Pra que vocês possam entender o que tem a ver uma coisa com a outra,
voltemos a Hipócrates, o pai da Medicina, que denominou o mal como
histeria feminina. Acreditava-se que a histeria era causada por conta do
descontrole feminino, e então descobriu-se que uma certa “massagem”
na vulva era capaz de ao menos cessar a crise. Só que não existia
vibrador, então a massagem era manual mesmo. Como a histeria é
considerada uma doença crônica, os ataques eram constantes, portanto
quem aplicava o tratamento tinha uma clientela fiel. Não sei porque
diabos a mulherada da época não se ligou que elas poderiam fazer o
trabalho por si e resolver o problema sem sair de casa, sem pagar, mas
daí creio que entraríamos num assunto muito mais complexo, já que os
tabus sobre a sexualidade feminina sempre foram presentes na história.
Ou elas faziam e ninguém sabe, ou a mão do médico era mais gostosinha.
O tal tratamento era eficaz, só que como um médico gastava em média
uma hora pra ‘acalmar’ cada paciente, a tecnologia entrou na história.
Foi então que, a pedido de franceses – sempre eles, neah?! – um
relojoeiro suíço criou um vibrador a corda. Daí por diante, foi só
alegria. O que um médico demorava uma hora pra fazer, o vibrador
resolvia em 10 minutos. E a essa altura, os tais médicos assumiram que o
tratamento era ’sexual’, mas não podiam deixar as pacientes na mão…
Passou-se então a encomendar os próprios vibradores, que depois foram
produzidos em massa e ao longo do tempo o brinquedinho deixou de ser um
aparato aplicado à Medicina, pra virar o que virou. Sobre essa história
toda, existem livros – o da Dra. Rachel Maines, A Tecnologia do
Orgasmo: Histeria, o Vibrador e a Satisfação Sexual das Mulheres, que
inclusive foi fonte pro documentário Paixão e poder: a tecnologia do
orgasmo; e o livro Godes’ Story (trocadilho com o nome do filme Toy
Story e a palavra “godemichet”, “consolo” em francês), do jornalista
Christian Marmonnier – que falam da histeria feminina, do orgamos, dos
vibradores e a junção disso tudo.
Histeria e vibradores à parte, o estresse por falta de créu tem
fundamento. Mulheres insatisfeitas sexualmente são um capeta de saias.
Não que essa seja a única justificativa – TPM, trabalho, cólicas
menstruais, família – tudo isso nos estressa. E é claro que isso não se
aplica só às mulheres. Homens que não estão com a vida sexual em dia
tendem a ser os piores chefes, os motoristas mais barraqueiros, e os
tiozinhos mais inconvenientes, daqueles que quando veem um rabo de saia,
soltam pérolas dignas do departamento de construção civil. Mas sexo faz
diferença, sim, no nosso humor, nos nossos nervos, músculos, na nossa
forma de tratar as pessoas que convivem com a gente. Concordam?
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