já rolou até no salão onde trabalhava. Sem ter certeza se a cliente era do babado, começou a puxar assunto e no final as duas ficaram tão amigas que nada aconteceu, mas o gaydar não falhou. Thais conta que quando está a fim olha fixamente e, se a garota retribui, ela chega junto, como uma vez em um sebo. "A garota correspondia meus olhares e estava com um livro da Simone de Beauvoir na mão. Fui conversar sobre a escritora e a chamei para tomar uma cerveja. Uma hora depois, conversa vai, conversa vem, nos beijamos", diz Thais.

Ainda assim, a cabeleireira lembra que nem sempre são beijos no final. "Em um ônibus, rumo à rua Augusta, sentei ao lado de uma garota com o uniforme da Chilli Beans e perguntei em qual filial ela trabalhava. Estávamos indo para baladas diferentes, então, trocamos telefones, mas nunca houve retorno", conta Thais aos risos. Para ela, quando quer flertar com uma garota, o gaydar é essencial, mas entre o sim e o não, prefere reparar em como a garota olha para outras meninas. Outra técnica da cabeleireira para conversar é pedir um isqueiro.

Já Isabella Rocha, 23 anos, estudante de Direito, prefere não abordar em locais públicos. "Se a pessoa não for gay ou assumida, a intolerância está em cada esquina. Prefiro evitar essa situação chata", esclarece. Mesmo assim, ela diz que essa é uma opção pessoal, que já foi abordada com olhares, e retribuiu. "São certas expressões que simplesmente mostram interesse", afirma Isabella. Quanto à linguagem corporal, a estudante acredita que não só na hora da paquera, mas em diversas situações, certas atitudes dispensam palavras.

Para o psicólogo Ricardo Ubiratan, aprender ou estudar os sinais não-verbais ajuda, mas não garante o sucesso no flerte. "A sedução trata de um comportamento instintivo, sendo assim, simplesmente sentimos e respondemos ao que as nossas percepções, experiências, desejos e necessidades nos direcionam", enfatiza.

No geral, o que as entrevistadas revelaram foi que não existe um flerte dyke específico, e sim, atitudes de paquera da própria mulher que indicam o sinal verde. Claro que o olhar é diferenciado quando se quer algo a mais, mas, além disso, estudos sobre a linguagem corporal são unânimes sobre tipos de sorriso e expressões corporais. Então, é só ficar atenta.

Matéria publicada originalmente na edição #14 da revista A Capa - julho 2008